Satélite - 13/04/2007
- Imagens de satélites registradas
por mais de três décadas pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe/MCT) têm sido decisivas para avaliar
o processo histórico de ocupação
na Amazônia. O Brasil possui um dos
acervos de imagens de satélites mais
antigos do mundo, pois recebe os dados do
Landsat desde 1973 através da estação
do Inpe em Cuiabá (MT).
O satélite norte-americano
foi lançado em 1972 e foi o primeiro
equipamento orbital de sensoriamento remoto
de recursos terrestres, sendo o Brasil o terceiro
país a receber este tipo de imagem,
depois apenas dos Estados Unidos e Canadá.
A partir de 1999, com o lançamento
do primeiro satélite da série
CBERS, o País passou a contar também
com os dados do sensor sino-brasileiro, que
possui características semelhantes
ao Landsat.
"Estes dados são
fundamentais para estudar o espaço
geoambiental da floresta tropical sul-americana.
As imagens dos satélites Landsat 1,
2 e 3 gravadas exclusivamente sobre a Amazônia
sul-americana pela estação brasileira
no período de 1973 e 1987, integradas
ao acervo já disponível das
imagens CBERS, transformaram-se na ‘pedra
de toque’ para a compreensão do cenário
das transformações na cobertura
de florestas do domínio panamazônico
nos últimos 35 anos", destaca
Paulo Roberto Martini, coordenador do Projeto
Panamazônia II no Inpe, que está
mapeando mais de 7 milhões de quilômetros
quadrados com imagens orbitais.
"Temos como paradigma
os procedimentos estabelecidos pelos projetos
Prodes e Deter, também do Inpe, porém
com avanços significativos quanto à
legenda", avalia.
A legenda dos mapas do Projeto
Panamazônia II mostra, além do
desflorestamento, as áreas de rebrota,
de queimadas e, principalmente, as culturas
agrícolas que estão avançando
sobre as áreas desmatadas. Este processo
de mapeamento utiliza imagens Modis calibradas
geometricamente pelos mosaicos Geocover, produtos
disponibilizados pela Nasa, a agência
espacial norte-americana.
"O método tem
como suporte a ferramenta Spring, desenvolvida
pelo Inpe, na qual o procedimento de edição
matricial permite a fotointerpretação
no contexto digital, renovando a interatividade
da inteligência com as imagens. E tudo
isto se tornou possível na medida que
as imagens mais antigas da Amazônia
ficaram disponíveis", comenta
Martini.
Como explica o coordenador
do Panamazônia II, o mapeamento é
feito por edição matricial com
o software Sring das primeiras alterações
da cobertura florestal amazônica na
década de 1970, usando os registros
dos bancos de dados georrefenciados. Em Sinop
(MT), por exemplo, a partir dos arquivos digitais
dos limites de estado e de município,
fornecidos pelo IBGE, foram registradas imagens
do acervo do Inpe do período 1973-2007.
A interpretação desse banco
permitiu estudar como a cobertura florestal
original foi transformada em pastagens e culturas
agrícolas ao longo do tempo.
Este método denominado
de "panamazônico" está
sendo levado para todo o domínio da
floresta tropical sul-americana com o apoio
da Agência Brasileira de Cooperação
(ABC) do Ministério das Relações
Exteriores e da Organização
do Tratado de Cooperação Amazônica
(OTCA). A orientação técnica
para agentes das instituições
de pesquisas dos demais países amazônicos
é feita por uma equipe de 12 pesquisadores
da Divisão de Sensoriamento Remoto
do Inpe.
No exemplo referente ao
município de Sinop, imagem do Sensor
MSS-Varredor Multiespectral do satélite
Landsat 1 obtida ao final da década
de 1970 mostra quando as primeiras terras
do norte do Mato Grosso tiveram sua cobertura
florestal transformada em ambiente agrícola.
As imagens seguintes do Mosaico Geocover (11000
e 2000), CCD/CBERS (2004) e Modis (2006) deixam
clara toda a evolução do uso
da terra na região onde a floresta
foi sistematicamente substituída por
cultura agrícola.
"O mapeamento destas
modificações tem precisão
cartográfica e ótima qualificação
temática uma vez que os bancos são
georreferenciados a partir dos pontos de controle
extraídos de mosaico ortorretificado
(Geocover), enquanto a fotointerpretação
a nível digital é feita pelos
especialistas do Inpe com toda a experiência
acumulada nos últimos 30 anos pelos
projetos Prodes e Deter", afirma Martini.
No XIII Simpósio
Brasileiro de Sensoriamento Remoto , que acontece
de 21 a 26 deste mês, em Florianópolis
(SC), o trabalho "Monitoramento do desflorestamento
em escala global: uma proposta baseada nos
projetos Prodes e Deter", que demonstra
a metodologia desenvolvida para o Panamazônia,
será apresentado em sessão técnica
por Valdete Duarte, da Divisão de Sensoriamento
Remoto do Inpe.
A programação completa do evento
está no site http://www.dsr.inpe.br/sbsr2007/
Assessoria de Imprensa do INPE
+ Mais
Monitoramento da zona costeira
é mais eficiente com dados de satélite
Sensoriamento Remoto - 13/04/2007
- Os benefícios da utilização
de dados de satélite para o monitoramento
da zona costeira serão abordados durante
o 13º Simpósio Brasileiro de Sensoriamento
Remoto (www.dsr.inpe.br/sbsr2007), que acontece
de 21 a 26 deste mês, em Florianópolis
(SC). O workshop Sensoriamento Remoto no Gerenciamento
de Ecossistemas Costeiros será realizado
na quarta-feira (25), a partir das 9h, tendo
como coordenadores os pesquisadores Douglas
Gherardi, do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe/MCT) e Venerando Eustáquio
Amaro, da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte.
A utilização
de dados de satélite para o monitoramento
da zona costeira é uma estratégia
eficiente para o acompanhamento e gerenciamento
das circunstâncias erosionais ou deposicionais
da linha de costa e para a caracterização
da variabilidade ambiental da região
marinha. A integração do sensoriamento
remoto com um sistema de informações
geográficas permite a detecção
de mudanças ao longo dos anos e a modelagem
do funcionamento dos ecossistemas costeiros.
Os mapas e os dados estatísticos
obtidos a partir dos dados de satélite
auxiliam na avaliação das tendências
de mudanças nos ecossistemas costeiro
e marinho e, além disso, indicam caminhos
realísticos para a proteção
ambiental e a tomada de decisão para
a sustentabilidade das atividades humanas.
Sobre o SBSR
O 13º Simpósio
Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR),
organizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) e pela Sociedade de Especialistas
Latino-americanos em Sensoriamento Remoto
(Selper), é o maior evento nacional
nesta área que conquista cada vez mais
adeptos, especialmente pela popularização
do uso de imagens de satélite.
Encontro das comunidades
acadêmico-científica e usuária
das tecnologias de sensoriamento remoto, o
SBSR a cada edição cresce em
número de participantes, de submissões
de trabalhos e de apresentações.
A expectativa é de que o simpósio
reúna aproximadamente 1.400 pessoas,
entre pesquisadores, técnicos e estudantes.
A última edição, realizada
em 2005 em Goiânia (GO), recebeu 1.100
participantes.
Serão 23 "eventos"
diferentes, entre workshops, palestras convidadas,
mesas-redondas e sessões especiais.
Também é bastante diversificado
o programa acadêmico – a comissão
técnica selecionou 950 trabalhos -
com sessões orais e pôsteres.
Também estão programados cursos,
12 no total.
Entre os 950 trabalhos que
serão apresentados no 13º SBSR,
120 são relacionados ao CBERS – Satélite
Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres. Em
junho de 2004 o Inpe passou a disponibilizar,
via Internet e gratuitamente, o catálogo
com imagens do CBERS e, desde então,
mais de 300 mil imagens já foram distribuídas.
O acesso fácil permitiu o desenvolvimento
de mais projetos e trabalhos com base em dados
de sensoriamento remoto. Pelo mesmo motivo,
surgiram novas utilidades para a tecnologia
e as informações geradas pelo
CBERS ganharam outros terrenos, além
das aplicações tradicionais
como monitoramento de vegetação
e estudos agrícolas.
A programação
completa do SBSR está na página
www.dsr.inpe.br/sbsr2007
Ana Paula Soares - Assessoria de Imprensa
do INPE