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PESQUISADOR DIZ QUE USINAS DO RIO MADEIRA TEM “GRANDE GRAU DE INCERTEZA” PARA IMPACTOS SOBRE PEIXES

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2007

6 de Maio de 2007 - Pedro Biondi - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Peixeiro Antônio Marcos Ribeiro mostra dourada à venda no comércio do entorno da capital federal. Ciclo reprodutivo do peixe está ligado ao rio Madeira e pode ser afetado pela construção de hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, segundo especialistas
Brasília - Consultado pela estatal Furnas, o pesquisador Angelo Antonio Agostinho apontou “um grande grau de incerteza” quanto aos impactos que a obra teria sobre os peixes migradores da região. A estatal e a a empreiteira Odebrecht são responsáveis pelo estudo de impacto ambiental (EIA) do projeto.

O governo federal quer construir no rio, em Rondônia, duas hidrelétricas (Jirau e Santo Antônio), com 6.450 megawatts no total – aproximadamente metade da potência de Itaipu, a usina mais potente do país. A obra depende da concessão de licença prévia pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que, em 23 de abril, publicou parecer recomendando a não emissão da licença e pedindo a elaboração de um novo EIA.

De acordo com o documento do Ibama, os estudos feitos não identificam todas as áreas que seriam afetadas pelas obras e deixam muitas incertezas. Uma das questões destacadas é a sobrevivência dos grandes bagres da região, entre os quais a dourada, de grande importância comercial, citada também na análise de Angelo Antonio Agostinho. Ao concordar com a avaliação do Ibama, ele faz uma ressalva: “Isso [a falta de dados para prever com segurança os impactos] é verdade nos empreendimentos em todo o Brasil.”

“Existe suspeita de que a dourada tenha comportamento de homing, volta ao local de nascença para reprodução”, comenta Agostinho, em entrevista à Agência Brasil. “Se isso for verdadeiro no caso dela e de outros bagres, é necessário fazer uma transposição massiva.”

Em seu texto, ele avalia o sistema proposto para transposição de peixes no projeto, um canal lateral, como a melhor opção no caso, pela possibilidade de adequações posteriores, e diz que o mecanismo equivalente em Itaipu teve relativo sucesso. Conclui que as condições de instalação no Rio Madeira são melhores, mas que, ainda assim, faltam elementos para saber a eficiência que o canal teria. “O problema que a gente levanta é o do retorno dos peixes que sobem o rio para se reproduzir. Essa é a maior incerteza”, explica o pesquisador, que coordena a área de Projetos do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura da Universidade Estadual de Maringá. E a preocupação não se restringiria aos exemplares adultos: se estenderia aos ovos e larvas que, após a desova, normalmente seguem rio abaixo.

Angelo Antonio Agostinho lembra que, além de permitir o trânsito de determinadas espécies, existe o desafio de vetar essa possibilidade às outras. “As barreiras naturais, como a Cachoeira do Teotônio, limitam a distribuição das espécies”, explica. Assim, diferentes trechos do rio têm variações na fauna de peixes.

O especialista aponta a necessidade de “um investimento muito grande” para maior conhecimento dos recursos naturais do país. “Temos rios de mais de mil quilômetros que ainda não foram nem inventariados”, diz. “O conhecimento da fauna aquática é muito baixo na América do Sul em geral, e na Amazônia mais ainda.”

Agostinho conclui que, em se tratando de represamentos, deve-se partir de dois pressupostos: essas obras sempre causam impactos, e cabe à sociedade decidir sobre eles; e existem soluções para atenuar boa parte dos efeitos, mas elas, muitas vezes, são caras.

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Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira preocupa OTCA, diz secretária-geral da organização

4 de Maio de 2007 - Gláucia Gomes - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A secretária-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Rosalía Arteaga, afirmou que, do ponto de vista ambiental, a OTCA está bastante preocupada com o projeto do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira. A afirmação foi feita hoje (4), durante o balanço que ela fez dos três anos da sua gestão à frente da organização.

Rosalía Arteaga ressalttou que todos os impactos precisam ser avaliados, “tanto os positivos como os negativos”. “Toda a obra tem os dois, mas é preciso fazer de tal maneira que se possa minimizar o impacto negativo e potencializar o positivo”, disse. Ela defendeu que o projeto leve em conta a melhoria da qualidade de vida da população da região.

O governo federal quer construir no rio, em Rondônia, duas hidrelétricas (Jirau e Santo Antônio), com 6.450 megawatts no total – aproximadamente metade da potência de Itaipu, a usina mais potente do país. A obra depende da concessão de licença prévia pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que, em 23 de abril, publicou parecer recomendando a não-emissão da licença e pedindo a elaboração de um novo estudo de impacto ambiental (EIA). De acordo com o documento do Ibama, os estudos feitos não identificam todas as áreas que seriam afetadas pelas obras e deixam muitas incertezas.

Para a secretária da OTCA, é preciso avaliar se haverá “efetivamente” água suficiente nos rios amazônicos, lembrando pesquisadores já alertam para derretimento nas geleiras dos Andes, que abastecem a Bacia Amazônica. “É bom que os técnicos olhem bem o que acontece nos diferentes lugares e levem em consideração um ponto fundamental: como ele [o projeto] vai melhorar a qualidade de vida das populações que ficam na região? Eu acho que esse é o ponto determinante, se vai fazer uma obra ou se não vai fazer uma obra”.

Rosalía Arteaga destacou a importância da organização no desenvolvimento sustentável da Amazônia, por meio de projetos como o Geo Amazônia, que visa coletar informações sobre o ecossistema amazônico; o Programa Regional de Uso Sustentável da Biodiversidade (Biocomércio), que busca, entre outros objetivos, facilitar o comércio e o aproveitamento sustentável e integral dos ecossistemas da região; e o Foro de Florestas das Nações Unidas, que serve como um canal de diálogo entre nações.

A secretária-geral citou também projetos ligados às áreas de recursos hídricos e mudanças climáticas, saúde e turismo, entre outras. “São vários projetos que de uma maneira ou outra estão influenciando nas políticas dos países, cada um em sua região, mas com uma noção de conjunto”.

Arteaga, que deixará o cargo no final de junho, fez uma avaliação positiva desses três anos e lembrou que é preciso dar continuidade aos projetos com os países membros. “São 18 projetos em andamento, o que é bom, e pouco mais de 20 convênios assinados com organismos de cooperação internacional, e isso quer dizer que as coisas não ficaram no papel. Também foi possível elevar o orçamento de US$ 1 milhão para mais de US$ 30 milhões”.

Rosalía Arteaga disse que a OTCA tem “um futuro muito importante, tão importante quanto a própria Amazônia”. Mas, segundo ela, os regulamentos e os regimentos da OTCA precisam ser reformulados, porque ela foi criada como um tratado e agora é uma organização.

Ibama decidirá sobre usinas do Rio Madeira "no menor tempo possível”, diz presidente substituto

3 de Maio de 2007 - Luciana Vasconcelos e Juliana Andrade - Repórteres da Agência Brasil - Brasília - O presidente substituto do Ibama, Bazileu Alves Margarido Neto, durante a entrevista em que foi apresentado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, como ocupante do cargo.
Brasília - O presidente substituto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Bazileu Alves Margarido Neto, disse hoje (3) que ainda não foi decidido quando o órgão vai se posicionar em definitivo sobre licença prévia para instalação das hidrelétricas do Rio Madeira. “O esforço é fazer no menor tempo possível”, afirmou, em audiência pública Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados.

Ele disse que a equipe de licenciamento está aprofundando a análise e pedirá novos dados, para ter segurança e se manifestar: “Esses questionamentos deverão ser encaminhados hoje para o consórcio [formado por Furnas e Odebrecht, que elaboraram o estudo impacto ambiental] para que possam então buscar esclarecimentos sobre questões que foram apontadas no parecer técnico divulgado, como dúvidas, como questões que as informações constantes no processo, tanto no estudo de impacto ambiental como nos estudos encaminhados pelo Ministério Público com todas as manifestações que foram aportadas ao processo”.

Com relação ao acúmulo de sedimentos por causa das barragens, Margarido Neto disse que o consultor Sultan Alan, ouvido pelo Ministério de Minas e Energia, mostrou que o problema estava superdimensionado nos estudos feitos pelo consórcio no que diz respeito ao lago da usina de Santo Antônio.

“A primeira questão a ser verificada é se aquelas condições são as mesmas para o lago de Jirau [a outra usina projetada]”, comentou. “A segunda, se aquelas condições apontadas possibilitam que se trace um novo cenário com relação ao assoreamento do rio, à deposição e o acúmulo de segmentos. Então, os estudos apresentados pelo consórcio precisam ser refeitos dentro desse novo cenário, tanto no que se refere ao lago quanto ao que se refere a montante [rio acima].”

Segundo ele, há consenso no governo de que o país precisa gerar energia, com distribuição de renda, mas sem esquecer a sustentabilidade ambiental. “O governo federal, por determinação do presidente Lula, não realizará nenhuma obra de infra-estrutura em que não esteja assegurada capacidade de suporte do meio”, afirmou.

As duas hidrelétricas que o governo federal quer construir no rio, em Rondônia, têm potência prevista de 6.450 megawatts no total – aproximadamente metade da potência de Itaipu, a usina mais potente do país.

A obra depende da concessão de licença prévia pelo Ibama, que, em 23 de abril, publicou parecer técnico apontando elevado grau de incerteza sobre os impactos da obra – principalmente porque o estudo de impacto ambiental (EIA) não teria identificado todas as áreas a ser afetadas – e pedindo a elaboração de um novo EIA.

O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, chegou a afirmar, dois dias depois, que, se não for desfeito o impasse em torno de Jirau e Santo Antônio, o governo buscará outras fontes de energia: "Se, até maio, não tivermos isso, certamente estaremos discutindo uma fonte térmica para substituir a melhor fonte que temos, que é a hidráulica, que entendemos, do ponto de vista econômico e ambiental, que garante a segurança energética do país".

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Licenças ambientais para usinas hidrelétricas preocupam Lula, diz ministro

7 de Maio de 2007 - Yara Aquino - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fala durante a apresentação do balanço dos primeiros meses do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Palácio do Planalto. Ao lado, o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau
Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está satisfeito com o ritmo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas, questionado sobre que área preocupa mais o presidente, Guido Mantega respondeu que acredita ser a de licenças ambientais.

“A questão da licença ambiental é algo que preocupa por que precisamos ter uma maior oferta de energia elétrica para viabilizar o crescimento maior da economia então isso significa que teremos um empenho maior nesse do que em outros setores”, afirma Mantega.

Em geral, Lula estaria satisfeito, segundo o ministro. “O presidente está satisfeito com o ritmo do PAC, acha que está andando bem, está em uma trajetória consistente com os objetivos que temos. A maior parte dos projetos está andando, claro que ele gostaria mais, mas é papel do presidente exigir mais velocidade”, afirmou Mantega.

O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, já havia dito, há duas semanas, que “se os impasses sobre as liberações ambientais não forem resolvidos até maio, o governo vai buscar outras fontes de energia”. O ministro não descartou a possibilidade de investimentos na energia nuclear e térmica. No mesmo dia, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, respondeu que Rondeau tem ''a obrigação de fazer com que o país tenha energia para se desenvolver''. ''Mas isso não significa que ele tenha que fazer isso em prejuízo ao meio ambiente'', afirmou.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) recomendou a realização de novo estudo de impacto ambiental (EIA) sobre o projeto de hidrelétricas do Rio Madeira.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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