São Luis (13/04/07)
- Analisar a ocorrência de peixes bois
e a relação dessa espécie
com os recursos ambientais existentes na Amazônia
costeira. Esse é o objetivo de uma
pesquisa que começa a ser desenvolvida
pela Superintendência do Ibama no Maranhão,
numa parceria com a Universidade Federal do
Maranhão e Centro de Mamíferos
Aquáticos.
A primeira saída
a campo foi realizada no final de março,
quando se buscou definir a metodologia a ser
empregada e avaliar a logística para
realização do trabalho. A equipe
contou com os analistas ambientais do Ibama
Carolina Alvite e Bruno Gueiros, além
da Dra. Flávia Mochel, da UFMA. O trabalho
começou na comunidade de Rampa, seguindo
pelo rio Mapari em direção à
Ilha do Gato, no município de Humberto
de Campos, onde foram avistados grupos de
peixes-bois, inclusive com fêmeas e
filhotes.
O projeto de pesquisa, intitulado
“Padrão de ocorrência e uso de
ecossistemas costeiros por peixes bois marinhos
no Brasil com ênfase no litoral do Maranhão
(Barra do Gato/Baía de Tubarão)”,
será desenvolvido na principal área
de ocorrência do peixe boi no Maranhão,
onde o Ibama vem estudando a criação
de uma Reserva Extrativista (Baía de
Tubarão) e está na fase de implantação
de um trabalho de gestão compartilhada
dos recursos pesqueiros.
O objetivo primordial é
a caracterização ecológica
da área, levantando os principais aspectos
relacionados à ocorrência do
peixe-boi, a exemplo dos recursos alimentares
utilizados pela espécie, como os campos
de marismas e a estrutura do manguezal existente
na área.
“Este será o primeiro
trabalho de pesquisa de caracterização
do padrão de uso das florestas de mangue
existentes na costa maranhense pelos peixes-bois
marinhos e vai subsidiar as ações
para a conservação da espécie
e do ecossistema”, ressalta Carolina Alvite.
A pesquisa adquire maior
importância uma vez que o conhecimento
sobre os peixes-bois e sua relação
com o ecossistema na costa norte ainda é
incipiente, o que dificulta a elaboração
de ações práticas para
a conservação da espécie
e para a gestão da área.
O Centro de Mamíferos
Aquáticos acompanha a área desde
2003. No local, existe uma torre de observação,
reformada em 2006 e de onde já foram
avistados até 14 peixes-bois. Ressalta-se
que já existe uma pressão para
a instalação de empreendimentos
de carcinicultura nos manguezais e apicuns
da região, o que representar uma grande
ameaça à espécie. Para
efeito de comparação, no Ceará,
a perda de habitat e destruição
dos manguezais tem relação direta
com os encalhes de filhotes órfãos.
Compreender como o peixe boi se relaciona
com os recursos ambientais existentes nos
manguezais e estuários também
vai embasar, tecnicamente, a argumentação
contra as práticas de degradação
e ocupação desordenada dos manguezais.
“Pretendemos, ainda, levantar
o potencial de utilização não
letal do peixe boi como estratégia
para a conservação e sustentabilidade
da espécie e ecossistema associado.
O levantamento será feito junto à
comunidade local e com base na análise
do padrão de uso da área, subsidiando,
por exemplo, a elaboração de
propostas de turismo de observação
e de valoração cultural e educativa
da espécie”, completa Carolina Alvite.
Paulo Roberto