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RESEX CAZUMBÁ-IRACEMA: MODELO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2007

11 May 2007 - Localizada no Estado do Acre, a Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema consegue compatibilizar os conceitos de uso responsável dos recursos naturais e conservação da biodiversidade.

Com uma área de 1000 mil hectares nos municípios de Sena Madureira e Manuel Urbano, a Resex abriga cerca de 270 famílias (aproximadamente 1,3 mil habitantes), que vivem do extrativismo de castanha-do-Brasil, pesca, artesanatos de borracha e sementes, agricultura e pecuária de subsistência.

“Trata-se de um bom exemplo de gestão participativa para o resto do país”, define Ana Euler, técnica do WWF-Brasil, lembrando que os moradores têm boa qualidade de vida considerando padrões regionais e um bom nível de organização comunitária.

Um importante passo, a ser atingido ainda em 2007, é a aprovação do plano de manejo da reserva. Trata-se do principal documento para a implementação de uma Resex, pois define as diretrizes básicas de uso, ocupação e gestão.

Ana Euler relata que, diversas vezes, o governo cria as reservas extrativistas e depois as abandona. A maioria das Resex, algumas criadas há 15 anos, não conta com planos de manejo até hoje. “Isso desvirtua o papel de uma unidade de conservação, pois transforma a criação de uma reserva em um mero ato administrativo de regularização fundiária, com pouco efeito prático para garantir a conservação”, comenta.

A técnica do WWF-Brasil ressalta que o processo de elaboração e aprovação dos planos vem acontecendo de forma participativa. “Foram realizadas diversas consultas na comunidade”, informa.

Além disso, acrescenta ela, as discussões e decisões oficiais acontecem no âmbito do conselho deliberativo, composto por lideranças locais, instituições federais e estaduais e organizações não-governamentais envolvidas na região. O WWF-Brasil ocupa uma cadeira no conselho, assim como representantes das comunidades locais, de organizações não-governamentais que atuam na região e do poder público.

O principal líder da Resex Cazumbá-Iracema, Aldeci Cerqueira Maia, conhecido por Nenzinho, acompanhou a equipe do WWF-Brasil pela reserva, mostrando os projetos que garantem o desenvolvimento sustentável das comunidades locais. “Tudo aqui foi construído com muita luta, sempre levando em conta dois aspectos: participação comunitária e sustentabilidade”, destaca.

O líder comunitário mostra, orgulhoso, o projeto de criação de tartarugas, antas, capivaras e porcos-do-mato, cujo principal objetivo é fazer a reposição de espécies ameaçadas e garantir, de forma sustentável, a alimentação das famílias.

A idéia é que a comunidade coma os animais nascidos em cativeiro, preservando aqueles que vivem na floresta. “Explico para as crianças que eu não vou viver o suficiente para comer as antas que começamos a criar aqui, mas elas e os seus filhos certamente terão essa oportunidade”, explica.

Nenzinho também mostra o projeto de plantas medicinais desenvolvido na Resex, com apoio da embaixada da Itália. “Vamos fazer aqui uma farmácia viva, para que os moradores possam se curar, sempre que possível, usando os recursos da floresta”, prevê.

Plano de manejo
Dentre os componentes do plano de manejo está o plano de utilização da reserva, que foi concluído em abril. De acordo com Juan Negret, técnico em educação ambiental do WWF-Brasil, trata-se de um documento de extrema importância para a gestão do território da reserva. “As várias normas do plano de utilização, que são elaboradas pela própria comunidade, regulamentam as atividades produtivas, fundamentam princípios de convivência e propõem penalidades em caso de descumprimento das regras”, explica.

A Resex Cazumbá-Iracema foi criada em 2002, por meio de decreto assinado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. A reserva ocupa terras que foram inicialmente desapropriadas para a realização de assentamentos, que não se concretizaram.

Na década de 11000, devido ao declínio dos preços da borracha – até então, principal atividade da região – houve um êxodo dos seringais para os centros urbanos no Acre. Muitas famílias, sem a qualificação necessária para conseguir empregos, recorriam ao crime ou à prostituição para sobreviver.

O líder comunitário recorda que, em 1991, convidou 12 famílias para repovoar o Núcleo Cazumbá (comunidade que deu origem à Resex) e fundar uma associação comunitária. O grupo conseguiu se organizar e obteve importantes conquistas, como um gerador de energia, em 1993, a escola fundamental, em 1994, e um posto de saúde em 1996. “Com o tempo, mais famílias se instalaram aqui”, conta.

Atualmente, a escola da comunidade já oferece o ensino médio – a primeira turma formou-se em 2006 – e quase 200 casas já foram erguidas em regime de mutirão com subsídios do governo federal. Além disso, a comunidade começou a operar este ano uma pousada ecológica, utilizando mão-de-obra local e construída com recursos de um prêmio ganho por Nenzinho em 2005.

Continuidade

Nenzinho, 45 anos, tem um casal de filhos. Kátia da Silva Maia, 25, pretende seguir os passos do pai. Ela concluiu, em 2006, a formação de técnica florestal na Escola da Floresta, em Rio Branco, uma iniciativa do governo estadual do Acre.

Em 2006, a escola formou 58 técnicos, que receberam durante um ano de formação uma bolsa de estudos custeada pelo WWF-Brasil. “Considero muito boa a qualidade do ensino que recebi. Estou preparada para voltar à Cazumbá-Iracema e dar continuidade à luta de meu pai pelo desenvolvimento sustentável de nossas comunidades”, declara.

Além de fazer parte do conselho da Cazumbá-Iracema, o WWF-Brasil apóia a conclusão do plano de manejo da Resex, a construção dos acordos de convivência comunitários, a capacitação dos membros do conselho e a realização de reuniões periódicas para discutir o plano. Os técnicos e consultores da instituição também visitaram a reserva e contribuíram para a qualificação técnica do processo.

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Manaus sedia Curso Introdutório para Gestores de Unidades de Conservação na Amazônia

07 May 2007 - WWF-Brasil e IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas) promovem a nona edição do "Curso Introdutório de Gestão de Unidades de Conservação da Amazônia”, entre 8 e 17 de maio, no Centro Mariápolis, em Manaus. Com 24 participantes, entre membros de ONGs, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS) do Amazonas e do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), o principal objetivo do curso é capacitar gestores que possam auxiliar a consolidar as novas unidades de conservação criadas pelo Programa ARPA (Áreas Protegidas da Amazônia) e fortalecer a gestão das unidades existentes na Amazônia.

O curso aborda noções básicas e orientações para a gestão de unidades de conservação, integrando questões sociais e ambientais relacionadas à paisagem e ao contexto regionais. Durante os nove dias do curso serão abordados temas como: evolução dos problemas ambientais no Brasil e na Amazônia, legislação referente às unidades e políticas públicas.

Um dos destaques é o Ciclo de Gestão Adaptativa, que engloba planejamento, implementação e instrumentos de execução, sustentabilidade financeira e monitoramento e avaliação da gestão. As etapas deste Ciclo de Gestão orientam a realização dos programas desenvolvidos para o cumprimento de funções atribuídas às unidades de conservação, tais como: incentivar a pesquisa científica, proteger a diversidade biológica, preservar os ecossistemas e o uso sustentável os recursos naturais. Além de educação ambiental, visitação pública e turismo ecológico.

É o quarto ano consecutivo que a WWF Brasil e o IPÊ promovem os cursos de gestão de unidades de conservação, que foi elaborado com o apoio de representantes do IBAMA, do Ministério do Meio Ambiente e de OEMAs e ONGs dos estados do Amapá, Acre e Amazonas. O curso já teve edições nos estados do Amapá, Acre, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia e Roraima. Em 2007, estão previstos mais dois cursos introdutórios, um em Rio Branco, no Acre, no mês de setembro, e outro em Santarém, no Pará, em novembro.

 
 

Fonte: WWF-Brasil (www.wwf.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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