Educação Alimentar
- 17/04/2007 - Existe um antigo ditado que
diz: "saco vazio não pára
em pé". Apesar de ter sido pensada
para nós, seres humanos, essa frase
também vale quando se trata da alimentação
dos animais silvestres criados em cativeiro,
como é o caso daqueles que se encontram
no Parque Zoobotânico do Museu Paraense
Emílio Goeldi (PZB/MPEG), instituição
vinculada ao Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT).
Vivendo fora de seu habitat
natural, surge a necessidade de uma alimentação
adequada, que não fuja dos hábitos
alimentares originais dos animais e que, ao
mesmo tempo, supra as necessidades relacionadas
a vitaminas, sais minerais etc.
Como faz todos os anos,
neste mês o Museu Goeldi assinou contrato,
por meio de licitação, com diversas
empresas para fornecimento da alimentação
dos animais do Parque. Por meio de um investimento
de R$ 112 mil, foram adquiridos diversos gêneros
alimentícios entre carnes, frutas,
verduras, legumes e sementes, o que garante
as refeições dos animais por
um ano.
Alimentação
Além de fonte de energia, os alimentos
também influenciam diretamente na vida
dos animais. "a alimentação
é um fator determinante no comportamento
dos animais. Na natureza, por exemplo, animais
silvestres costumam permanecer em locais próximos
de suas fontes alimentícias",
explica Antônio Messias, veterinário
responsável pelos animais do Parque
Zoobotânico.
No Museu Goeldi, os alimentos
servidos aos animais passam por uma avaliação
rigorosa antes de serem adquiridos. Depois
são armazenados em refrigeradores no
Setor de Nutrição do Serviço
do Parque Zoobotânico para, em seguida,
serem servidos. Funcionários do setor
utilizam carrinhos que comportam diversas
bandejas, cada uma contendo o "prato
do dia" de cada espécie do Parque.
Entre os alimentos que compõem
a refeição dos animais, a ração
é o mais comum. "Por ser uma mistura
de várias substâncias, a ração
está presente na alimentação
de 80% dos animais do parque", diz Messias.
Ao contrário do que
se pode imaginar, homens e animais possuem
alguns hábitos muito semelhantes quando
se trata de comida. Assim como acontece com
os seres humanos, para os animais a comida
também deve ser atrativa para os olhos,
para que não ocorra a rejeição
do alimento. No caso dos frugívoros
(que se alimentam de frutos) do Goeldi, por
exemplo, as refeições são
servidas bem "coloridas", com diversos
tipos de frutas picadas.
O excesso de alimentação
também é um risco para os animais.
Assim, a quantidade de comida servida aos
espécimes do Parque é controlada,
de formar que atenda apenas as necessidades
biológicas. "o cativeiro acaba
criando uma mudança de comportamento
nos animais. Enquanto que na natureza eles
se alimentam porque precisam, em cativeiro
acabam se alimentando porque gostam. Daí
a necessidade desse controle", explica
Messias. Por isso, público que visita
o PZB deve evitar oferecer alimentos aos animais.
A dieta de cada espécie é específica
e não pode sofrer interferência
de alimentos estranhos.
Para Antônio Messias,
"a nutrição dos animais
do Parque Zoobotânico sempre será
um assunto prioritário para o Museu
Goeldi. É uma responsabilidade ética
e moral da instituição manter
os animais em boas condições
de saúde".
Curiosidades sobre a alimentação
dos animais do PZB:
- preguiça: a preguiça não
bebe água. Alimenta-se de frutos (não-maduros)
e folhas. Como sua dieta é composta
de alimentos com baixo teor energético,
a preguiça possui um metabolismo baixo,
o que resulta em seu movimento "preguiçoso".
- onça: sua alimentação
(constituída por carnes, vísceras
e suplementos minerais) é escondida
em alguns pontos do seu recinto, forçando
o animal a se movimentar e aguçar seus
instintos, apesar de não estar em seu
ambiente natural.
- ariranha: alimenta-se
basicamente de peixe fresco (congelado). Caso
seu alimento seja servido em condições
inadequadas, pode ocorrer um déficit
de vitamina B1 no animal, causando problemas
neurológicos. A ariranha come 1,5kg
de carne pela manhã e de tarde, o que
equivale a 10% do seu peso por dia.
- peixe-boi: come 10% de
seu peso em capim por dia. O capim servido
ao peixe-boi do MPEG é adquirido em
locais que não usam elementos químicos
ou agrotóxicos. Também alimenta-se
de frutas.
- jacaré-açu:
come 3% do seu peso em carne (peixes) a cada
15 dias.
- cobras: alimentam-se de
camundongos, doados pelo Instituto Evandro
Chagas.
- gavião real: come
até 7% do seu peso por dia, em horários
alternados. Alimenta-se de camundongos, carnes
e suplementos minerais.
Serviço de Comunicação
Social do Museu Goeldi
+ Mais
Museu Goeldi debate efeitos
das mudanças globais na Amazônia
Meio Ambiente / Ecossistema
- 20/04/2007 - O Museu Paraense Emílio
Goeldi e a Associação Brasileira
de Química Regional Pará reúnem
nos próximos dias 23 e 24, em Belém
(PA), especialistas das áreas de Ciências
da Terra e Ecologia para discutir, a partir
da apresentação de resultados
de pesquisas realizadas na Amazônia,
os efeitos das mudanças globais na
região.
Destinado a pesquisadores,
professores, estudantes, e a todos que se
interessam pelo tema, o 2º Seminário
de Ciências da Terra e Ecologia será
realizado no auditório Alexandre Rodrigues
Ferreira, localizado no Parque Zoobotânico
do Museu Goeldi, instituição
ligada ao Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT).
De acordo com a pesquisadora
Cristine Amarante, uma das coordenadoras do
evento, a idéia é apresentar
à sociedade os resultados de pesquisas
que investigam diferentes aspectos relacionados
a mudanças climáticas, geológicas,
de vegetação e de uso da terra
na Amazônia. Os estudos são realizados
por cientistas do Museu Goeldi e de outras
instituições, como as universidades
Federal do Pará (UFPA) e Federal Rural
da Amazônia (Ufra), e o Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT).
"O objetivo é
promover o debate entre cientistas e sociedade
para juntos encontrarmos diretrizes que sirvam
para a conscientização pública,
tomada de ações corretivas e
para a elaboração de propostas
de políticas públicas que visem
minimizar ou nos preparar para os efeitos
das mudanças globais, que já
estão ocorrendo em todo o mundo",
explica Amarante.
Promovido pela Coordenação
de Ciências da Terra e Ecologia (CCTE)
do Museu Goeldi, o seminário dá
início a uma série de eventos
que serão promovidos pela Coordenação
em comemoração ao Ano Internacional
do planeta Terra, celebrado pela Organização
das Nações Unidas (ONU) no período
de 2006 a 2009. O seminário também
é preparatório para o evento
Água e Ambientes na Amazônia,
que o Goeldi realizará no mês
de novembro.
Programação
A abertura do evento será realizada
pela coordenadora da CCTE, Maria de Lourdes
Ruivo. Em seguida, o pesquisador Leandro Ferreira,
também da instituição,
iniciará o ciclo de palestras falando
sobre as conseqüências globais
do desmatamento na Amazônia.
O pesquisador Rommel Benício,
do Inpe/MPEG, vai apresentar a metodologia
utilizada no monitoramento climático
da Floresta Nacional de Caxiuanã, localizada
no município paraense de Melgaço,
arquipélago do Marajó. "A
instrumentação meteorológica
aplicada ao meio ambiente tem como objetivo
principal o monitoramento climático,
que é essencial para o registro das
variáveis meteorológicas que
atuam na atmosfera", explica.
A Floresta Nacional de Caxiuanã,
que abriga diversos experimentos científicos
voltados à compreensão do funcionamento
climatológico, ecológico, biogeoquímico
e hidrológico da Amazônia, também
é objeto de estudo dos pesquisadores
Bérgson Cavalcante, do Goeldi, que
analisa o microclima da região, e Leonardo
Deane de Abreu Sá, do Inpe/MPEG, que
em parceria com o bolsista de iniciação
cientifica Alessandro Lechinoski, investiga
os aspectos relacionados à variabilidade
das trocas de gás carbônico (CO2)
e de vapor dágua que ocorrem durante
o dia sobre a floresta.
Os resultados desse estudo
serão apresentados durante o seminário,
por Alessandro Lechinoski, que explicará
como alguns parâmetros relacionados
à troca desses gases interferem no
efeito estufa.
A pesquisadora Rosecélia
Moreira, da CCTE/MPEG, encerrará as
atividades da manhã, falando sobre
a influência da ausência de água
no funcionamento do solo e na produção
de serrapilheira, uma importante camada de
folhas e galhos em decomposição
que protege a superfície do solo de
florestas de terra firme. Elemento fundamental
para a sustentabilidade da produção
florestal, a serrapilheira contribui, de forma
positiva, na reposição de nutrientes
no ecossistema e na redução
de impactos de origem natural na floresta.
À tarde, o debate
terá início às 14h com
a palestra do professor da UFPA, Harry Serruya,
presidente da Associação Brasileira
de Química Regional Pará,
que falará sobre a origem dos elementos
químicos naturais a partir da Teoria
da Grande Explosão (Big Bang). Em seguida,
a pesquisadora-visitante Flávia Pacheco,
do Goeldi, falará sobre a aplicação
de técnicas de biologia molecular no
estudo de solos afetados pela atividade humana
na Amazônia.
A aplicação
de microfósseis calcários na
pesquisa paleoceanográfica e paleoclimática
é o tema central da palestra dos pesquisadores
Cristianini Trescastro Bergue e João
Carlos Coimbra, ambos da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os cientistas
vão apresentar as potencialidades dos
ostracodes, um importante grupo de microfósseis
calcários, na investigação
de climas do passado.
Segundo eles, esses minúsculos
crustáceos fossilizados podem fornecer
informações consistentes a respeito
de mudanças no nível relativo
do mar e alterações nos processos
de sedimentação, possibilitando
uma melhor compreensão dos efeitos
climáticos no ambiente marinho.
O biólogo André
Barros, pesquisador bolsista da CCTE/MPEG,
fará exposição sobre
os modelos ecológicos utilizados nos
estudos de avaliação do risco
de extinção de populações
de animais vertebrados. Ele abordará
o conceito de modelos biológicos e
apresentará alguns modelos utilizados
na análise de habitat, de população
e de paisagens.
A doutoranda Iracema Cordeiro,
da Ufra, encerra o ciclo de palestras apresentando
os resultados de seu estudo, realizado no
município de Aurora do Pará,
sobre a influência da radiação
solar e da precipitação de chuvas
no incremento de plantas de paricá.
O segundo dia do seminário será
restrito ao corpo científico do Museu
Goeldi, que discutirá, pela manhã,
os temas a serem abordados no próximo
evento a ser realizado em novembro deste ano.
Maria Lúcia Morais - Assessoria de
Comunicação Social do Museu
Goeldi