09-05-2007
- São Francisco, Califórnia
(EUA) - Decisão de juiz da Califórnia
exige a imediata suspensão da produção
e plantio de sementes geneticamente modificadas
da empresa enquanto não for feito um
amplo estudo de impacto ambiental.
A multinacional de biotecnologia
Monsanto sofreu um revez e tanto semana passada
ao ter sua alfafa transgênica proibida
nos Estados Unidos pela Justiça. A
decisão do juiz Charles Breyer, da
Califórnia, tornou ilegal a aprovação
dada à alfafa Roundup Ready pelo Departamento
de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em
inglês) e ordenou a suspensão
imediata do plantio da semente até
que seja feito um estudo de impacto ambiental
nas plantações existentes no
país.
Enquanto isso, no Brasil,
há dez anos ambientalistas, cientistas
e entidades da sociedade civil lutam para
que o mesmo estudo de impacto ambiental seja
exigido das empresas que querem plantar transgênicos
no país. No entanto, a indústria
de biotecnologia (Monsanto, Bayer, Syngenta,
entre outras) continua ignorando a Lei de
Biossegurança brasileira, simplesmente
não incluindo o estudo em seus pedidos
de liberação comercial feitos
na Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança (CTNBio).
A decisão judicial
americana acatou os argumentos da ONG Centro
Para a Segurança Alimentar, de que
a plantação da alfafa transgênica
da Monsanto poderia prejudicar o meio ambiente
e contaminar cultivos de alfafa natural. E
exige que todos os locais das plantações
da alfafa transgênica sejam revelados
em até 30 dias e tornados públicos
pela USDA o quanto antes, para que agricultores
que plantam alfafa orgânica e convencional
“possam testar suas próprias plantações
para determinar se houve ou não contaminação”.
Infelizmente, a contaminação
de plantações americanas de
alfafa já foi comprovada pela Justiça
americana e considerada “um dano irreparável
ao meio ambiente”.
O Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos é acusado de ter
desrespeitado leis ambientais americanas ao
aprovar a alfafa geneticamente modificada
da Monsanto sem que fosse feito um completo
estudo de impacto ambiental.
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Moratória da soja
ganha boletim trimestral
08-05-2007 - Manaus (AM)
- Publicação pretende encorajar
a indústria de alimentos a compartilhar
esforços para salvar a Amazônia
O Greenpeace lançou
nesta terça-feira a primeira edição
do boletim ‘Amazônia Viva!’, informativo
trimestral sobre a moratória sobre
novos desmatamentos para plantio de soja na
Amazônia brasileira. O boletim é
destinado principalmente aos empresários
da indústria de alimentos e aos agentes
do agronegócio.
Com a publicação,
o Greenpeace pretende encorajar outras indústrias
de alimentos, redes de supermercados e cadeias
de restaurantes, no Brasil e na Europa, a
se envolver na iniciativa e compartilhar esforços
para salvar a Amazônia.
A moratória foi anunciada
em julho de 2006 pela Associação
Brasileira das Indústrias de Óleos
Vegetais (Abiove) e pela Associação
Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec),
que controlam cerca de 90% do comércio
de soja no Brasil. As duas entidades e seus
membros, dentre os quais se destacam as maiores
comercializadoras de soja do mundo – Cargill,
Bunge, ADM, Dreyfus e Amaggi –, assumiram
o compromisso após intensa pressão
do Greenpeace, movimentos sociais, consumidores
e empresas compradoras.
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Nova audiência sobre
transgênicos revela fatos e desvenda
mitos
08-05-2007 – Brasília
- Encontro foi realizado pela Comissão
de Ciência e Tecnologia da Câmara
dos Deputados e contou com a participação
de integrantes dos ministérios representados
na CTNBio, cientistas e entidades da sociedade
civil. Tema central foi a Lei de Biossegurança
brasileira e os resultados obtidos por ela
nos últimos dois anos.
O tema era a Lei de Biossegurança
e seus resultados em dois anos de existência,
mas a audiência pública realizada
terça-feira (dia 8 de maio) na Câmara
dos Deputados, em Brasília, serviu
mais para revelar fatos sobre os transgênicos
que geralmente são omitidos – e até
mesmo escondidos – por seus defensores, além
de desfazer alguns mitos sobre o assunto.
A audiência, realizada
pela Comissão de Ciência e Tecnologia
da Câmara, contou com a participação
de integrantes de ministérios que estão
representados na Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio),
cientistas e membros de entidades da sociedade
civil, entre elas o Greenpeace.
“A reunião durou
mais de duas horas e teve muita polêmica.
Procuramos em nossa apresentação
questionar alguns mitos dos transgênicos
e analisar o atual funcionamento da CTNBio”,
afirma João Alfredo Telles Melo, consultor
de políticas públicas do Greenpeace
que esteve presente à audiência
pública.
Segundo João Alfredo,
os destaques do encontro foram as intervenções
de Rubens Nodari (Ministério do Meio
Ambiente), que criticou a falta de transparência
da CTNBio e a falta de procedimentos para
a liberação comercial de transgênicos
no Brasil, e de Magda Zanoni (Ministério
do Desenvolvimento Agrário), que fez
uma defesa apaixonada da necessidade dos cientistas
abordarem o tema da engenharia genética
multidisciplinarmente, com foco na sustentabilidade.
Jogar luz em alguns mitos
dos organismos geneticamente modificados é
fundamental para que os fatos possam aparecer
com clareza. A falsa polarização
entre ciência (dos defensores dos transgênicos)
e obscurantismo (dos opositores) é
um dos principais mitos que turvam a discussão.
“O debate inclui cientistas
a favor e contra, mostrei que essa era uma
visão reducionista, como se devêssemos
considerar ciência apenas a engenharia
genética, desconsiderando outros ramos
científicos, como a Ecologia com sua
abordagem sistêmica, a defesa da biodiversidade,
a ética, a responsabilidade social”,
avalia João Alfredo.
Um outro mito atacado de
frente durante a audiência era sobre
o crescimento das plantações
de OGMs no mundo. Além de ser restrito
a poucos países (EUA, Argentina e agora
também Brasil e Índia), o aumento
não determina que o assunto é
consenso e muito menos encerra a discussão.
“O crescimento na produção
de grãos (inclusive de transgênicos)
não acabou com a fome no mundo, como
previam as empresas de biotecnologia há
10 anos, e muitos países estão
impondo barreiras aos OGMs, como é
o caso do Uruguai, Grécia e outros
países da União Européia”,
enumera João Alfredo, lembrando que
68 das 109 indústrias de alimentos
que atuam no Brasil aderiram à lista
verde livre de transgênicos do Guia
do Consumidor do Greenpeace.
Nova reunião da CTNBio
será aberta
A reunião da Comissão
marcada para os dias 17 e 18 de maio, em Brasília,
será novamente aberta ao público
e o Greenpeace e demais entidades da sociedade
civil que querem garantir a biossegurança
dos brasileiros estarão lá para
participar. O encontro discutirá uma
série de pedidos de liberação
comercial de organismos geneticamente modificado,
entre eles sete variedades de milho.
A reunião deverá
contar ainda com a participação
dos deputados federais integrantes da Comissão
de Ciência e Tecnologia da Câmara.
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Algodão transgênico
provoca contaminação no Paraná
08-05-2007 – Curitiba -
Fiscais da Secretaria de Agricultura paranaense
encontraram germinações voluntárias
ao longo da rodovia PR-090, no norte do estado.
Germinações
voluntárias de algodão transgênico
foram encontradas no norte do Paraná
por técnicos da Secretaria Estadual
de Agricultura e do Abastecimento, durante
fiscalização de rotina sobre
o uso do solo agrícola. A contaminação
foi descoberta próximo à estrada
PR-090, que liga os municípios de Bela
Vista do Paraíso à Alvorada
do Sul.
Amostras das plantas encontradas
ao longo da estrada paranaense (vários
pés de algodão, já florindo)
foram analisadas pelo laboratório da
Secretaria e o resultado deu positivo para
sementes de BT e RR (ambas da Monsanto), cujo
cultivo e comercialização são
proibidos no país.
O relatório Registros
de Contaminação Transgênica
2006, lançado pelo Greenpeace em fevereiro,
revela que o perigo ganhou proporções
assustadoras em 2006, quando houve um recorde
de casos em todo o mundo. (Confira aqui algumas
correções ao relatório)
No décimo ano de
cultivo comercial das variedades geneticamente
modificadas (iniciada em 1996), foram registrados
em diversos países 15 casos de contaminação
genética e nove de liberação
ilegal do produto no meio ambiente – como
no caso do algodão encontrado no Paraná.
Para o engenheiro agrônomo
fiscal Marcelo Silva, do Departamento de Fiscalização
e Defesa Agropecuária (Defis) da Secretaria
de Agricultura, a semente ilegal de algodão
deve ter caído de um caminhão,
germinando à beira da estrada.
“Esse fato demonstra o risco
de proliferação descontrolada
de plantas transgênicas não permitidas”,
afirmou Marcelo Silva. Na opinião do
agrônomo, a Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio)
deveria observar essas ocorrências como
um exemplo de como uma liberação
de plantio de plantas modificadas geneticamente
pode provocar contaminações
nas lavouras.
Para o secretário
da Agricultura do Paraná, Valter Bianchini,
o caso é um alerta para o risco do
transporte e plantio de lavouras transgênicas
ilegais.
“As sementes podem se deslocar
de um lugar para o outro de forma involuntária.
A preocupação é evitar
o plantio e a disseminação de
culturas transgênicas não permitidas,
que podem ameaçar a sanidade e a qualidade
das lavouras paranaenses”, afirmou Bianchini.
O caso será comunicado
ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP)
e ao Ministério da Agricultura, que
decidirão o que fazer com as plantas
encontradas.