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de Abril de 2007 - Gilberto Costa - Repórter
da Rádio Nacional da Amazônia
- Brasília - Estudo do Instituto do
Homem e Meio Ambiente da Amazônia, o
Imazon, avalia que os nove estados que formam
a Amazônia Legal (AC, AM, AP, MA, MT,
PA, RO, RR e TO) estão mais longe que
o resto do país para atingir objetivos
e metas internacionais de redução
das desigualdades sociais.
De acordo com análise
do Imazon, divulgada na semana passada, o
número absoluto de pobres que residem
na Amazônia Legal aumentou de 7 milhões
e 400 mil para mais de 10 milhões de
pessoas, entre 11000 e 2005. Entre esses,
o número de pessoas consideradas miseráveis,
que vivem com menos de US$ 1 dólar
por dia, é de 3 milhões e 800
mil pessoas.
No total, 17% da população
é considerada pobre. A meta até
2015 é de que a pobreza só afete
a 10% da população. "A
região não vai alcançar
as metas previstas", resume Danielle
Celentano, engenheira florestal e uma das
responsáveis pelo estudo.
Os Objetivos do Milênio
foram acordados em 2000 na Organização
das Nações Unidas para que todos
os países do mundo alcançassem
um padrão de desenvolvimento que reduzisse
a pobreza, a mortalidade infantil e materna,
e as diferenças de oportunidades para
homens e mulheres. Também foram estabelecidas
metas para a melhoria das condições
de saúde e de acesso ao ensino. O Brasil
é um dos países signatários
do total de oito macro-objetivos e 18 metas
detalhadas na ONU.
O Imazon considera que a
região não está conseguindo
promover igualdade entre os gêneros.
O diagnóstico ainda é insatisfatório,
no entanto, no quesito de participação
política (apenas 9% dos prefeitos eleitos
em 2004 são mulheres). Também
é desigual a renda entre os gêneros:
em 2004, a renda das mulheres economicamente
ativas era 32% inferior a dos homens.
A situação
das mulheres também é avaliada
nos indicadores de mortalidade materna, a
ONU estabeleceu que entre 11000 e 2015 as
taxas de mortalidade no Brasil devem ser de
13 casos de óbito em 100 mil nascidos
vivos. Mas segundo o dado avaliado pelo Imazon,
"não houve melhora nesse indicador,
e se a tendência atual for mantida,
essa meta não será atingida
em 2015 para a Amazônia". Na região,
a mortalidade foi de 58 mortes em 100 mil
nascidos vivos (2004).
Os Objetivos do Milênio
também envolvem a diminuição
de doenças infecciosas, como Aids,
Malária e Tuberculose. Enquanto a Aids
cresceu em todo o País de 6,2 para
17 casos para cada 100 mil habitantes, na
Amazônia o salto foi de 1,2 para 12,4
casos para cada 100 mil habitantes (entre
11000 e 2004).
Em números absolutos
a incidência de tuberculose manteve-se
constante nos últimos 20 anos (entre
10 e 12 mil casos), mas a taxa da doença
diminuiu de 73 para 48 casos em cada 100 mil
habitantes. Já a malária teve
um aumento recente. Os casos da doença
cresceram 32% entre 2002 e 2004. Segundo Danielle
Celentano, há relação
entre a ocorrência de algumas doenças
e o desmatamento. "O desmatamento favorece
a malária porque ele cria um ambiente
propício para a reprodução
do mosquito", explica a engenheira florestal.
O Imazon ressalta que ainda são elevados
os índices de incidência de dengue
e leishmaniose tegumentar.
O instituto lembra que 17%
da floresta original da Amazônia já
foram removidos, sem gerar melhoria das condições
sociais. "Essa conversão dos recursos
naturais não está gerando aumentos
na qualidade de vida", lamenta Danielle
Celentano ressaltando que o desmatamento contribui
para a emissão de gases de efeito estufa.
A análise ressalta
o aumento da extensão das áreas
protegidas, que atingia 8,5% da região
em 11000 e passou para 42,1% em 2006 (2,1
milhões de quilômetros quadrados).
Além do desmatamento,
a população da Amazônia
Legal também sofre com a falta de acesso
aos serviços de saneamento básico.
A região tem apenas 68% dos domicílios
com água tratada e 48% das residências
com instalações adequadas de
esgoto. A meta estabelecida até 2015
é que 85% das moradias tenham acesso
a água tratada e 75% tenham esgoto.
O secretário nacional
de saneamento ambiental do Ministério
das Cidades, Sérgio Antônio Gonçalves,
assegura que a situação será
revertida com aumento de investimentos que
estão sendo feitos na região.
Ele afirma que o poder público local
tem "incapacidade" em obter financiamentos,
que faltou recurso para a área entre
1998 e 2002 e que a dispersão da região
amazônica dificulta a instalação
do saneamento básico.
Até agora, a única meta atingida
na região é a igualdade no acesso
de meninos e meninas à escola. Além
desse bom indicador, o Imazon projeta que
até 2015 o ensino básico estará
universalizado e a mortalidade infantil corresponderá
aos índices acordados na ONU.
+ Mais
Campanha da Fraternidade
arrecada recursos para projetos sociais da
Amazônia
1 de Abril de 2007 - Juliana
Andrade - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - Projetos sociais
da região amazônica serão
atendidos com recursos arrecadados durante
a Coleta da Solidariedade, que se realiza
hoje (1º) nas paróquias de todo
o país. A iniciativa faz parte da Campanha
da Fraternidade, organizada pela Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Este ano, o tema da campanha
é Fraternidade e Amazônia, com
o objetivo de sensibilizar as pessoas para
a preservação e o uso sustentável
das florestas, além de incentivar o
respeito pelas populações que
moram na região.
Os projetos que receberão
os recursos são voltados para populações
locais como ribeirinhos, povos indígenas,
migrantes, quilombolas, camponeses e pescadores,
de acordo com nota da Cáritas Brasileira,
instituição ligada à
CNBB.
Do total arrecadado, 40%
serão destinados ao Fundo Nacional
de Solidariedade (FNS), mantido pela CNBB.
O restante fica nas dioceses, formando o Fundo
Diocesano de Solidariedade (FDS), para o atendimento
a projetos locais.
No ano passado, a coleta
arrecadou cerca de R$ 8,3 milhões,
dos quais R$ 3,3 milhões foram destinados
ao FNS, para financiar projetos voltados a
pessoas com deficiência.