23
de Abril de 2007 - São Paulo, Brasil
— Iniciativa quer unir todos os setores da
sociedade brasileira para elaborar e implementar
uma Política Nacional de Mudança
Climática no país.
Em iniciativa inédita
no país, o Greenpeace, o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
(CEBDS) e entidades ambientalistas lançaram
nesta segunda-feira, em São Paulo,
o documento Pacto de Ação em
Defesa do Clima.
O pacto identifica as ações
a serem adotadas pelas empresas e governo
para combater o aquecimento global e quer
mobilizar a sociedade brasileira para reduzir
os níveis de emissões de gases
de efeito estufa no país, evitando
que a elevação da temperatura
média do planeta ultrapasse 2º
Celsius em relação aos níveis
pré-industriais.
O lançamento do compromisso
público de defesa do clima foi feito
durante o 2o. Congresso Ibero-Americano sobre
Desenvolvimento Sustentável, que está
sendo realizado no auditório do Parque
do Ibirapuera.
O pacto é a primeira
ação concreta de combate ao
aquecimento global no país após
a divulgação este ano dos relatórios
do Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
“O desafio do aquecimento
global exige ações urgentes
e uma mudança no paradigma de desenvolvimento
para o Brasil, garantindo crescimento econômico
e sustentabilidade. Por isso a nossa decisão
de se sentar na mesma mesa com representantes
dos setores contra os quais eventualmente
protestamos, e formar uma liderança
de combate ao aquecimento global, atualmente
inexistente no país”, afirmou Marcelo
Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace
Brasil.
As dez propostas de ações
práticas contidas no documento incluem
o fim do desmatamento e a garantia de maior
governança nas florestas brasileiras,
além do estabelecimento de uma matriz
energética brasileira baseada em fontes
renováveis e a identificação
das vulnerabilidades do país em relação
à mudança climática.
O pacto estabelece ainda
metas de redução de emissões
no Brasil, incentivos à eficiência
energética e o desenvolvimento de um
mercado nacional para energias limpas como
solar, eólica, pequenas centrais hidroelétricas
e outras.
“Aqueles que aderirem ao
pacto e implementarem medidas efetivas para
combater a mudança climática
serão premiados pelos mercados, mas
quem ignorar estas propostas e nada permanecer
na inércia será penalizado por
seus consumidores e eleitores”, concluiu Furtado.
+ Mais
Desafio aos países
asiáticos: crescer sem poluir
25-04-2007 - Pequim e Bangcoc - Greenpeace
lança relatório [R]evolução
Energética na China e na Tailândia,
mostrando aos governos da região que
é possível manter crescimento
usando energia renovável e programas
de eficiência energética.
Nos últimos anos,
os países asiáticos se destacaram
no cenário mundial por apresentarem
taxas de crescimento acima da média,
tendo a China como líder desse trem
de prosperidade. No entanto, o preço
tem sido alto. Dependentes de combustível
fóssil, essas economias têm contribuído
para aumentar o aquecimento global que, no
final das contas, acaba afetando mais suas
próprias populações,
que estão entre as mais pobres do mundo.
Para garantir um futuro
mais limpo e energeticamente sustentável
a esses países, o Greenpeace lançou
esta semana em Pequim, na China, e em Bangcoc,
na Tailândia, relatórios que
dão a receita para que a Ásia
mantenha seu crescimento econômico sem
aumentar os impactos no clima.
No documento [R]evolução
Energética: uma Análise da Energia
Sustentável da China (arquivo em pdf),
que é parte de um estudo global produzido
pelo Greenpeace e pelo Conselho Europeu de
Energia Renovável (Erec, na sigla em
inglês), estão as bases para
que o país continue crescendo combinando
energia de fontes renováveis e programas
de eficiência energética.
“O chinês médio
consume atualmente um terço da energia
que um europeu médio consome e apenas
um sétimo do consumo de um americano
médio, mas esse consumo está
aumentando rapidamente. Nosso relatório
mostra que a China pode manter seu crescimento
econômico e ao mesmo tempo estabilizar
suas emissões de CO2 nos atuais níveis
até 2050”, afirma Sven Teske, especialista
em energia do Greenpeace Internacional. “No
entanto, isso só é possível
se os países industriazados e em desenvolvimento
trabalharem juntos para transferir seus investimentos
dos combustíveis fósseis para
a energia renovável e programas de
eficiência energética.”
O relatório mostra
que a China pode ter ambições
maiores no desenvolvimento de energia solar
e eólica. O governo chinês estabeleceu
como meta para 2020 que o país tenha
16% de sua energia proveniente de fontes renováveis.
Para atingir essa meta, a China planeja desenvolver
300GW de energia hidrelétrica, 30GW
de energia eólica e 1,8GW de solar.
De acordo com o cenário proposto pelo
Greenpeace, a China tem potencial e capacidade
de produzir 118GW de energia eólica
e 25GW de solar até 2020.
Há uma semana da
terceira reunião de cientistas do Painel
Intergovernmental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC, na sigla em inglês) da ONU, marcada
para Bangcoc, na Tailândia, o Greenpeace
divulgou no país a parte do relatório
[R]evolução Energética
referente à Ásia, para convocar
os países da região a investirem
mais em energia renovável e programas
de eficiência energética.
“Temos que assegurar que
os países em desenvolvimento protejam
seu desenvolvimento econômico sem exarcebar
os problemas das mudanças climáticas”,
afirma Teske. “Afinal de contas, são
as populações desses países
que estão mais vulneráveis aos
impactos provocados pelo aquecimento global.”
Amnuay Thongsathit, especialista
em energia alternativa do Ministério
da Energia da Tailândia, admitiu que
seu país não investiu o necessário
em energia renovável.
“No passado, nós
olhávamos apenas para o crescimento
econômico. Agora, temos que alcançar
um melhor equilíbrio.”