10
de Maio de 2007 - Adriana Brendler - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro -
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
afirmou hoje (10) a posição
contrária do ministério em relação
à utilização de energia
nuclear no país.
Para a ministra, o Brasil
deve continuar perseguindo formas alternativas
de energia que o mantenham em posição
ambiental favorável. “Nós temos
45% da matriz energética limpa”, disse.
“É uma vantagem diferencial que nenhum
país tem, nós devemos continuar
perseguindo essa matriz energética
limpa e sem riscos, porque no caso da energia
nuclear tem um problema grave em relação
à deposição dos resíduos.”
Ela falou à imprensa
após o anúncio da desarticulação
de quadrilha que desviava dinheiro da cobrança
de ingressos para o Parque Nacional da Tijuca,
em operação da Polícia
Federal (PF) e do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis
(Ibama).
Marina Silva destacou a
capacidade de diversificação
energética do país e citou os
potenciais da hidroeletricidade e da biomassa.
“Só o primeiro distrito florestal que
estamos implementando tem capacidade de 400
megawatts de energia, e vamos implementar
mais seis desses pólos, então
nós temos um potencial enorme”. Os
distritos florestais sustentáveis são
áreas delimitadas com prioridade para
atividades que tenham sustentabilidade dos
pontos de vista social e ambiental.
O incremento da utilização
da energia nuclear no país, com a retomada
da usina de Angra 3, foi proposto pelo presidente
Lula como alternativa caso o Ibama não
libere a construção das usinas
hidrelétricas do Rio Madeira.
O assunto estará
em pauta na próxima reunião
do Conselho Nacional de Política Energética,
segundo informou ontem (9) o ministro das
Minas e Energia, Silas Rondeau. Ele afirmou,
no entanto, que a construção
de Angra 3 “é algo de caráter
mais estratégico do que meramente chegar
e colocar uma usina nuclear para funcionar”.
E concluiu: “Eu diria seguramente que o substituto
às hidrelétricas do Madeira
não será Angra 3. A menos que
essas hidrelétricas não saiam
de jeito nenhum”.
De acordo com Marina Silva,
a autorização ou não
para as hidrelétricas do Rio Madeira
é uma questão complexa que está
tratada em nível institucional. “Temos
que tratar isso com naturalidade, e é
da natureza do nosso trabalho enfrentar processos
complexos. É da natureza do Ministério
do Meio Ambiente fazer a mediação
entre as tensões do desenvolvimento
e da preservação”. Sobre uma
definição de prazo para a decisão
final, ela disse que sua pasta aguarda informações
pedidas ao Ministério das Minas e Energia
para avançar no processo.
“Vamos fazer a análise
das informações, e nessa questão
de prazos o que é o que a sociedade
quer? Que a gente possa ser eficiente, dar
a resposta no momento oportuno sem que isso
signifique uma imposição de
um setor em relação a outro.
Nós estamos trabalhando com o sentido
da necessidade estratégica do país
em dois níveis: de proteger o meio
ambiente e de produzir energia. Uma coisa
não tem que ser em oposição
à outra”, avaliou.
A ministra afirmou que nos
últimos aumentou a capacidade de resposta
às demandas de liberação
ambiental. “Em 2003 eram 45 hidrelétricas
paradas por judicialização [questionamento
na Justiça], hoje não temos
mais nenhuma em processo judicial”, disse.
“Era uma média de 145 licenças
dadas por ano, e nós chegamos ao final
de 2006 com 272 licenças dadas por
ano com apenas uma judicializada. Isso significa
que aumentou a capacidade de resposta, sem
se perder a eficiência e o sentido da
nossa missão que é a de viabilizar
a proteção do meio ambiente.”