Recife
(05/04/07) - Mais um filhote de peixe-boi
da espécie Trichechus manatus encalhou
no litoral do Ceará. O animal foi resgatado
da praia de Retiro Grande, município
de Icapuí, no último sábado
(31) pela ONG Aquasis, entidade membro da
Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos
do Nordeste (Remane) que atua nos encalhes
desses animais no Ceará. O peixe-boi
é uma fêmea, com 1,17 m e 26
kg. De acordo com a veterinária da
ONG, Bianca De Luca Altieri, o animal foi
encontrado bastante debilitado, desidratado,
com algumas feridas e problemas de flutuabilidade.
"Estamos realizando todos os procedimentos
clínicos e de manejo, necessários.
O animal está se alimentando com disposição,
as feridas estão em processo de cicatrização
e ela já está mantendo a posição
de ventre na piscina", explica Altieri.
Até o dia 02 de maio
o animal deverá ser transferido para
a sede nacional do Projeto Peixe-Boi, na Ilha
de Itamaracá, litoral norte de Pernambuco.
O transporte padrão para esse tipo
de ocorrência tem sido realizado com
uma aeronave cedida pelo Governo do Estado
do Ceará. "Ainda não fizemos
contato com o Governo, mas assim que o animal
estiver estabilizado, daremos inicio ao processo",
conclui a veterinária.
Vigésimo quinto -
Com este sobe para 25 o número de peixes-bois
encalhados vivos na costa cearense, resgatados
pela Aquasis e levados para o Projeto Peixe-Boi.
Nove desses animais já foram reintroduzidos
em seu habitat natural. Um dos motivos do
elevado número de encalhes no Ceará
é que, segundo dados da Aquasis, 70%
dos mangues do litoral cearense apresentam
algum nível de degradação.
Os encalhes desses filhotes
ocorrem principalmente devido à degradação
dos mangues e estuários, berçários
naturais do peixe-boi. A instalação
de projetos de carcinicultura, o processo
de assoreamento e a concentração
de embarcações motorizadas têm
impedido o acesso dos animais a áreas
importantes para reprodução,
alimentação e suprimento de
fontes de água doce, afetando o comportamento
deles.
"A degradação
do meio ambiente força as mães
a dar cria no mar, levando o filhote a se
perder da mãe, por não estar
acostumado às variações
de maré e com a correnteza. Desta forma
o animal termina encalhando na praia",
explica a veterinária do Projeto Peixe-Boi,
Fernanda Niemeyer. O Projeto Peixe-Boi é
executado pelo Centro Mamíferos Aquáticos
do Ibama (CMA), em parceria com a Fundação
Mamíferos Aquáticos e patrocínio
oficial da Petrobras.
Superlotação
- O problema de superlotação
que o Centro de Triagem de Animais Silvestres
(Cetas) do Projeto Peixe-Boi vinha atravessando
desde agosto de 2005, foi solucionado com
a transferência de dois animais para
o cativeiro em ambiente natural da Paraíba,
em janeiro deste ano. "Desta forma, foi
possível liberar piscinas para o recebimento
de filhotes que venham a encalhar e para o
remanejamento dos 17 animais que se encontram
em reabilitação atualmente",
explica a responsável pelo Cetas do
Projeto Peixe-Boi, Luisa Lopes. Ao todo o
Cetas conta com 14 oceanários. Destes,
três são piscina rasas que estão
vazias disponíveis para chegada de
novos filhotes.
Luís Boaventura
Projeto Peixe-Boi