(12/05/2007)
Açúcar solúvel (obtido
principalmente da cana-de-açúcar),
amido(grãos e tubérculos, como
a mandioca e o milho) e celulose(bagaço
de cana, resíduos florestais e biomassa
de gramíneas, dentre outros) são,
atualmente, as principais matérias-primas
utilizadas para obtenção de
etanol. Contudo, há diferenças
significativas no que compete à facilidade
e aos custos para a produção
desse composto químico.
Por meio de arranjos tecnológicos
e produtivos e de parcerias estratégicas,
a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-Embrapa,
vinculada ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, vem procurando
maximizar os resultados das culturas empregadas
como fontes de agroenergia.
Segundo informações
da Embrapa Agroenergia(Brasília-DF),
unidade responsável por coordenar as
pesquisas sobre o assunto, o etanol de cana-de-açúcar
é o principal componente da matriz
brasileira de biocombustíveis, mas
existem focos de pesquisa sobre etanol de
amido e de celulose, visando a sustentabilidade
e a consolidação do programa
de energia renovável no Brasil.
Esse protagonismo da cana-de-açúcar
acontece, basicamente, porque é mais
barato obter etanol a partir dessa matéria-prima.
Os componenentes que a diferenciam na produção
do composto gerador de energia são
o alto rendimento agrícola e industrial.
Além disso, tanto amido quanto celulose
precisam ser fermentados para obtenção
de açúcares simples para só
depois serem transformados em etanol. A cana
dispensa esse processo.
Custos
As estimativas para custos
de produção(Earth Trends Update:
March 2007) apontam que um litro de etanol
de cana custa, em média, U$ 0,34 por
litro. O derivado de milho custaria cerca
de U$ 0,50 e o de celulose, por volta de U$
1,10. Porém como explica Frederico
Durães, chefe-geral da Embrapa Agroenergia,
o etanol de milho é uma tecnologia
madura nos Estados Unidos. Não apresenta,
portanto, tendência de uma redução
significativa nos seus custos de produção.
A grande aposta para isso, no momento, é
o etanol de celulose.
"Atualmente, é
mais caro converter material celulósico
em etanol por causa do extensivo processamento
requerido" explica Durães. Entretanto,
a obtenção de etanol a partir
de celulose traz a possibilidade de combinação
de sua produção e de disponibilidade
de biomassa de baixo custo(resíduos
e bagaço de cana, por exemplo). Isso
dá ao modelo delulósico três
importantes funções: condicionador
de solos, co-gerador de energia, além
de claro, servir de matéria-prima para
produção de etanol. Aliado a
técnicas de plantio direto, isso pode
auxiliar diretamente na elevação
da produtividade da cana,"Em países
de clima tropical, como o Brasil, a celulose
terá um papel complementar na matriz,
ele fará parte do processo" afirma.
Embrapa Agroenergia
Em consonância com
o Plano Nacional de Agroenergia(2006-2001),
a Embrapa Agronergia incluiu quatro plataformas
em sua pauta de epsuisa, desenvolvimento e
inovação(PD&I): etanol,
biodiesel, florestas energéticas e
resíduos. A unidade, criada em 2006
para coordenar os trabalhos da Embrapa no
desenvolvimento de soluções
para obtenção de energia na
atividade agroindustrial, vem mapeando e articulando
os esforços e as competências
das diferentes unidades de pesquisa localizadas
em pontos estratégicos do território
nacional.
Vitor Moreno
Assessoria de Comunicação Social
+ Mais
Empresários do Perú
e El Salvador conhecem plano nacional de biodiesel
(10/05/2007) Até
a próxima terça-feira(15) empresários
e técnicos do Peru e de El Salvador
vão percorrer parte do Nordeste brasileiro
para conhecer de perto as características
do plano nacional de biodiesel. Na primeira
etapa da visita os dez membros da comitiva
internacional estiveram na segunda-feira(7)
em Campina Grande, na sede da Embrapa Algodão
para os primeiros contatos técnicos.
Eles estão sendo
acompanhados durante todo o período
da permanência pelo pesquisador Liv
Soares, que deu palestra recentemente sobre
o assunto na cidade colombiana de Medelin.
De Campina Grande a comitiva segue para Rio
Grande do Norte, Ceará, Pernambuco
e Bahia.
“Esses países não
produzem mamona, mas estão muito interessados
em copiar o modelo brasileiro para a produção
do biodiesel”, diz Liv. Depois de ouvirem
palestras dos especialistas da Embrapa Algodão
o grupo visitou as instalações
da empresa Óleo Verde, que está
finalizando a implantação de
uma unidade de processamento de óleo
de mamona no município de Pocinhos.
Segundo os diretores do
empreendimento, a unidade poderá produzir
até oito toneladas de óleo bruto
por dia. A indústria vai absorver a
produção dos plantadores de
Queimadas, com cerca de 400 hectares cultivados
e de Esperança que possui uns 200 hectares
plantados de mamona. A instalação
da unidade em Pocinhos se deu porque naquela
cidade funciona uma cooperativa com cerca
de 30 agricultores envolvidos com o cultivo
dessa oleaginosa.
Entre os visitantes está
José Roberto Ugarte, diretor técnico
de uma empresa salvadorenha chamada Bioenergia,
de capital misto, sendo 55% da iniciativa
privada e 45% do governo daquele país.
“Deveremos ocupar cerca de 25 mil hectares
com o cultivo da mamona, principalmente em
terras menos valorizadas”, revela o empresário.
Outro empolgado com as perspectivas
da mamona em El Salvador é o representante
da Confederação Nacional das
Cooperativas Campesinas, Eleazar de Jésus
Benties. “Temos 50 cooperativas associadas
que podem produzir mamona em mais de cinco
mil hectares inicialmente”, garante o produtor.
Para o Peru o cultivo da mamona vai além
da questão meramente econômica.
O país pretende incentivar
os agricultores que fazem cultivos ilegais,como
o de coca, a substituírem pela mamona.
“O desenvolvimento da cultura da mamona pode
representar uma excelente alternativa às
economias ilegais no Peru”, garante Juan Del
Aguila, da Comissão Nacional de Desenvolvimento
de Vida Sem Drogas do país andino.
Dalmo Oliveira