São
Luis (03/04/07) – A Superintendência
do Ibama no Maranhão, por meio da Divisão
de Controle e Fiscalização,
divulgou os números das operações
realizadas durante o último período
de defeso do caranguejo-uçá,
entre os dias 20 e 26 de março. Foram
lavrados cinco termos de apreensão
e depósito, totalizando 3.732 caranguejos,
soltos no mangue que fica sob os cuidados
do Projeto Marrom. Além disso, houve
um termo de advertência e um auto de
infração no valor de R$ 770,00.
A fiscalização foi encerrada
com uma ação nos dias 24 e 25,
em pontos de venda localizados no Anjo da
Guarda, Bequimão, Olho d’Água,
Caolho e na Avenida Litorânea.
Apreensão em Peritoró
- Durante a vigência do período
de defeso, destacou-se uma apreensão
da Polícia Rodoviária Federal
nas proximidades de Peritoró, no último
dia 21, de um caminhão com aproximadamente
20 mil caranguejos, vindo do município
de São João Batista.
Segundo as informações
do dono do caminhão, tratava-se de
um veiculo de Aracaju que há quinze
anos vem para o Maranhão catar caranguejos
para serem vendidos em Salvador. Ele disse
ter recebido os caranguejos na segunda-feira
(19), sendo que eles provavelmente foram capturados
entre sexta-feira e domingo. Passaram assim
seis dias acondicionados em cofos pequenos.
O Ibama/MA tenta caracterizar o ato também
como maus tratos, o que aumentaria a gravidade
da infração.
Segundo recomenda a legislação,
como havia animais vivos, o primeiro procedimento
é que sejam devolvidos ao ambiente
natural. Assim que souberam do caso, os analistas
do Ibama fizeram contato com a professora
da Universidade Federal do Maranhão,
Flávia Mochel, para indicar a melhor
área de soltura. Após alguns
cálculos foi escolhida a área
de manguezal no Araçagi.
Na madrugada do dia 22 os
analistas do Ibama/MA se dirigiram ao local
e a soltura ocorreu no Projeto Marrom e na
Vila Araçagi, se estendendo até
às 8 horas. A mortalidade na soltura
dos animais foi baixa, de 5 a 7%, o que mostra
a resistência da espécie. Entretanto,
não se sabe o índice de mortalidade
pós-soltura.
Centro de Manguezais - Foi
a primeira grande apreensão e soltura
de caranguejo que o Ibama fez no estado. E
foi a primeira experiência envolvendo
Ibama, UFMA e uma organização
não-governamental, no caso o Instituto
Raiz da Lama. “È interessante observar
essa como uma possível ação
do Centro de Manguezais, em processo de criação
no Ibama. A Superintendência vem batalhando
há alguns anos para criar o Centro,
que terá o objetivo de coordenar as
ações relacionadas a esse ecossistema”,
ressalta a analista ambiental Carolina Alvite.
A recente soltura dos caranguejos
mobilizou diversos setores do Ibama/MA, como
Fiscalização, Pesca, Fauna,
Centro Nacional de Populações
Tradicionais (CNPT). Uma das propostas do
futuro Centro de Manguezais é torná-lo
multidisciplinar, abrangendo diversas áreas
do conhecimento. A idéia, elaborada
conjuntamente entre Ibama/MA e UFMA, é
que o Centro tenha abrangência nacional.
A sede seria no Maranhão, que abriga
a maior área de manguezal contínua
do Brasil.
A Superintendência
do Ibama no Maranhão já realiza
várias ações envolvendo
seus setores. Inicialmente o Centro estaria
vinculado administrativamente à Superintendência
e tecnicamente a outras diretorias, como Fauna
e Socioambiental. Existe a possibilidade de
serem empregados recursos de um fundo internacional
que tem a participação de diversas
instituições.
“Porém, independente
do Centro de Manguezais ainda não ter
sido criado, as ações para que
ele se concretize já vem sendo desenvolvidas.
A intenção é buscar a
excelência dessas ações,
como ter uma equipe preparada e uma estrutura
para fazer análises e estudos dos animais.
Subsídios de experiência técnica
que vão dar base ao Centro”, observa
Alvite.
Fábio Souza
Colaborador
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Servidores do Maranhão
recebem capacitação sobre animais
silvestres
Palestra discute realidade do manejo no Maranhão
e anuncia projeto inédito de soltura
monitorada
São Luis (03/04/07)
– O Auditório da Superintendência
do Ibama no Maranhão recebeu na tarde
da última quarta-feira (28), uma palestra
do analista ambiental Roberto Veloso, coordenador
do Centro de Triagem e Reabilitação
de Animais Silvestres (Cetas). O evento, direcionado
aos servidores do órgão ambiental,
teve como principal objetivo prestar um esclarecimento
sobre as ações daquele setor
e do Núcleo de Fauna (Nufau) como um
todo. “Observamos muitas vezes um conflito
de informações quando somos
procurados pelo público. Isso porque
dentro do próprio Ibama algumas pessoas
desconhecem todas as atribuições
do Cetas ou mesmo os instrumentos legais que
o orientam”, afirma Veloso.
Além de informações
relativas às atribuições
do Cetas, foram exibidas fotos e um vídeo
sobre a sua estrutura, incluindo as instalações
destinadas aos animais e o cotidiano dos funcionários,
como atendimentos, cirurgias, técnicas
de treinamento e reabilitação
etc. A ocasião foi propícia,
sobretudo, para que os servidores dos demais
núcleos do Ibama tirassem dúvidas
quando ao manejo desses animais.
Atividades do Cetas - Ao
contrário do resto do país,
em que se apresentam como divisões
separadas, no Maranhão o Nufau e o
Cetas têm a conformação
de uma única divisão. Atualmente
o setor conta com seis funcionários,
um número ainda insuficiente para as
suas demandas.
O Cetas foi criado em novembro
de 2002, sendo responsável pela recepção
de animais silvestres oriundos de resgate
em áreas urbanas, de apreensões
e de entregas espontâneas. Realiza também
resgates especiais de espécimes silvestres
no interior do estado, desenvolvendo ações
nas áreas de educação
ambiental, pesquisas, ações
conjuntas de fiscalização, monitoramento
de criadouros, treinamento, reabilitação,
destinação, expedição
de licenças, entre outras.
Durante a palestra, os servidores
puderam visualizar um mapa preliminar com
a representação das atividades
de caça e captura ilegal de animais
silvestres no estado, a exemplo da grande
retirada de papagaios nos município
de Caxias e Codó, ou de guarás
na região norte do Maranhão.
Entre as necessidades apontadas está
a identificação de áreas
prioritárias para biodiversidade e
a municipalização das ações,
aliando fiscalização e educação.
Outro caso concreto, lembrado
pelo analista ambiental, é a expansão
urbana verificada na ilha de São Luís,
que tem conseqüências diretas sobre
a população de animais silvestres.
Algo que pode ser medido pelo número
de resgates feitos pelo Cetas, incluindo várias
espécies como jacaré, preguiça,
tamanduá-mirim, gavião carijó,
raposa, guaxinim, macaco prego, entre outros.
Entre as principais ameaças aos animais
silvestres podem ser apontadas a destruição
de seu habitat, por meio de desmatamentos
e queimadas; a caça e o tráfico;
contaminações e a introdução
de espécies exóticas.
Apesar da importância
do trabalho executado pelo Cetas, o setor,
a exemplo do que ocorre com outras divisões
do Ibama, sofre de consideráveis restrições
orçamentárias. Os recursos destinados
anualmente à triagem e reabilitação
de animais silvestres ficam em cerca de R$
20 mil, sendo preciso amparar-se frequentemente
em doações ou até mesmo
em recursos dos próprios funcionários.
De acordo com Roberto Veloso,
dentro da estrutura do Ibama, “o Cetas é
diferente porque lida com seres vivos permanentemente.
E eles têm necessidades, como alimentação,
abrigos e transporte para realizar o manejo”.
Entre os principais parceiros está
a Universidade Estadual do Maranhão,
localizada próxima ao Cetas, que contribui
com medicamentos, exames e com o apoio de
professores e alunos do Curso de Veterinária.
Pioneirismo - O trabalho
do Cetas se completa na etapa seguinte à
reabilitação dos animais silvestres:
a reintrodução dos mesmos ao
meio ambiente. E são vários
os objetivos da soltura: recomposição
das populações, geração
de conhecimento e experiência, auxílio
na conscientização e proteção
de áreas.
Nesse aspecto, firmou-se
uma parceria com o Projeto Gatos do Mato.
Os gatos de diversas espécies que chegarem
ao Cetas vão receber colares de identificação,
o que permitirá seu monitoramento após
a soltura, criando subsídios para que
se analise a readaptação deles
ao meio. È o único projeto no
Maranhão que faz uso de soltura com
monitoramento, o que se deve em grande parte
ao alto custo - cada colar sai por aproximadamente
200 dólares.
“Para discutir os problemas
relacionados aos animais silvestres deverá
ocorrer uma reunião, ainda no primeiro
semestre, com a participação
de pelo menos um representante de cada unidade
do Ibama/MA – Superintendência, Gerência
de Imperatriz, Escritórios Regionais
e Unidades de Conservação”,
adianta Veloso.
Fábio Souza
Colaborador