Recife
(28/03/07) - A primeira fêmea de peixe-boi
reintroduzida no Brasil foi capturada acidentalmente
por pescadores na madrugada de hoje, praia
de Casa Caiada, em Olinda, Região Metropolitana
do Recife. Lua foi confundida com um grande
peixe e a história de pescador logo
se espalhou pela comunidade que se reuniu
na praia para ver o feito.
Essa reunião de pessoas
chamou a atenção dos soldados
da Polícia Militar, Roberto Henriques
Mafra e Thiago Souza, do Batalhão Duarte
Coelho. De acordo com Mafra, cerca de oito
pescadores, embarcados em uma pequena jangada,
arrastavam uma rede supostamente com um grande
peixe. “Quando percebemos que se tratava de
um peixe-boi portando um rádio transmissor,
explicamos que aquele animal era de uma espécie
ameaçada de extinção
e a importância de sua sobrevivência”,
afirmou o soldado.
Para o chefe do Centro Mamíferos
Aquáticos (CMA)\Ibama, Júlio
Gonchorosky, a efetiva participação
da sociedade na conservação
de espécies ameaçadas como o
peixe-boi é essencial para assegurar
o sucesso de projetos de conservação.
“Constatamos que o apoio das instituições
militares, como a Polícia Militar e
os Bombeiros, tem sido não apenas competente,
mas essencial para as ações
conservacionistas do CMA, principalmente nas
praias urbanas”, elogia Gonchorosky.
Ainda de madrugada, os soldados
e pescadores rasgaram a rede na qual Lua estava
presa e soltaram o animal novamente no mar.
Durante todo o dia monitores do Projeto Peixe-Boi
estiveram acompanhando Lua, que continua na
região. “Lua não é somente
uma entre as poucas centenas de indivíduos
da espécie Trichechus manatus que restam
no litoral brasileiro. Ela é símbolo
do Projeto Peixe-Boi, por haver sido, juntamente
com Astro, o primeiro animal reintroduzido
em ambiente natural e a primeira fêmea
reintroduzida a se reproduzir, um dos principais
resultados do Projeto. Perdê-la significaria
enorme prejuízo para a conservação
da espécie.”, explica Luisa Lopes,
responsável pelo Centro de Triagem
de Animais Silvestres do CMA\Ibama.
No começo deste mês,
Lua foi vista interagindo com um peixe-boi
nativo, também em Olinda. Tratava-se
de um macho adulto e, com o apoio do Grupamento
Marítimo de Bombeiros, o Projeto Peixe-Boi
conseguiu capturar e marcá-lo com um
rádio transmissor, bem como coletar
sangue para exames genéticos futuros.
“Caso Lua tenha ficado prenhe vai ser possível
saber se ele é o pai“ explicou a veterinária
Fernanda Niemeyer, do Projeto Peixe-Boi.
O Projeto Peixe-Boi é
executado pelo Centro Mamíferos Aquáticos,
do Ibama, em parceria com a Fundação
Mamíferos Aquáticos e patrocínio
oficial da Petrobras. O peixe-boi marinho
(Trichechus manatus) é uma espécie
criticamente ameaçada de extinção.
Na natureza, segundo estimativas dos pesquisadores
do Projeto Peixe-Boi, existem cerca de 500
animais numa faixa de cinco mil quilômetros
entre Amapá e Alagoas. Na lista oficial
do Ibama esse animal é classificado
como criticamente ameaçado de extinção.
Luís Boaventura
Projeto Peixe-Boi
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Resex marinha paraense ganha
conselho
Belém/PA (30/03/07)
– Hoje, às 9 horas, na sede da Paróquia
de São João Batista será
instalado o Conselho Deliberativo (Condel)
da Resex Marinha de São João
da Ponta, região nordeste do Pará
a 160 km da capital Belém. O evento
conta com a presença do Superintendente
do Ibama, Paulo Batalzar Diniz, de técnicos
e pesquisadores do Centro Nacional de Populações
Tradicionais (CNPT) do Ibama e de representantes
de organizações governamentais
e não governamentais.
A composição
do Condel sintetiza as ações
do Ibama e do MMA com o objetivo de efetivar
a gestão compartilhada dos recursos
naturais junto a pescadores, ribeirinhos e
agricultores priorizando o ordenamento das
nove Resexs – Reservas Extrativistas Marinhas
- criadas no estado do Pará.
Depois de seis anos de debates
com a base extrativista - pescadores agricultores
e organizações comunitárias
na região do salgado paraense -, foi
criada em 2002 a Resex de São João
da Ponta - a oitava maior Resex Marinha no
Pará - com 3.203,24 hectares, abrigando
20 comunidades e mais de mil famílias
pescadores, marisqueiras, catadores de caranguejo
e camarões na área do entorno
da Unidade de Conservação.
As famílias cadastradas
no entorno da reserva estão habilitadas
a receber créditos do PNRA para habitação,
fomento à produção e
dos recursos do PRONAF do tipo "A".
O PNRA prevê o repasse na ordem de R$
2.400,00 para crédito de apoio, de
R$ 5.000,00 para habitação e
R$ 2.400,00 para o fomento à produção
pesqueira. O PRONAF prevê R$ 18.000,00
por família para custeio de apetrechos
de pesca, equipamentos agrícolas, compra
e reparos de embarcações de
pesca nas áreas de manguezais da reserva.
O Condel - Conselho Deliberativo
é o espaço onde são tomadas
decisões sobre assuntos relativos à
reserva. Mesmo composto por entidades públicas
a maioria dos votos é da base comunitária.
Desse modo, os trabalhadores rurais são
os guardiões da reserva, e por conta
disso, deverão fazer reuniões
para compartilhar decisões com os órgãos
públicos.
Edson Gillet