6
de Abril de 2007 - Carolina Pimentel - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- O aumento da temperatura do planeta associado
à redução da disponibilidade
de água poderá transformar a
Amazônia em savanas (vegetação
composta por gramíneas, árvores
esparsas e arbustos, semelhante ao cerrado)
até a metade do século. É
o que prevê a segunda parte do relatório
Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas ( IPCC, sigla em inglês)
das Nações Unidas (ONU), divulgado
hoje (6) em Bruxelas, capital da Bélgica.
Uma pesquisa da organização
ambientalista WWF, divulgada ontem (5), revelou
que de 30% a 60% da floresta amazônica
podem se tornar cerrado. Os estudos do painel
sobre a América Latina mostram ainda
que a mudança climática do planeta
tende à desertificação
e salinização de áreas
próprias para a agricultura.
“A produtividade de importantes
colheitas cairá, provocando conseqüências
adversas para a segurança alimentar”,
diz o resumo do relatório.
Já o semi-árido
poderá passar para zona árida,
ou seja, mais seco e quente, levando à
extinção de várias espécies
da flora e fauna da América Latina.
Produzido por 2.500 pesquisadores
e cientistas de 130 países, o relatório
das Nações Unidas será
apresentado em quatro volumes. A primeira
parte foi apresentada em Paris, na França,
em fevereiro deste ano, quando os estudiosos
revelaram que a Terra ficará até
4 graus mais quente.
+ Mais
Mudanças climáticas
ameaçam 10 ecossistemas no mundo, aponta
relatório
5 de Abril de 2007 - Isabela
Vieira - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - Amazônia,
os recifes de corais e as florestas temperadas
do Chile são alguns dos 10 "maravilhas
naturais" que têm sua existência
ameaçada até 2050 por mudanças
climáticas, segundo relatório
divulgado hoje (5) pela organização
ambientalista WWF. A pesquisa “Salvando as
Maravilhas Naturais do Mundo de Mudanças
Climáticas” foi divulgada a um dia
do parecer do Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas (IPCC) da
Nações Unidas (ONU).
No Brasil, a pesquisa da
WWF indica que o aumento de temperatura na
região Amazônica aliado à
redução do regime de chuvas
pode comprometer a umidade na região
e transformar em cerrado de 30 a 60% da floresta.
A previsão é que até
2050 a temperatura na Amazônia aumente
entre 2 e 3º C. Essas mudanças
podem afetar a biodiversidade, a disponibilidade
de recursos naturais como a água e
também a saúde humana, segundo
o diretor de conservação da
WWF, Carlos Alberto de Matos Scaramuza.
As mudanças climáticas
também podem diminuir a produção
agrícola, segundo o estudo. “O café,
por exemplo, produzido no Brasil principalmente
em São Paulo e Minas Gerais pode ter
a área de cultivo reduzida com o aumento
de temperatura como está previsto”,
ressalta Scaramuza. "Mudanças
no padrões de chuva e temperatura certamente
inviabilizam certo tipos de culturas em determinadas
regiões".
Para evitar esse acontecimentos,
o diretor da WWF disse que os governos devem
se preocupar em reduzir a emissão de
gases poluentes, formados principalmente a
partir da queima do petróleo, o desmatamento
e as queimadas. Os incêndios florestais
são um grande problema nas florestas
da Valdívia no Chile e na Argentina;
e o desmatamento no Brasil. Pesquisa da Organização
das Nações Unidas para Agricultura
e Alimentação (FAO) aponta que
o Brasil é responsável por cerca
de 74% de toda área desmatada na América
do Sul.
A população
tem um papel para evitar os efeitos negativos
das transformações climáticas.
Scaramuza recomenda que as pessoas utilizem
em casa lâmpadas fluorescentes em vez
das incandescentes e busquem substituir os
carros por meios de transportes coletivos
como ônibus, e alternativos como bicicletas.
O aquecimento global, de
acordo com o estudo, já afeta as geleiras
do Himalaia, que estão derretendo a
uma taxa média de 10 metros por ano.
“O derretimento causa problemas para as comunidade
que dependem da água do derretida nas
estações de seca. Essas alteração
implicam impacto sobre a biodiversidade, até
porque afetam o nível de água
doce nos rios ”, explicou Scaramuza.
Na Índia, o mangue
Sundarban, habitado por uma variedade de animais,
como o tigre de Bengala, corre o risco de
desaparecer se o nível do mar começar
a subir e as tempestades, na maioria das vezes
violentas, se tornem mais fortes. A previsão
da relatório da WWF é que até
2020 15% de 12 ilhas identificadas como vulneráveis
na região do delta desapareçam,
afetando mais de um milhão de pessoas.
As dez "maravilhas"
que sofrem risco, segundo o WWF, são:
floresta amazônica; geleiras do Himalaia;
mangue Sundarban, na Índia; deserto
Chihuahua, no México; as tartarugas
gigantes no Caribe; rio Yangtze, na China;
mar Bering, no Alaska; florestas do sudeste
africano; ecossistema marinho do sudeste africano;
e recifes de corais no Oceano Pacífico
e Caribe.
Desafio brasileiro será
conter desmatamento, destacam governo e WWF
6 de Abril de 2007 - Gilberto
Costa e Alex Rodrigues - Repórter da
Agência Brasil - Brasília - Para
o secretário executivo do Ministério
do Meio Ambiente, Cláudio Langone,
o relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental
de Mudanças Climáticas (IPCC)
confirma a necessidade das políticas
de adaptação e reforça
a tese de que as conseqüências
do aquecimento global serão trágicas
se não forem tomadas providências.
Na avaliação
de Langone, a avaliação preliminar
que o IPCC traça em relação
à Amazônia é “sombria”.
“O relatório indica um cenário
difícil para boa parte da floresta
amazônica, com risco de que ela se torne
uma savana. Mantida essa tendência,
a Amazônia será um dos pontos
do planeta que mais vai sofrer com o aquecimento.”
Para o secretário
executivo, o grande desafio brasileiro é
conter o desmatamento. “O Brasil é
o quarto emissor de gases que provocam o efeito
estufa e que causam o aquecimento terrestre.
O maior responsável nessa questão
é o desmatamento. Os amazonenses, em
particular, têm como grande tarefa contribuir
para que sejam desenvolvidos modelos de desenvolvimento
econômico regionais que permitam que
a floresta continue de pé”.
O secretário também
destaca a necessidade de o país desenvolver
um plano nacional de combate aos efeitos das
mudanças climáticas que contribua
com o que já vem sendo feito. “Esse
é um debate que deve ser aprofundado
na medida em que cada país puder aprofundar
seus próprios estudos sobre as conseqüências
do aquecimento global. Com o Plano Nacional
de Combate aos Efeitos do Aquecimento Global,
o Brasil certamente fará isso.”
Segundo o supervisor de
Conservação da WWF/Brasil, Carlos
Alberto de Mattos Scaramuzza, a ameaça
de a Amazônia tornar-se uma savana já
havia sido apontada por instituições
brasileiras. “Existem estudos realizados pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) que indicam que 30% a 60% da floresta
Amazônica podem se transformar em um
Cerrado ou caso o aumento da temperatura do
planeta continue seguindo os padrões
atuais.”
Scaramuzza diz que é
importante entender a real dimensão
das conseqüências do aumento da
temperatura e da redução das
chuvas na Amazônia. “Em certo grau,
o aumento da disponibilidade de gás
carbônico e de umidade poderia favorecer
as florestas, mas nas dimensões do
aumento de que estamos falando, essas conseqüências
inicialmente favoráveis seriam superadas
pelos aspectos negativos como a perda florestal
em função do aumento da temperatura
e da maior vulnerabilidade a incêndios
durante a época das secas”.