Amazônia
- 24/04/2007 - Destruição da
floresta contribui para aumento da temperatura
no Planeta e a extinção das
espécies, diz pesquisador - O desmatamento
da Amazônia não causa apenas
a perda da sua rica biodiversidade, a destruição
da floresta também contribui para o
aumento da temperatura no Planeta, para a
extinção das espécies
e o colapso das economias locais. O alerta
é do pesquisador Leandro V. Ferreira,
do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT),
durante o 2º Seminário de Ciências
da Terra e Ecologia, realizado ontem (23),
em Belém do Pará.
Segundo o pesquisador, que
participou do Zoneamento Econômico Ecológico
da BR-163, estrada que liga Cuiabá
(MT) a Santarém (PA), a ocupação
territorial na Amazônia ainda é
bastante desordenada e está baseada
na demanda por infra-estrutura e por commodities
regionais, como madeira, pecuária e
soja. "O plantio da monocultura da soja
já ocupa cerca de 40% de toda área
plantada na Amazônia", alerta.
Leandro explica que as emissões
de gás carbônico na atmosfera,
resultante da queima da floresta, contribuem
para o aumento da temperatura do Planeta e
afetam diretamente o clima e o ecossistema
da região.
"Cerca de 74% das emissões
brasileiras de gás carbônico
são resultantes do desmatamento, que
ocorre, em grande parte, na Amazônia",
afirma.
Segundo Leandro, o aumento
de 2 a 3 °C da temperatura do planeta
Terra já seria o suficiente para ocasionar
um colapso na floresta amazônica. "Estamos
passando por uma nova onda de extinção",
alerta.
Para reverter este cenário
pouco animador, Leandro ressalta a necessidade
de se investir em atividades econômicas
ecologicamente e socialmente mais sustentáveis.
"Vivemos um impasse
muito grande na região. Infelizmente,
a maioria dos grandes projetos agro-extrativistas
na Amazônia são pilotos e sobrevivem
com subsídios governamentais",
explica. "Além disso, a nossa
capacidade de transferência de renda
é muito limitada".
O pesquisador explica que
a construção de um território
sustentável depende da estruturação
de um conjunto de áreas protegidas
e de corredores, associados às áreas
destinadas para atividades econômicas
localizadas em locais adequados, e respeitando
o meio ambiente.
Outro grande desafio apontado
pelo pesquisador é a implantação
de instituições de pesquisa
e de centro de excelência em todas as
regiões em desenvolvimento na Amazônia,
a fim de gerar mão-de-obra qualificada
para trabalhar na região.
Maria Lúcia Morais - Assessoria de
Comunicação Social do Museu
Goeldi
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Museu Goeldi debate efeitos
das mudanças globais na Amazônia
Meio Ambiente / Ecossistema
- 23/04/2007 - O Museu Paraense Emílio
Goeldi e a Associação Brasileira
de Química – Regional Pará reúnem
hoje (23) e amanhã, em Belém
(PA), especialistas das áreas de Ciências
da Terra e Ecologia para discutir, a partir
da apresentação de resultados
de pesquisas realizadas na Amazônia,
os efeitos das mudanças globais na
região.
Destinado a pesquisadores,
professores, estudantes, e a todos que se
interessam pelo tema, o 2º Seminário
de Ciências da Terra e Ecologia será
realizado no auditório Alexandre Rodrigues
Ferreira, localizado no Parque Zoobotânico
do Museu Goeldi, instituição
ligada ao Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT).
De acordo com a pesquisadora
Cristine Amarante, uma das coordenadoras do
evento, a idéia é apresentar
à sociedade os resultados de pesquisas
que investigam diferentes aspectos relacionados
a mudanças climáticas, geológicas,
de vegetação e de uso da terra
na Amazônia. Os estudos são realizados
por cientistas do Museu Goeldi e de outras
instituições, como as universidades
Federal do Pará (UFPA) e Federal Rural
da Amazônia (Ufra), e o Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT).
"O objetivo é
promover o debate entre cientistas e sociedade
para juntos encontrarmos diretrizes que sirvam
para a conscientização pública,
tomada de ações corretivas e
para a elaboração de propostas
de políticas públicas que visem
minimizar ou nos preparar para os efeitos
das mudanças globais, que já
estão ocorrendo em todo o mundo",
explica Amarante.
Promovido pela Coordenação
de Ciências da Terra e Ecologia (CCTE)
do Museu Goeldi, o seminário dá
início a uma série de eventos
que serão promovidos pela Coordenação
em comemoração ao Ano Internacional
do planeta Terra, celebrado pela Organização
das Nações Unidas (ONU) no período
de 2006 a 2009. O seminário também
é preparatório para o evento
‘Água e Ambientes na Amazônia’,
que o Goeldi realizará no mês
de novembro.
Programação
A abertura do evento será realizada
pela coordenadora da CCTE, Maria de Lourdes
Ruivo. Em seguida, o pesquisador Leandro Ferreira,
também da instituição,
iniciará o ciclo de palestras falando
sobre as conseqüências globais
do desmatamento na Amazônia.
O pesquisador Rommel Benício,
do Inpe/MPEG, vai apresentar a metodologia
utilizada no monitoramento climático
da Floresta Nacional de Caxiuanã, localizada
no município paraense de Melgaço,
arquipélago do Marajó. "A
instrumentação meteorológica
aplicada ao meio ambiente tem como objetivo
principal o monitoramento climático,
que é essencial para o registro das
variáveis meteorológicas que
atuam na atmosfera", explica.
A Floresta Nacional de Caxiuanã,
que abriga diversos experimentos científicos
voltados à compreensão do funcionamento
climatológico, ecológico, biogeoquímico
e hidrológico da Amazônia, também
é objeto de estudo dos pesquisadores
Bérgson Cavalcante, do Goeldi, que
analisa o microclima da região, e Leonardo
Deane de Abreu Sá, do Inpe/MPEG, que
em parceria com o bolsista de iniciação
cientifica Alessandro Lechinoski, investiga
os aspectos relacionados à variabilidade
das trocas de gás carbônico (CO2)
e de vapor d’água que ocorrem durante
o dia sobre a floresta.
Os resultados desse estudo
serão apresentados durante o seminário,
por Alessandro Lechinoski, que explicará
como alguns parâmetros relacionados
à troca desses gases interferem no
efeito estufa.
A pesquisadora Rosecélia
Moreira, da CCTE/MPEG, encerrará as
atividades da manhã, falando sobre
a influência da ausência de água
no funcionamento do solo e na produção
de serrapilheira, uma importante camada de
folhas e galhos em decomposição
que protege a superfície do solo de
florestas de terra firme. Elemento fundamental
para a sustentabilidade da produção
florestal, a serrapilheira contribui, de forma
positiva, na reposição de nutrientes
no ecossistema e na redução
de impactos de origem natural na floresta.
À tarde, o debate
terá início às 14h com
a palestra do professor da UFPA, Harry Serruya,
presidente da Associação Brasileira
de Química – Regional Pará,
que falará sobre a origem dos elementos
químicos naturais a partir da Teoria
da Grande Explosão (Big Bang). Em seguida,
a pesquisadora-visitante Flávia Pacheco,
do Goeldi, falará sobre a aplicação
de técnicas de biologia molecular no
estudo de solos afetados pela atividade humana
na Amazônia.
A aplicação
de microfósseis calcários na
pesquisa paleoceanográfica e paleoclimática
é o tema central da palestra dos pesquisadores
Cristianini Trescastro Bergue e João
Carlos Coimbra, ambos da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os cientistas
vão apresentar as potencialidades dos
ostracodes, um importante grupo de microfósseis
calcários, na investigação
de climas do passado.
Segundo eles, esses minúsculos
crustáceos fossilizados podem fornecer
informações consistentes a respeito
de mudanças no nível relativo
do mar e alterações nos processos
de sedimentação, possibilitando
uma melhor compreensão dos efeitos
climáticos no ambiente marinho.
O biólogo André
Barros, pesquisador bolsista da CCTE/MPEG,
fará exposição sobre
os modelos ecológicos utilizados nos
estudos de avaliação do risco
de extinção de populações
de animais vertebrados. Ele abordará
o conceito de modelos biológicos e
apresentará alguns modelos utilizados
na análise de habitat, de população
e de paisagens.
A doutoranda Iracema Cordeiro,
da Ufra, encerra o ciclo de palestras apresentando
os resultados de seu estudo, realizado no
município de Aurora do Pará,
sobre a influência da radiação
solar e da precipitação de chuvas
no incremento de plantas de paricá.
O segundo dia do seminário será
restrito ao corpo científico do Museu
Goeldi, que discutirá, pela manhã,
os temas a serem abordados no próximo
evento a ser realizado em novembro deste ano.
Maria Lúcia Morais - Assessoria de
Comunicação Social do Museu
Goeldi
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Indígenas e pesquisadores
planejam plantio de sistemas agroflorestais
Amazônia - 27/04/2007
- Uma das alternativas para fortalecer a agricultura
e a economia das comunidades indígenas
é o desenvolvimento de sistemas agroflorestais
e práticas agroecológicas. Para
isso, pesquisadores do Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT)
estão colocando essa idéia em
prática na Terra Indígena Araçá,
localizada cerca de 120 km ao norte de Boa
Vista (RO).
As atividades foram implementadas
por meio do projeto Wazaka’yé: estudo
de roças, solos e florestas indígenas
que, agora, apresenta os resultados de sua
primeira fase durante a Oficina Agroflorestal
da Terra Indígena Araçá.
A oficina começou nesta quinta-feira
(26) e prossegue até amanhã
(28), na própria comunidade.
Durante as oficinas, professores,
técnicos dos projetos de pesquisa e
extensão, e membros das comunidades
terão acesso aos primeiros resultados
de um diagnóstico participativo, e
das técnicas utilizadas para evitar
o desgaste do solo. Além disso, o encontro
tem como objetivo estabelecer um programa
de trabalho e linhas prioritárias para
o projeto para que o mesmo tenha impacto positivo
na qualidade de vida e no respeito com a cultura
de cada comunidade.
Segundo a coordenadora científica
e pesquisadora da Coordenação
de Pesquisas em Ciências Agronômicas
(CPCA/Inpa), Sonia Alfaia, o projeto faz parte
de um outro projeto chamado "Guyagrofor"
– Desenvolvimento de Sistemas Agroflorestais
Sustentáveis Baseado em Conhecimentos
Indígenas e Quilombolas no Escudo das
Guianas. Ele é um consórcio
internacional do programa de Cooperação
Internacional (Inco) financiado pela Comunidade
Européia.
"No Brasil, o "Guyagrofor"
foi denominado Wazaka’yé, nome escolhido
pelos próprios indígenas da
região.
Wazaka’yé é
o nome de uma árvore mitológica
que dava vários tipos de frutas em
abundância. Quando foi derrubada, seu
toco deu origem ao Monte Roraima, e seus galhos
os rios da região", explicou Alfaia.
O projeto Wazaka’yé
é fruto de um convênio entre
o Inpa, o Conselho Indígena de Roraima
(CIR) e o Centro Indígena de Cultura
e Formação Raposa Serra do Sol
- Escola Agrotécnica e Ambiental de
Surumu.
O convênio visa estudar
o solo, as roças e as florestas da
região para a elaboração
de propostas de sistemas agroflorestais. Além
de ter também como meta apoiar as atividades
da agricultura que atendam as demandas dos
comunitários. Para tanto, a equipe
científica conta com o apoio dos alunos
e técnicos indígenas da Escola
Surumu.
Luís Mansuêto - Assessoria de
Comunicação do INPA