04
May 2007 - O relatório divulgado nesta
sexta-feira pelo Painel Intergovernamental
para Mudanças Climáticas (IPCC),
órgão ligado à ONU mostra
claramente que é possível deter
o aquecimento global se o processo de redução
das emissões for iniciado antes de
2015. De acordo com o documento, para salvar
o clima do nosso planeta, a humanidade terá
de diminuir de 50% a 85% as emissões
de CO2 até a metade deste século.
“Está na hora de
arregaçarmos as mangas e fazermos tudo
que podemos. Não dá mais para
ficar apenas falando no assunto,” afirma Denise
Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.
“O IPCC fez uma ‘radiografia’ do clima do
planeta e nos mostrou o que devemos fazer
para deter as mudanças climáticas
antes que seja tarde demais. Agora está
na hora de pressionar os políticos
e mobilizar a sociedade para tomarmos decisões
conjuntas e realmente colocar em prática
o que se vem discutindo.”
O relatório do terceiro
grupo de trabalho do IPCC demonstra ser possível
estancar o aquecimento do planeta. Para o
Brasil, um dos maiores problemas na emissão
de gases causadores das mudanças climáticas
é o desmatamento. As queimadas oriundas
da destruição das florestas
significam 75% das emissões brasileiras.
Sobre esse tema, o documento do IPCC aponta
que 65% do potencial florestal de mitigação,
isto é, o que pode ser feito nas florestas
para reduzir o aquecimento global, está
localizado nos trópicos. Mais da metade
pode ser resolvida apenas com o combate ao
desmatamento ilegal. “É mais barato
resolver o problema do desmatamento do que
trocar a matriz energética, como a
China terá que fazer, se quiser combater
o aquecimento global”, reafirma Denise Hamú.
No que diz respeito às
emissões da área de energia,
o Brasil precisa continuar investindo em energias
limpas e reverter a tendência de crescimento
de termelétricas baseadas na queima
de combustíveis fósseis. É
necessário também diversificar
a matriz com fontes renováveis não
convencionais como biomassa, eólica
e termosolar. Aplicar técnicas de eficiência
energética para reduzir o desperdício
de eletricidade é fundamental em todos
os setores como industrial, comercial e residencial.
“Isso é possível, mais barato
e está comprovado no estudo ‘Agenda
Elétrica Sustentável 2020’ do
WWF-Brasil”, diz Karen Suassuna, técnica
em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil.
O IPCC indica também
o uso de veículos mais eficientes como
uma maneira de reduzir as emissões
no setor de transportes, principalmente se
abastecidos com biocombustíveis como
o álcool ou o biodiesel. “Porém,
vale a pena ressaltar que a produção
de biocombustíveis deve ser feita de
maneira planejada, ordenada e sustentável,
sem causar mais desmatamento e problemas sociais”,
lembra Suassuna.
Outra solução
mostrada no relatório para reduzir
a poluição nesse setor é
trocar o uso de rodovias, sistema largamente
utilizado no Brasil, por ferrovias. O transporte
público também deve ser melhorado
e incentivado. “Se essas medidas forem adotadas
no Brasil, será possível fazer
a nossa parte e aumentar a qualidade de vida
e o conforto da nossa população”,
resume Suassuna.
É importante lembrar
que as nações desenvolvidas
têm uma responsabilidade especial. “Elas
vão se encontrar na reunião
do G8 este mês e não há
mais desculpas para que as economias que lideram
o planeta não se mobilizem sobre este
tema. Elas precisam agir rapidamente para
cortar suas emissões e adotar as técnicas
de energias renováveis e eficiência
energética”, afirma Carlos Alberto
de Mattos Scaramuzza, superintendente de Conservação
de Programas Temáticos do WWF-Brasil.
+ Mais
Relatório mostra
que deter as mudanças climáticas
ainda é possível
03 May 2007 - O relatório
“Deter as mudanças climáticas
é possível” da rede WWF divulgado
nesta quinta-feira, 04 de maio, aponta uma
série de caminhos e idéias para
combatermos o aquecimento global. O estudo
destaca iniciativas ao redor do mundo, da
Índia ao Brasil, para economizar energia
e reduzir a poluição por gás
carbônico listando 15 maneiras de como
pessoas, empresas e governos podem trabalhar
com o WWF e reduzir as emissões de
CO2 e ajudar o clima do planeta.
Enquanto ainda há
governos que tentam obstruir as negociações
internacionais, outros utilizam diferentes
tipos de as energias renováveis e as
técnicas de eficiência energética
para diminuir a emissão de gases causadores
das mudanças climáticas. Um
dos exemplos mostrados no relatório
é brasileiro. No país, mesmo
com uma matriz majoritariamente renovável,
a tendência é de que haja aumento
no número de usinas térmicas
e grandes hidrelétricas. Pensando nisso,
WWF-Brasil publicou o estudo Agenda Elétrica
Sustentável 2020, em setembro de 2006,
que propõe soluções como
a diversificação da matriz elétrica
com adoção de fontes energéticas
renováveis não convencionais
e a redução do desperdício
com técnicas de eficiência energética.
Segundo as projeções
da Agenda Elétrica Sustentável
2020, medidas como estas podem levar o país
a evitar a emissão de 413 milhões
de toneladas de CO2 até 2020. O número
equivale à poluição de
30 mil carros populares a gasolina viajando
do Oiapoque ao Chuí anualmente neste
mesmo período.
Toda esta economia seria
feita sem a necessidade da construção
de grandes hidrelétricas, garantindo
a segurança energética do país
e ainda poupando R$ 33 bilhões para
os brasileiros. "É preciso que
o governo, a sociedade e as empresas se organizem
para tornar a Agenda Elétrica Sustentável
uma realidade para o Brasil”, afirma Denise
Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.
“É como se o planeta estivesse com
febre e a rede WWF está trabalhando
em vários lugares ao mesmo tempo para
ajudar a combater o problema do aquecimento
global”, acrescenta.
Entre outras maneiras de
parar o aquecimento da Terra, o relatório
“Deter as mudanças climáticas
é possível” também traz
a experiência de outros países,
como a nova lei de incentivo à produção
de biocombustíveis na Tailândia
e a campanha no Reino Unido para mostrar como
cada cidadão pode reduzir seu consumo
de eletricidade se os aparelhos eletroeletrônicos
forem desligados da tomada.
O terceiro grupo de trabalho
do Painel Intergovenamental de Mudanças
Climáticas da ONU (IPCC) que se reúne
em Bangkok esta semana, deve mostrar o alto
custo de não tomar ações
emergenciais com o objetivo de deter as mudanças
climáticas. “Vai sair muito mais caro
reparar as conseqüências de tempestades,
cheias e secas e os impactos econômicos
das mudanças na agricultura que implementar
medidas agora para estabilizar as mudanças
climáticas”, afirma Carlos Alberto
de Mattos Scaramuzza, superintendente de Conservação
de Programas Temáticos do WWF-Brasil.
A rede WWF acredita que
é muito perigoso que a temperatura
do planeta ultrapasse os 2°C, por isso
a humanidade tem a difícil tarefa de
cortar as emissões globais de CO2 em
50% até a metade deste século.
Estudos independentes, como o Relatório
Stern, do governo do Reino Unido, já
demonstraram isso em números.
"Nós temos tecnologia
disponível e as ferramentas econômicas
para mudar esse cenário. Agora é
preciso que todos se engajem para que possamos
ter um planeta saudável”, comenta Karen
Suassuna, técnica em Mudanças
Climáticas do WWF-Brasil.