15 de Abril de 2007 - Cleide
Lopes Vieira - Repórter De A Voz do
Brasil - Brasília - As 400 toneladas
diárias de lodo de esgoto produzidas
no Distrito Federal estão sendo transformadas
em fertilizante. A informação
é do pesquisador da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agopecuária (Embrapa Cerrado),
Jorge Lemainsk, responsável pelo projeto
desenvolvido há três anos pela
estatal.
As pesquisas comprovaram
que esses resíduos, ricos em materiais
orgânicos e nutrientes, podem ser usados
na agricultura , em substituição
aos fertilizantes comuns,em especial nas culturas
de grão como milho, sorgo e soja com
vantagem econômica , sanitária
e ambiental para produtores e
para a sociedade.
Lemainsk destacou a importância
do uso do lodo na agricultura. ''É
bom para a sociedade e para a economia, porque
evitamos importar nitrogenados, e de usar
fertilizantes não renováveis,
como
o fósforo”.
O pesquisador disse que
o lodo produzido diariamente no Distrito Federal
é suficiente para fertilizar até
5 mil hectares por ano. “É uma economia
significativa, porque deixamos de gastar cerca
de R$ 3,8 milhões, com a compra de
uréia, super -fosfato triplo e cloreto
de potássio, que são os fertilizantes
mais comuns. Eu diria que quem mais sai beneficiado
com isso é o meio ambiente e a sociedade”.
Jorge explica que para evitar
qualquer risco de contaminação
humana ou animal, a Embrapa está avaliando
os parâmetros sanitários, em
função de o lodo conter agentes
patogênicos, como coliformes fecais.
''Mas as mais de 1.500 análises
realizadas nos deram a evidência de
que o risco de contaminação,
após 30 dias é desprezível,
já que esses agentes patogênicos
não sobrevivem ao solo, onde estão
plantadas as culturas de milho e soja que
serão colhidas após de 120 dias.''
Lemainski lembra que o lodo
antes de ser utilizado como fertilizando passa
por um processo de purificação.
''Na ordem de 10 mil litros de água,
que chegam a estação de tratamento,apenas
um litro é de material sólidos,
orgânico ou inorgânico.
Essa parte orgânica
sofre um processo de digestão por bactérias
dentro de reatores, e separada por um processo
de polimento químico. A água
volta limpa para o lago Paranoá, e
essa pasta resultante, que é o lodo
de esgoto, rico em nutrientes é usada
na agricultura''.
Esse tipo de fertilizante
reciclado pode ser usado inclusive em reflorestamento,
e em culturas que não tem contato direto
com o solo, como o caso de frutíferas.
Por uma razão de ordem comercial a
Resolução 375/2006 do Conselho
Nacional de Meio Ambiente (Conama) proibiu
o uso do lodo de pastagem em culturas de hortaliças.
Pesquisas semelhante já
estão sendo desenvolvidas nos estados
do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e São Paulo.Segundo Lemainski
para que o produtor tenha acesso a esse fertilizante
natural, ele deve procurar a Empresa de Asistência
Técnica e Extenção Rural-
Emater, nos estados onde a pesquisa está
sendo realizada.
Lemainski afirma que com
um investimento de R$ 40 bilhões para
pesquisa de melhoramento de saneamento básico,
o Brasil vai dar um salto de qualidade no
tratamento preventivo. ''Com o programa de
investimento de R$ 40 bilhões previstos
para os próximos cindo anos,vamos dar
um salto, a exemplo que outros países
desenvolvidos já fizerem. Para cada
real que eu aplico em saneamento básico,
reduzo cerca de R$ 4 em gastos com saúde
pública”.