Panorama
 
 
 

MOVIMENTO CONTRA IMPUNIDADE MOBILIZA SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Março de 2007

23/03/2007 - Articulado pela Foirn, Funai e outras instituições locais, movimento pretende sensibilizar autoridades para os problemas de violência, segurança pública e falta de cidadania na maior cidade indígena do Brasil.

A violência urbana e o clima de impunidade fizeram nascer uma grande mobilização em São Gabriel da Cachoeira, município com cerca de 35 mil habitantes, maioria indígena, localizado na região do Alto Rio Negro, no Amazonas. Nesta quinta-feira, 22 de março, lideranças e membros de organizações indígenas, polícias civil, federal e militar, poder judiciário, executivo, igrejas, conselho tutelar, agremiações estudantis de escolas, além de vereadores, militares e lideranças de bairros e de outras instituições, se reuniram na maloca da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) para debater a questão da violência na cidade e dar continuidade ao “Movimento Contra a Impunidade em São Gabriel da Cachoeira”, que envolve também um abaixo-assinado que já conta com mais de duas mil assinaturas. O documento, cujo texto é reproduzido abaixo, segue recebendo adesões na cidade e nas comunidades indígenas do município. Saiba mais sobre São Gabriel da Cachoeira.

A mobilização social foi deflagrada a partir do episódio do homicídio de uma mulher indígena da etnia Baniwa, em janeiro deste ano. A jovem de 20 anos foi estuprada, espancada, morta e jogada em frente à sede da Foirn. O crime representou “a gota d’água” em um processo de sucessivas ocorrências de violência, estupros, brigas, furtos, suicídios, conflitos familiares, problemas com drogas/álcool e outras mazelas sociais que têm traumatizado a população de São Gabriel.

A falta de condições materiais para que as autoridades públicas desempenhem suas responsabilidades contribui para a certeza da impunidade de criminosos, e esse quadro vem causando uma alarmante degradação das condições de vida na cidade. A escalada da violência em São Gabriel não é fato novo; representa o recrudescimento de uma situação inicialmente mapeada a partir da pesquisa Violência, Sexualidade e Relações de Gênero na Cidade de São Gabriel da Cachoeira, realizada em 2004 pelo ISA.

Durante o evento desta semana, as autoridades públicas expuseram relatos das situações mais comuns de violência, tanto nas ruas como dentro dos lares, e apresentaram sugestões práticas para a melhoria da presença do Estado como um todo. As sugestões incluem o aumento de efetivos da Polícia Militar e Civil, instalação de uma delegacia da Polícia Federal, da Defensoria Pública do Estado, de um Procurador da Funai, equipamentos para perícia técnica e medicina legista como meios de investigação, entre outros.

A indignação coletiva ocorre em um momento em que São Gabriel da Cachoeira sedia duas reuniões importantes para toda a região, especialmente para a majoritária população jovem. De hoje ao dia 27 de março se realizam na cidade a Reunião da Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena do Ministério da Educação e a Reunião do Conselho Nacional de Educação, ambas na maloca da Foirn. Professores e lideranças de mais de 50 comunidades indígenas do País estão em São Gabriel, na primeira vez em que tais reuniões são feitas fora de Brasília.

A coleta de assinaturas para o abaixo assinado prossegue até o dia 03 de abril, quando será entregue pessoalmente pelos organizadores do movimento ao Secretário de Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi. E a mobilização dos cidadãos de São Gabriel certamente vai continuar até que sejam atendidas as reivindicações necessárias para restabelecer a paz social no município.

Ao Ministério Público do Estado do Amazonas
Ao Ministério Público Federal
À Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas
À Advocacia Geral da União - AGU
À Procuradoria do Estado do Amazonas
Ao Conselho Nacional de Justiça

O município de São Gabriel da Cachoeira tem cerca de 35 mil habitantes, dos quais 95% são indígenas e, apesar de ser um dos municípios mais populosos do Estado do Amazonas, não dispõe de condições mínimas de acesso à segurança pública. Observamos a ausência do Poder Judiciário, como também do Ministério Público frente aos casos de violência e insegurança em todo o município. Apesar de haver extrema necessidade, até o momento, não foi nomeado um Defensor Público para a cidade. Tudo isso gera situações de injustiças, como: presos sem defesa, mães indígenas sem direito a pensão, constante violência sexual contra mulheres, assassinatos e tantos outros absurdos contra jovens e adolescentes. Dois casos recentes justificam esta situação: o 1o trata-se da jovem baniwa brutalmente assassinada e até o momento o seu agressor continua solto. O 2o caso, trata-se de um cidadão que foi injustamente preso e por falta de advogado o mesmo permanece na prisão sem ser culpado. Também observamos a insipiência dos poderes Executivo e Legislativo na busca de melhores condições para a segurança da população que os mesmos representam. A Funai abriu vaga para que viesse um advogado defender a população indígena, mas até o momento ninguém foi indicado para o cargo. Não podemos mais aceitar essa situação de injustiça e de descontrole.

É por esta razão que nós, os abaixo-assinados, brasileiros, moradores do município de São Gabriel da Cachoeira - Amazonas reivindicamos aos poderes públicos, estadual e federal, a permanência do representante do Ministério Público, do Poder Judiciário e do Defensor Público neste município, para que possam tomar providências e impedir a impunidade nos casos de violência ocorridos em São Gabriel da Cachoeira. Solicitamos ainda todos os recursos necessários - humanos e de infra-estrutura, para garantir o aparelhamento completo da segurança pública que cada cidadão e cidadã gabrielense tem direito.

São Gabriel da Cachoeira, 07 de fevereiro de 2007.
ISA, Fernando Mathias.

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MOAB organiza caminhada pela BR-116 para protestar contra barragem no rio Ribeira

19/03/2007 - Ato público no próximo sábado, 24 de março, deve paralisar a rodovia e reunir ambientalistas, quilombolas, povos indígenas, pequenos agricultores e demais representantes da sociedade civil preocupados com os impactos das barragens sobre o patrimônio ambiental e cultural do Vale do Ribeira.

O Movimento dos Ameaçados por Barragens (MOAB) está organizando um ato público no dia 24 de março, próximo sábado, para protestar contra o projeto de construção da barragem de Tijuco Alto no rio Ribeira de Iguape. O ato consiste em uma caminhada pela BR-116 a partir do município de Cajati até o município de Jacupiranga. O início da caminhada está marcado para às 7 horas da manhã no trevo de Cajati e o encerramento ocorrerá na Praça da Matriz, centro de Jacupiranga.

O MOAB pede a todos os participantes que levem faixas, cartazes e bandeiras para chamar a atenção da sociedade para o estrago que a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), dona do projeto de Tijuco Alto, pretende causar ao Vale do Ribeira, região que concentra o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do Brasil. "Este ato, além de ter o objetivo de manifestar nossa indignação contra o projeto de construção da barragem de Tijuco Alto, é uma ação em defesa do meio ambiente e das comunidades tradicionais da região", afirma José Rodrigues da Silva, um dos organizadores.

A mobilização deve contar também com a participação de entidades ambientalistas e movimentos sociais do Paraná, que na semana passada já protagonizaram um importante protesto na Assembléia Legislativa do estado contra a construção de barragem no rio Tibagi. "A construção da usina visa atender a um mercado internacional, põe em prejuízo nossa qualidade de vida, nossa natureza", diz Laura Jesus de Moura e Costa, do Centro de Defesa e Estudos Ambientais (Cedea), que vê riscos semelhantes no projeto de Tijuco Alto.

O projeto de construção de barragens ao longo do rio Ribeira de Iguape, que corta os estados de São Paulo e Paraná, é uma das maiores ameaças ao riquíssimo patrimônio socioambiental do Vale do Ribeira. Estudo de inventário hidrelétrico aprovado pelo governo federal na primeira metade da década de noventa prevê a construção de quatro barragens com o objetivo de geração de energia. No entanto, essas barragens, se construídas, inundarão permanentemente uma área de aproximadamente 11 mil hectares, incluindo cavernas, Unidades de Conservação, cidades, terras de quilombos e de pequenos agricultores, além de alterar significativamente o regime hídrico do rio, o que traria prejuízos difíceis de mensurar.

As barragens estão projetadas para o Médio e Alto Ribeira, regiões com maior presença da agricultura familiar e comunidades quilombolas. As barragens ameaçam também as comunidades que dependem da pesca e do extrativismo marinho no Complexo Estuarino Lagunar de Cananéia-Iguape-Paranaguá, pois vários estudos já apresentados apontam para possíveis alterações na produtividade pesqueira dessa região com a construção das barragens.

Dentre todas as barragens projetadas, a que está em processo mais avançado de aprovação é a de Tijuco Alto. Planejada para o alto curso do Ribeira de Iguape, entre as cidades de Ribeira (SP) e Adrianópolis (PR), pretende gerar 150 MW de energia, a qual seria utilizada exclusivamente pela CBA, empresa do Grupo Votorantim, que detém um complexo metalúrgico localizado a centenas de quilômetros da região, no município de Alumínio (SP), antigo município de Mairinque. A CBA, grande consumidora de energia elétrica, vem construindo hidrelétricas em diversos pontos do país para ampliar suas atividades e aumentar suas exportações, o que traz benefícios duvidosos ao país, na medida em que impacta a vida de muita gente para poder aumentar seus lucros.

Apesar de ainda não estar aprovada, o projeto de implantação da usina de Tijuco Alto já vem produzindo efeitos negativos na região há bastante tempo. Centenas de pequenos agricultores que viviam no local onde seria implantada a barragem venderam suas terras à CBA ao acreditar que o território seria inundado. Muitas famílias que viviam nestas terras, mas não eram proprietárias, foram expulsas de suas casas sem nenhum tipo de indenização, aumentando o êxodo rural na região e gerando um grande passivo social para a empresa. Participe da Campanha contra a construção de barragens no Ribeira!

Práticas agroecológicas se fortalecem em comunidades do Vale do Ribeira

21/03/2007 - Projeto de repovoamento do palmito Juçara nas vilas quilombolas do Vale do Ribeira promove atividades de repovoamento participativo, construções de viveiros de mudas, discussões sobre o uso múltiplo da Juçara, além de visitas, cursos e mutirões agroflorestais.

Os representantes das quatorze comunidades quilombolas que participam do Projeto de Repovoamento da Juçara, executado pelo ISA, visitaram no fim do ano passado algumas áreas de agrofloresta da comunidade do Guapiruvu, no município de Eldorado, e uma associação de produtores de agrofloresta, no município de Barra do Turvo, ambas no Vale do Ribeira. O objetivo destas visitas foi colocar os quilombolas em contato com comunidades que manejam sistemas agroflorestais para que possam conhecer as potencialidades deste sistema e sua aplicabilidade nos territórios quilombolas.

A comunidade do Guapiruvu fundou em 1997 a Aguá (Associação de economia solidária e desenvolvimento sustentável do Guapiruvu), que conta atualmente com 120 famílias, das quais 60 participam de projetos de agroecologia. A visita das comunidades quilombolas ao Guapiruvu teve como principal foco um dos projetos, chamado Juceará, que teve início em 2002. Assim como o projeto de repovoamento nas comunidades quilombolas, o Juceará tem entre seus objetivos o plantio de juçara nos quintais, a conscientização sobre a questão da extração e a discussão sobre alternativas de manejo de palmito, suas sementes e a polpa.

Barra do Turvo é um município do Vale do Ribeira que possui muitas famílias adeptas da agroecologia desde 1996, quando a prática foi ensinada em um curso organizado pelo sindicato dos trabalhadores rurais da Barra do Turvo e do Programa da Terra (Proter). Hoje muitas famílias praticam a agroecologia como forma de geração de renda por meio de agroflorestas e hortas orgânicas, e hoje comercializam seus produtos tanto em feiras como em mercados do município.

No início de fevereiro foi realizado um curso e um mutirão de plantio de meio hectare de agrofloresta na mata ciliar do rio São Pedro, na comunidade quilombola de São Pedro, onde foram plantadas várias espécies de frutas e legumes, e onde mais tarde também serão plantadas mudas de Juçara. O mutirão contou com mais de vinte pessoas e com a participação de um agricultor de Barra do Turvo.

Iniciativas como estas têm estimulado as comunidades de pequenos agricultores e quilombolas do Vale do Ribeira a praticar diferentes alternativas de agricultura que auxiliem a geração de renda com promoção de qualidade de vida e conservação da Mata Atlântica da região.
ISA, Renata Moreira Barroso.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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