Goiânia (11/04/07)
- O Ibama juntamente com a Universidade de
São Paulo realizou no início
do mês uma expedição com
o objetivo de localizar nova espécie
de peixe cavernícola no município
de Posse-GO.
Esta espécie de animal
foi avistado pela primeira em 2005 pelo espeleólogo
Luiz Ricardo da Silva e pela bióloga
e espeleóloga Geovana Maria Vidal Rosa,
numa expedição de rotina promovida
pelo Cecav - Centro de Estudo Proteção
e Manejo de Cavernas, órgão
do Ibama voltado à proteção
dos ecossistemas cavernícolas.
A bióloga Geovana
ao perceber tratar-se de nova espécie
de peixe cavernícola, relatou o fato
em relatório, anexando diversas fotos
do peixe. O documento foi encaminhado para
a Profª Eleonora Trajano, pesquisadora
da USP principal responsável pelo estudo
de peixes cavernícolas na Universidade.
De imediato a pesquisadora
se interessou pelo material e quis conhecer
pessoalmente o “habitat” do animal. Assim
sendo, uma equipe de pesquisadores da USP
formada por especialistas (não só
em peixes, mas também em artrópodes),
juntamente com a equipe do Ibama/Cecav, inspecionaram
várias cavernas na região do
nordeste goiano, no período de 26 de
março a 03 de abril.
Do total de cavernas visitadas,
ficou comprovada a ocorrência do animal
em três delas. Alguns exemplares foram
coletados e levados para identificação
nos laboratórios da USP. Trata-se de
um pequeno peixe despigmentado (em torno de
5 cm) da ordem Siluriformes, família
Callichthyidae, gênero ainda indeterminado,
podendo ser Corydora ou Aspidora.
Alguns exemplares do animal
encontram-se totalmente desprovidos de olhos:
prova inequívoca de especiação
adaptativa para o ambiente cavernícola.
Este peixe assume especial importância
científica por ser o primeiro registro
no Brasil de organismo da família Callichthyidae
com adaptações troglomórficas,
isto é, adaptações para
vida em ambientes desprovidos de luz.
Em duas das três cavernas
onde os exemplares da família Callichthyidae
foram avistados, constatou-se a ocorrência
de outra espécie de peixe cavernícola
(um bagrinho) pertencente à Família
Trichomycteridae, Gênero Ituglanis ou
Trichomycterus, ainda a ser definido em estudos
de laboratório, não devendo
descartar-se a hipótese de também
tratar-se de nova espécie animal.
O intercâmbio de informações
entre o Ibama/Cecav e a USP tem se mostrado
produtivo, haja vista que há cerca
de três anos outra espécie de
peixe troglóbio foi identificado no
município de Mambaí. Tratava-se
de uma espécie nova de bagrinho cavernícola
(candiru) da família Trichomycteridae,
gênero Ituglanis, ainda sob estudos
para descrição em nível
de espécie.
Desta forma, a região
do nordeste goiano vem se firmando como a
maior concentração de peixes
cavernícolas do Brasil, uma vez que
o peixe agora estudado deverá ser a
13ª espécie troglóbia (adaptada
para a vida subterrânea) do Estado de
Goiás e a 21ª do Brasil.
Segundo Augusto Motta,
coordenador do Cecav em Goiás, por
ocasião desta expedição,
foram localizadas pela equipe do Cecav mais
sete novas cavernas, sendo que a maior delas
possui 2 km de galerias subterrâneas.