Fundo
Global para Conservação concede
financiamento de US$ 1 milhão para
a implementação dessas áreas
Virgínia, EUA, 30
de abril de 2007 — Pela segunda vez em dois
anos, o governo de Madagascar criou mais de
um milhão de hectares de novas áreas
protegidas, seguindo uma política visionária
para conservar as florestas intactas restantes
no país.
As 15 novas áreas
protegidas compreendem um total de 1.071.589
hectares - área equivalente à
do município de Goiânia -, e
incluem floresta tropical, floresta seca decidual,
lagos, rios, cavernas de pedras calcárias
e outros ecossistemas que abrigam espécies
ameaçadas, tais como o rato-saltador-gigante
(Hypogeomys antimena). Madagascar tem somente
uma pequena fração de sua cobertura
florestal original, mas continua sendo uma
das regiões biológicas mais
ricas do mundo, com muitas plantas e animais
não encontrados em outro lugar.
O Fundo Global para Conservação
(GCF), criado pela Conservação
Internacional (CI), contribuiu recentemente
com US$ 1 milhão para a Fundação
Madagascar para Áreas Protegidas e
Biodiversidade e planeja aportar outros US$
2 milhões este ano para ajudar na implementação
das novas áreas protegidas. Estas áreas
foram criadas no escopo da ‘Visão de
Durban’, como ficou conhecido o compromisso
assumido pelo governo do presidente Marc Ravalomanana
durante o V Congresso Mundial de Parques,
na África do Sul em 2003. No evento,
ele prometeu triplicar o território
protegido no país para seis milhões
de hectares.
Seu governo criou um milhão
de hectares de áreas protegidas em
dezembro de 2005, seguidos pela adição
mais recente de mais outro um milhão
de hectares para aumentar o território
total protegido de Madagascar para 3,7 milhões
de hectares.
“Quem quer que diga que
a conservação e o desenvolvimento
não podem andar de mãos dadas
está errado,” diz o presidente Ravalomanana.
“É importante enfatizar o impacto positivo
que a conservação da biodiversidade
tem no desenvolvimento econômico e na
qualidade de vida”.
As novas áreas protegidas
compreendem três grandes trechos - o
Corredor da Floresta Fandriana-Vondrozo, no
sudeste, de 499.598 hectares; o Complexo de
Áreas Alagadas Mahavavy-Kinkony que
contém lagos, rios e floresta na costa
noroeste, com 276.836 hectares; e a Floresta
Central de Menabe, de floresta seca decidual
no sudoeste, com 125.000 hectares. As áreas
protegidas adicionais incluem os notáveis
pântanos do lago Alaotra – habitat do
único primata no mundo que habita áreas
de junco: o Lêmure-de-bambu-do lago-Alaotra
(Hapalemur alaotrensis) - assim como áreas
menores que objetivam impedir extinções
de espécies locais endêmicas
e criar corredores de ligação
com outras regiões protegidas, além
de proteger nascentes de água e territórios
sagrados das comunidades locais.
Muitas espécies ameaçadas
de extinção ocorrem quase exclusivamente
nas novas áreas protegidas, inclusive
um dos primatas mais ameaçados do mundo
- o grande lêmure-de-bambu (Prolemur
simus), classificado pela IUCN como ‘Criticamente
em Perigo’ - junto com o sifaka-de-coroa (Propithecus
coronatus), o lêmure-dourado-de-bambu
(Hapalemur aureus), o sifaka de Milne-Edward
(Propithecus edwardsi), o manuusto-de-dez-listras
(Mungotictis decemlineata), o guará-sagrado
de Madagascar (Threkiornis bernieri), o jabuti-de-casca-chata
de Madagascar (Pyxis planicauda) e o cágado-de-cabeça-grande
de Madagascar (Erymnochelys madagascariensis).
O programa de Madagascar
é um modelo para governos das nações
em desenvolvimento que se deparam com a escolha
entre a possibilidade de explorar os recursos
naturais de forma a esgotá-los ou a
opção pela conservação
destes, de forma que a economia e as comunidades
locais possam beneficiar-se dos bens naturais
em caráter perpétuo. Outras
nações que optaram pela conservação
e os benefícios a longo prazo são
a Costa Rica e a Libéria.
“Madagascar é, na
opinião de muitos, o hotspot de biodiversidade
de maior prioridade na Terra”, afirma o presidente
Russell A. Mittermeier, da CI. “O compromisso
do presidente Ravalomanana com uma ampla cobertura
de área protegida é histórico
e tem significado global. Esperamos que outros
líderes na África e em outras
partes do mundo sigam seu exemplo e tomem
atitudes decisivas similares”.
Por décadas, a biodiversidade
única de Madagascar esteve sob a ameaça
de destruição da floresta, comércio
ilegal de animais silvestres e outros problemas.
Cientistas estimam que 90% da cobertura florestal
original já desapareceram.
As organizações
que apóiam o programa de áreas
protegidas do governo incluem: CI, Associação
Fanamby, Wildlife Conservation Society, WWF,
Durrell Wildlife Conservation Trust, Missouri
Botanical Garden, USAID, Agence Française
de Développement, Fonds Français
pour l’Environnnement Mondial, KfW e Banco
Mundial.
A próxima fase do
programa irá enfocar os benefícios
econômicos para as milhares de pessoas
que vivem dentro e no entorno das áreas
protegidas, por meio de ecotourismo, contratos
de serviços ambientais e iniciativas
de monitoramento ecológico.
Ao todo, o GCF já
concedeu US$ 2,2 milhões para apoiar
projetos de áreas protegidas em Madagascar.
O GCF e o CEPF (Fundo de Parcerias para Ecossistemas
Críticos) também contribuíram
significativamente com o planejamento e o
desenho das novas áreas protegidas
no país.
O Fundo Global para Conservação
(GCF) financia a criação, a
expansão e o manejo de longo prazo
de áreas protegidas nos hotspots de
biodiversidade, nas grandes regiões
naturais de alta biodiversidade e em algumas
importantes regiões marinhas. www.conservation.org/xp/gcf/
O Fundo de Parceria para
Ecossistemas Críticos (CEPF) é
uma iniciativa conjunta da Conservação
Internacional, Fundo Global do Meio Ambiente,
Governo do Japão, Fundação
MacArthur e o Banco Mundial. Como um dos parceiros
fundadores, a CI administra esse programa
global para o financiamento de projetos que
visa estimular a ação de conservação
dos parceiros e fomentar sua capacitação
para a sustentabilidade. O CEPF já
apoiou mais de 900 parceiros, trabalhando
para conservar os hotspots mundiais de biodiversidade,
que são as regiões biológicas
mais ricas e mais ameaçadas da Terra.
www.cepf.net.