Panorama
 
 
 

MAIS UM QUILOMBO PLUGADO NO VALE DO RIBEIRA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2007

10/04/2007 - Nesta segunda-feira, 9 de abril, a comunidade de Pedro Cubas festejou a inauguração de seu telecentro, o segundo a ser instalado nos quilombos do Vale do Ribeira, sudeste de São Paulo. Agora a população de 222 pessoas de Pedro Cubas, quase metade dela com até 15 anos, dispõe de um importante canal para a educação, cidadania e lazer.

Foi inaugurado ontem, dia 9 de abril, o segundo telecentro instalado em uma comunidade quilombola do Vale do Ribeira, na região sudeste de São Paulo. Depois de Ivaporunduva, agora é Pedro Cubas que se conecta à rede mundial de computadores, a Internet.

Pedro Cubas é formada por 59 famílias, totalizando 222 pessoas. Quase metade dessa população tem até 15 anos. Por volta de 10% tem mais de 60 anos. A grande maioria cursou as primeiras séries do Ensino Fundamental, disponível na escola da comunidade e na vizinha Batatal. O acesso ao Ensino Médio é dificultado pela distância e dificuldade de transporte. Apenas uma pessoa tem Ensino Superior completo e outra está cursando. O analfabetismo atinge principalmente as pessoas com mais de 50 anos, que tiveram ainda menos acesso à educação que a atual geração de jovens.

O telecentro deve fortalecer a capacitação e a educação de jovens e adultos e possibilitar o acompanhamento e a execução de benefícios e direitos da população local, bem como proporcionar oportunidades de leitura e lazer para os quilombolas. Dona Diva, coordenadora da Associação de Pedro Cubas de Cima, afirmou durante a inauguração estar muito feliz por mais esta conquista da comunidade. “Nós os mais velhos estamos sempre incentivando os jovens a lutarem por seus direitos através da educação. O telecentro representa uma grande oportunidade de acesso para as crianças e os jovens da comunidade”.

A inauguração do espaço contou com a presença de lideranças das comunidades de André Lopes, Sapatu, Nhunguara e São Pedro. Estavam presentes também representantes da AIN/OD (Ajuda da Igreja da Noruega e Campanha dos estudantes Noruegueses), Banco do Brasil, Itesp, Instituto Socioambiental (ISA) e moradores de Pedro Cubas I e II, principalmente crianças e adolescentes, os maiores usuários do telecentro. A festa foi organizada pela comunidade com comidas típicas do local, como coruja, cará, batata-doce, mandioca, bolo de fubá e milho verde. Houve também exposição do artesanato produzido pela comunidade.

O quilombo passa a estar plugado com o mundo a partir de uma parceria entre a AIN/OD, ISA e as Associações Quilombo de Pedro Cubas I e II e o governo federal, por meio do programa Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), do Ministério das Comunicações, que visa promover a inclusão digital no País. O ISA forneceu 5 computadores para o telecentro e também prestou assessoria e treinamento dos moradores do quilombo para a utilização e funcionamento do espaço. Já o governo federal instalou a antena que permite conexão via satélite e a AIN/OD doou a infra-estrutura para o espaço físico do telecentro. Todos os computadores de Pedro Cubas são equipados com software livre.
ISA, Raquel Pasinato.

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Livros buscam fortalecer educação indígena em universidades

09/04/2007 - Série de quatro livros publicada pelo Museu Nacional, em parceria com Ministério da Educação, aborda História, Identidade, Direitos, Política e Cultura, entre outros temas, de forma inovadora, para ajudar na formação de professores e estudantes indígenas de cursos de nível superior. Alguns dos autores dos livros estão entre os primeiros representantes de povos indígenas a obter diplomas universitários no Brasil.

O Laboratório de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento, do Museu Nacional/UFRJ, está lançando, em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), do Ministério da Educação, uma série de livros destinada a fornecer subsídios à formação dos estudantes indígenas em cursos de nível superior, bem como a seus formadores. A série, chamada Vias dos Saberes, é parte do projeto "Trilhas de Conhecimentos - o ensino superior de indígenas no Brasil", e é formada por quatro volumes, que tratam de forma aprofundada de temas como História, Identidade, Direito, Política e Cultura indígenas, entre outras questões. Os volumes lançados são:

"O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje", escrito por Gersem dos Santos Luciano, antropólogo da etnia Baniwa.

"A Presença Indígena na Formação do Brasil", de autoria dos antropólogos João Pacheco de Oliveira e Carlos Augusto da Rocha Freire.

"Povos Indígenas e a Lei dos 'Brancos': o direito à diferença", escrito pelos advogados Ana Valéria Araújo, Joênia Batista de Carvalho, da etnia Wapixana, Paulo Celso de Oliveira, da etnia Pankararu, Lúcia Fernanda Jófej, da etnia Kaingang, Vilmar Martins Moura Guarany, da etnia Mbyá Guarany, e S. James Anaya, professor de leis e política de direitos humanos da Faculdade de Direito da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.

"Manual de Lingüística: subsídios para a formação de professores indígenas na área de linguagem", de autoria de Marcus Maia, professor adjunto de Lingüística da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O projeto "Trilhas de Conhecimento" Tem por objetivo fomentar iniciativas de ação afirmativa, de caráter demonstrativo e modelar, que sejam desenvolvidas por universidades e destinadas a dar suporte ao etnodesenvolvimento dos povos indígenas no Brasil, através da formação de indígenas no ensino superior.

Antonio Carlos de Souza Lima, professor do Museu Nacional e coordenador da série, afirma no prefácio dos livros que "os quatro volumes desta série foram especialmente pensados para atender aos debates em classes de aula – em cursos regulares ou em cursos concebidos, de forma específica, para os estudantes indígenas, como as licenciaturas interculturais – e às discussões em trabalhos de tutoria, grupos de estudos, classes de suplementação, cursos de extensão, além de muitos outros possíveis espaços de troca e de diálogo entre portadores de tradições culturais distintas, ainda que alguns deles – indígenas e não-indígenas – já tenham sido submetidos aos processos de homogeneização nacionalizante que marcam o sistema de ensino brasileiro de alto a baixo".

A publicação das obras contou com o financiamento do fundo Pathways to Higher Education Initiative da Fundação Ford e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Os livros acham-se disponíveis no site do projeto "Trilhas de Conhecimento".

Abril Indígena denuncia ineficiência do Estado para demarcar terras

11/04/2007 - Nesta quinta-feira, dia 12 de abril, às 15h, acontece uma entrevista coletiva para apresentação da quarta edição do Acampamento Terra Livre. A mobilização é a maior do Abril Indígena, conjunto de manifestações indígenas que ocorre no mês de abril (confira abaixo a programação). O acampamento vai reunir mais de mil pessoas de 16 a 19 de abril, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

A coletiva de imprensa de apresentação do Acampamento Terra Livre será na sede da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira-Coiab (701 Sul, Ed. Assis Chateaubriand, Sala 21 – Sobreloja 2, Brasília-DF) e a iniciativa é do Fórum em Defesa dos Direitos Indígenas (FDDI). A ineficiência do Estado brasileiro em demarcar e proteger as Terras Indígenas (TIs) é um dos principais temas do Abril Indígena neste ano.

Hoje, no Brasil, há pelo menos 272 territórios reivindicados por povos indígenas que sequer são considerados como demandas para demarcação pela Fundação Nacional do Índio (Funai). O Ministério da Justiça deixou passar o prazo legal para a publicação das portarias declaratórias de 34 áreas que estão em processo de demarcação.

A Funai não vem cumprindo a principal função que lhe restou – de receber e encaminhar as demandas fundiárias indígenas – a partir da década de 11000, quando o atendimento à saúde e a educação passaram à competência de outros órgãos públicos. Nos últimos quatro anos, diminuiu a criação de Grupos de Trabalho de identificação de novas TIs, mesmo existindo um grande número delas para ser regularizadas. De 2004 a 2006, os recursos públicos para a política indigenista federal caíram de R$ 47,1 milhões para R$ 40,6 milhões. Grande parte do corte atingiu os programas de regularização e proteção dos territórios indígenas, que continuam ameaçados pela expansão de grandes empreendimentos.

Ao omitir-se sobre as demandas indígenas por seus territórios, o Estado brasileiro agrava os conflitos fundiários e a violência contra os povos indígenas. A falta de terra vem causando mortes, fome e doenças para os povos Guarani (MS, SC, RS e ES), Tupinikim (ES) e Pataxó Hã-Hã-Hãe (BA), por exemplo. Em 2006, quatro índios foram assassinados por mês no Mato Grosso do Sul.

Em desrespeito á Constituição e à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as comunidades indígenas continuam não sendo consultadas sobre as várias obras de infra-estrutura que as afetam, algumas listadas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado com estardalhaço pelo governo federal como a solução para o crescimento econômico medíocre do País. A quase totalidade dos 225 povos indígenas brasileiros continua recebendo atendimento precário às suas necessidades básicas de saúde, educação e segurança.

Temas

Durante os quatro dias da mobilização, os representantes de cem povos indígenas de todo o Brasil participarão de debates e manifestações para propor soluções aos seus principais problemas e denunciar as agressões aos seus direitos. Na pauta, estão temas como saúde, educação, violência e a participação das comunidades na elaboração das políticas públicas.

Uma Audiência Pública no Congresso Nacional sobre a situação dos direitos indígenas no País está marcada para o dia 19 de abril, “Dia do Índio”. O acampamento solicitou também audiências com o presidente Lula e a ministra Ellen Gracie, presidente do Supremo Tribunal Federal.

Em 2007, faz dez anos que Galdino Pataxó Hã-Hã-Hãe foi assassinado, queimado vivo por jovens de classe média, em Brasília, enquanto dormia na rua, durante uma das várias viagens, de negociação com a Funai para regularização do território de seu povo. O processo de nulidade dos títulos incidentes sobre as terras dos índios Pataxó Hã-Hã-Hãe da Bahia aguarda julgamento pelo STF há 24 anos.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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