11-04-2007 - São
Paulo - Manifestação e abaixo-assinado
em São Paulo pedem que o governo da
Nicarágua pare de apoiar o Japão
e a caça às baleias na Comissão
Internacional de Baleias. Protestos acontecem
em oito países da América Latina,
Europa e Austrália.
O Greenpeace levou para
a frente do consulado da Nicarágua,
em São Paulo, cem caudas de baleias
para protestar contra o apoio do país
à caça às baleias. A
Nicarágua é o único país
da América Latina que integra o bloco
pró-caça, liderado pelo Japão,
na Comissão Internacional da Baleia
(CIB).
O mesmo protesto aconteceu
simultaneamente em mais oito cidades na Argentina,
Chile, México, Colômbia, Portugal,
Austrália, Espanha e Nicarágua.
As caudas simbolizaram as
centenas de baleias mortas anualmente, numa
matança promovida sobretudo pela indústria
baleeira do Japão. Também foi
protocolado no consulado um abaixo-assinado
coletado na Feira da Liberdade no dia 1º
de abril, com cerca de 3 mil assinaturas,
muitas delas de descendentes de japoneses
que vivem no Brasil, pedindo o voto pró-conservação
da Nicarágua na CIB.
“A Nicarágua tem
muito a ganhar com a conservação,
incentivando o turismo de observação
de baleias, que proporciona renda às
comunidades costeiras. Esse tipo de turismo
já ocorre em pelo menos 87 países
e atrai mais de 9 milhões de pessoas,
representando um ganho de US$ 1 bilhão
por ano”, afirmou Leandra Gonçalves,
coordenadora da campanha de baleias do Greenpeace.
A próxima reunião
da comissão acontece em Anchorage,
no Alaska (EUA), em maio. Na reunião
do ano passado, em São Cristóvão
e Névis, no Caribe, a Nicarágua
se posicionou a favor da “Declaração
de São Cristóvão e Névis”,
que entre outros pontos classificou a moratória
da caça, estabelecida em 1986, como
desnecessária, e coloca as baleias
como uma ameaça à segurança
alimentar mundial. Esses argumentos, sem nenhuma
credibilidade ou justificativa plausível,
ameaçam diversas espécies de
baleias que já se encontram em risco
de extinção.
O Greenpeace pede à
Nicarágua que integre o grupo conservacionista,
formando, junto com o bloco dos países
latino-americanos, o “Continente Amigo das
Baleias”, onde não se caçam
baleias, nem para fins científicos,
como alega o Japão.
“A Nicarágua tem
que apoiar o bloco conservacionista, como
todos os outros países do continente,
e defender a sua proteção, como
a criação de uma área
de proteção denominada Santuário
de Baleias do Atlântico Sul, proposta
pelos governos do Brasil e Argentina desde
1999”, afirmou Leandra.
Ontem o governo da Nicarágua
anunciou que não apoiará a caça
na próxima reunião do CIB. No
comunicado, o governo afirmava que vai apoiar
a preservação das baleias e
defendeu a Declaração de Buenos
Aires, que estabelece uma moratória
de caça dos cetáceos e rejeita
a morte de baleias para fins científicos.
No entanto, o anúncio
não impediu a realização
dos protestos. Segundo o coordenador da campanha
de defesa dos oceanos do Greenpeace Internacional,
Milko Schvartzman, o Greenpeace recebeu bem
a declaração, mas alertou que
não vai parar enquanto a nova posição
da Nicarágua não esteja concretizada
pelas votações na CIB.