19/04/2007 - O maior prêmio
das Nações Unidas na área
ambiental, o Champions of the Earth (Campeões
da Terra) de 2007, foi entregue nesta quinta-feira
(19) em Cingapura. A ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, uma das sete personalidades
premiadas, esteve representada na cerimônia
pelo embaixador do Brasil em Cingapura, Paulo
Alberto da Silveira Soares.
Além de Marina Silva,
receberam o Campeões da Terra de 2007:
o ex-vice presidente dos Estados Unidos, Al
Gore; o príncipe Hassan Bin Talal,
da Jordânia; Jacques Rogge, do Comitê
Olímpico Internacional; Cherif Rahmani,
da Argélia; Elisea "Bebet"
Gillera Gozun, das Filipinas; e, Viveka Bohn,
da Suécia.
Simbolizado por uma escultura
de metal reciclado, assinada pelo queniano
Kioko - que representa os quatro elementos
fundamentais à vida: sol, ar, terra
e água -, o Campeões da Terra
contempla pessoas que tenham contribuído
significativa e reconhecidamente na proteção
e gestão sustentável do meio
ambiente e dos recursos naturais. A atuação
de Marina Silva na proteção
da Amazônia, nos últimos quatro
anos, e a queda estimada de mais de 50% na
taxa do desmatamento da região entre
2005 e 2006, foram fundamentais na decisão
do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (Pnuma) de lhe homenagear.
A ministra inaugurou um
novo modelo de gestão ambiental, buscando
o envolvimento de diferentes setores de governo
e da sociedade na busca de soluções
para problemas de meio ambiente. Defendeu
a cooperação entre os ministérios
e governos estaduais, o que revelou a capacidade
do Estado e da sociedade em dar respostas
aos desafios de conservação
atuais. Assim, várias propostas da
sociedade foram transformadas em instrumentos
de política ambiental, como o Plano
de Ação para a Prevenção
e Controle do Desmatamento na Amazônia
e a Política Nacional para o Desenvolvimento
Sustentável das Comunidades Tradicionais.
No Senado, sua atuação
foi marcada pela luta para a preservação
das florestas, proteção dos
direitos das comunidades tradicionais e inclusão
social. Foi ela quem apresentou o primeiro
projeto de lei para regular o acesso aos recursos
genéticos. O trabalho da ministra na
implementação da CDB, cujos
objetivos são a promoção
da conservação, do uso sustentável
e da repartição de benefícios
gerados a partir da biodiversidade, também
influenciou na escolha de seu nome como um
dos Campeões da Terra deste ano.
"Se queremos moldar
uma nova parceria entre a humanidade e o meio
ambiente natural, do qual nossas vidas dependem
em última análise, precisamos
de líderes, de campeões da terra
na vida pública, nos negócios
e em nossas comunidades", disse o subsecretário
da Organização das Nações
Unidas (ONU) e diretor-executivo do Pnuma,
Achim Steiner, durante a cerimônia.
Ele destacou a origem distinta de cada um
dos ganhadores, salientando: "São
de diferentes lugares do planeta, mas partilham
de objetivos e valores. Especificamente, rejeitam
o status quo, persistem quando outros falham
e, deliberadamente, buscam oportunidades de
promover formas mais inteligentes de gerenciar
o desenvolvimento, que equilibram as realidades
econômicas, sociais e ambientais do
século XXI". O prêmio existe
desde 2004 e, em edições anteriores,
contemplou o ex-presidente da União
Soviética, Mikhail Gorbachev; o povo
da África do Sul e sua presidenta,
Thabo Mbeki; e a ex-vice presidente do Irã,
Massoumeh Ebtekar.
Perfil
Do seringal, de onde saiu
aos 16 anos, até o Ministério
do Meio Ambiente, cargo que ocupa atualmente,
Marina Silva percorreu um longo caminho. Viveu
na floresta amazônica, onde nasceu em
1958, num seringal no interior do Acre. Aos
16 anos, foi morar na capital do estado, Rio
Branco. Alfabetizou-se aos 17. Foi empregada
doméstica e costureira. Aos 26, conquistou
o diploma de Bacharel em História pela
Universidade Federal do Acre.
Antes mesmo de formada,
iniciou a militância. Em 1984, participou
da fundação da Central Única
dos Trabalhadores (CUT) do Acre e foi a primeira
vice-coordenadora da entidade, ao lado de
Chico Mendes. Um ano depois, filiou-se ao
Partido dos Trabalhadores. Participou das
Comunidades Eclesiais de Base, de movimentos
de bairro e do movimento dos seringueiros.
Apenas três anos depois, elegeu-se a
vereadora mais votada da Câmara Municipal
de Rio Branco. Outros dois anos bastaram para
tornar-se a deputada estadual mais votada
do Acre.
Marina Silva foi a mais
jovem parlamentar a ocupar uma vaga no Senado
Federal na República. Com 36 anos,
foi eleita a primeira vez, em 1994. Foi reeleita
em 2002. Como senadora, foi vice-presidente
da Comissão Especial do Congresso de
Combate à Pobreza, criada a partir
de uma proposta sua, vice-presidente da Comissão
de Assuntos Sociais e membro titular da Comissão
de Educação. Em 1999, foi líder
da bancada do PT e do Bloco de Oposição.
Durante sua legislatura, apresentou diversos
projetos, como o que disciplina o acesso aos
recursos da biodiversidade brasileira e ao
conhecimento das populações
tradicionais.
Propôs ainda a criação
da reserva de 2% do Fundo de Participação
dos Estados e do Distrito Federal para os
estados que tenham, em seus territórios,
unidades de conservação federais
e terras indígenas demarcadas. Defendeu,
também por meio de um projeto, uma
nova estrutura para o orçamento para
garantir que verbas destinadas a gastos sociais
sejam efetivamente aplicadas nesses setores.
Considerada uma dos 100 parlamentares mais
influentes do Congresso Nacional, teve sua
biografia publicada no Brasil e no exterior.
Em 2003, afastou-se do Senado
para assumir o cargo de ministra de estado
do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Deixava a defesa do meio ambiente no Poder
Legislativo para defender as questões
ambientais no Poder Executivo. Sua atuação,
entre 2003 e 2006, inaugurou um novo modelo
de gestão ambiental, que conta com
a participação de diferentes
setores do governo federal e da sociedade.
Foi a partir desse modelo que surgiu o Plano
de Ação para Prevenção
e Controle do Desmatamento, em 2004. Resultado
do trabalho de 13 ministérios coordenados
pela Casa Civil, o plano foi definidor na
redução estimada de mais de
50% na taxa de desmatamento da Amazônia
entre 2004-2005 e 2005-2006. Em 2007, Marina
Silva dá continuidade aos trabalhos
no ministério, com o segundo mandato
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A ministra recebeu diversos
prêmios no Brasil e no exterior. Entre
eles, estão:
- Prêmio Goldmann
de Meio Ambiente, como representante das Américas
do Sul e Central São Francisco/EUA
(1996);
- Homenagem a "25 Mulheres em Ação
no Mundo pela Vida na Terra", do Programa
das Nações Unidas para o Meio
Ambiente - ONU, Nova York/EUA, (1997);
- Premio al Desarrollo Sostenible 2003 Fundacion
Ecologia y Desarrollo, Barcelona/Espanha (2003);
- Prêmio "Imprensa Estrangeira
2003" Associação dos Correspondentes
de Imprensa Estrangeira no Brasil, Rio de
Janeiro/RJ (2003);
- Prêmio Mulheres Mais Influentes Forbes
Brasil Revista Forbes Brasil (2006).
Além disso, seu nome constou na lista
de Jovens de Futuro no Mundo, em 1995, elaborada
pela revista Time (Nova Iorque/ EUA). Também
foi escolhida Mulher do Ano, em 1997, pela
revista Miss Magazine (Washington/EUA).
Marina Silva é casada com Fábio
Vaz de Lima e tem quatro filhos: Shalom, Danilo,
Moara e Mayara.
Jefferson Rudy/MMA