30/03/2007
- Fundamental para o desenvolvimento de uma
cultura mais comprometida com a defesa do
planeta, a educação ambiental
vai ganhar um forte aliado. No dia 4 de abril
será lançado em Brasília
o Sistema Brasileiro de Informações
sobre Educação Ambiental (Sibea),
portal eletrônico que abrigará
dados sobre especialistas, instituições
e redes sociais relacionados ao tema.
O Sibea foi concebido pela
diretoria de Educação Ambiental
do Ministério do Meio Ambiente em parceria
com o Instituto Stela (IS), organização
sem fins lucrativos especializada em gestão
do conhecimento e constituída por pesquisadores
em inovação tecnológica.
O sistema atende a uma determinação
da Política Nacional de Educação
Ambiental (Pnea), regulamentada em 2002.
O desenvolvimento do projeto
deu-se a partir do suporte da plataforma Lattes,
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPQ). "Isso nos
permitiu começar o Sibea com um volume
maior de informações",
diz José Vicente de Freitas, diretor-substituto
de Educação Ambiental do MMA.
Em 2002, o Sibea detinha
5,4 mil registros de informações.
"Hoje já estamos com 200 mil registros",
diz José Vicente de Freitas, diretor-substituto
de Educação Ambiental do MMA.
"O objetivo é fazer com que qualquer
pessoa tenha acesso às informações
do sistema", completa. Dois dos princípios
que orientam o Sibea são democratização
e a descentralização de dados.
O Sibea iniciará
suas operações com três
blocos diferentes de informações.
Chamados de diretórios de competência,
eles abrigarão, respectivamente, as
categorias "pessoas" (dados sobre
especialistas em educação ambiental);
"instituições" (sobre
entidades, institutos, etc.); e redes sociais
(informações sobre grupos que
atuam no setor).
+ Mais
Povos da floresta terão
acesso à internet
29/03/2007 - Rubens Junior
- Os povos da floresta amazônica, indígenas,
quilombolas e outros começarão
a receber sinais de satélite, acesso
à internet, educação
ambiental e um cardápio de outros serviços
públicos on-line. A inclusão
digital desses povos, inclusive dos habitantes
de regiões remotas, será possível
depois da assinatura, nesta quinta-feira (29),
de acordo de cooperação entre
a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
o ministro das Comunicações,
Hélio Costa, e o representante da Associação
de Cultura e Meio Ambiente e da Rede Povos
da Floresta, João Fortes. No evento,
realizado no Ministério das Comunicações,
estavam presentes também lideranças
do povo Ashaninka, indígenas que habitam
a região de fronteira do Acre com o
Peru.
Os serviços digitais
chegarão, numa primeira etapa, a 150
povos que vivem em Unidades de Conservação
e entornos de treze estados, onde muitas vezes
só é possível chegar
de barco, por rio. Além das vantagens
citadas, o sistema será um incentivo
àquelas populações a
somarem-se ao poder público na gestão
ambiental do País.
O pacto será firmado
no âmbito do GSAC, sistema Governo Eletrônico
Federal de Atendimento ao Cidadão.
O benefício chegará em etapas,
a grupos de 20 comunidades cada. Porém,
antes de ele ser concedido, é preciso
que prefeituras, governos estaduais e outros
parceiros contribuam com recursos financeiros
para instalar os telecentros nas regiões
indígenas e tradicionais, equipando-os
com computadores, antenas e acessórios.
Feito isso, o governo fornecerá conexão
pelo satélite, possibilitando o acesso
à internet e, por meio dela, a cursos
de educação ambiental a distância
e a um leque de serviços públicos.
Com a internet, procedimentos antes impensáveis
para os habitantes da floresta, como assistir
a uma aula com imagem e som pelo computador,
fazer cadastramento da família no Sistema
Único de Saúde (SUS) ou na Previdência
Social, poderão agora ser facilmente
realizados.
Segundo a ministra Marina
Silva, a internet e os benefícios derivados
ajudarão a integrar culturalmente diferentes
povos, além de favorecer a cooperação
em ações de planejamento, monitoramento
e vigilância dos crimes ambientais.
"Além dos ganhos naturais, a internet
e o computador poderão ser instrumentos
de integração dos povos da floresta
com o Ibama e a Polícia Federal, o
que permitirá respostas ainda mais
ágeis às demandas requeridas
por eles do poder público", disse
a ministra. "Não tenho dúvidas
de que o projeto vai dar certo, pois contamos,
desde o início, com organização
e capilaridade das comunidades tradicionais.
Elas estão preparadas para esse momento".
O sistema, segundo ela,
será um meio para que as comunidades
possam refletir a sua imagem num espelho de
outras comunidades. Será, falou, uma
plataforma para o fluxo de conhecimento, estética,
ética, um movimento novo de interação
das diferentes culturas, povos. "Nós
somos 280 povos só na Amazônia,
indígenas falando 180 línguas.
Ao conhecer apenas um idioma e ignorar os
outros, o Brasil fica empobrecido", afirmou
a ministra. "Não há problemas
das meninas índias de Itararacá,
no Acre, verem nos veículos de comunicação
as meninas de Ipanema, na praia. O problema
começa quando as garotas de Ipanema
não têm a mesma chance de assistir
às garotas índias nas praias
de Itararacá".
Segundo o ministro das Comunicações,
Hélio Costa, o fornecimento do sinal
de satélite foi possível porque,
ao chegar ao ministério, reestruturou
a forma de utilização do serviço.
Por ser recepção de internet
banda larga via satélite, o serviço
foi criado para beneficiar locais sem nenhuma
outra forma de comunicação por
internet. "Não era o que acontecia,
mas mudamos isso, redistribuindo os pontos
de recepção para atender rigorosamente
comunidades remotas, justamente as que necessitam
dos serviços do satélite, como
os povos da floresta", disse o ministro.
Segundo Hélio Costa, o sistema poderá
atender toda a região de fronteira
do País, mesmo em lugares distantes,
citando, como exemplos de pontos remotos,
a Ilha Trindade, o arquipélago de Fernando
de Noronha e a base da Antártida, na
estação Comandante Ferraz.
Telecentros - Para operarem
os telecentros, as comunidades devem ser representadas
por entidade com inscrição ativa
no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
(CNPJ). Hoje, um terço das 150 comunidades
beneficiadas já possuem o telecentro
instalado. As demais aguardam análise
da documentação requerida das
agremiações para que representem
as comunidades contempladas.
Algumas, com documentos
já aprovados, apenas esperam pela instalação
dos telecentros para começarem a desenvolver
as atividades previstas. Uma vez instalado,
o acesso digital não é permanente.
Para continuar a usufruir do benefício,
as populações devem comprovar
que o utilizam. Do contrário, poderão
perdê-lo, o que já aconteceu
em outros projetos semelhantes do governo
federal. Para fiscalizar a utilização,
funcionários públicos nos estados
monitorarão in loco a acessibilidade
e outros indicadores de participação.
As 150 populações
contempladas foram escolhidas por vários
órgãos da administração
federal e da sociedade civil. Participaram
da seleção o Ministério
do Meio Ambiente, o Ibama, a Fundação
Nacional do Índio (Funai), prefeituras,
governos estaduais, associações
indígenas, além da Associação
de Cultura e Meio Ambiente.
Nesta fase, foram eleitas
comunidades dos estados do Acre, Bahia, Sergipe,
Mato Grosso, Pará, Rondônia,
Amapá, Minas Gerais, Maranhão,
Amazonas, Paraíba, Rio de Janeiro e
Santa Catarina.
Imagem: MMA