16
de Maio de 2007 - Nielmar de Oliveira - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro -
A energia proveniente de fontes nucleares
é uma realidade na matriz energética
brasileira e o país precisará
de quatro a oito novas usinas atômicas
para poder suprir o crescimento da demanda
por energia até 2030. A afirmação
foi feita hoje (16), no Rio de Janeiro, pelo
secretário de Desenvolvimento e Planejamento
do Ministério de Minas e Energia, Márcio
Zimermmann, ao participar do 19º Fórum
de Altos Estudos que acontece na sede do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES).
“Quando se fala em energia
nuclear, fala-se em uma opção
com que o país tem que trabalhar para
frente. No nosso planejamento energético
de longo prazo, mesmo você tendo um
cenário de colocação
de 4 mil megawatts de hidrelétrica
por ano até 2030, ainda assim eu vou
ter a necessidade de construção
de seis a oito plantas nucleares – o equivalente
a 8 mil megawatts até 2030. E isto
sem considerar Angra 3”.
O secretário do Ministério
de Minas e Energia disse, ainda, que a usina
de Angra 3 é uma alternativa que consta
do Plano Decenal de Atendimento de Energia
elaborado pelo governo e agora em processo
de revisão, confirmando que a possibilidade
da retomada das obras da unidade estará
em pauta na próxima reunião
do Conselho de Política Energética
(CNPE).
“No Plano Decenal de 2006-2015
a usina de Angra 3 consta como uma alternativa.
Porque ela tem preços compatíveis
com outras fontes que são realidade
aqui no Brasil. Agora que estamos chegando
próximo à necessidade de nós
termos a complementação de fontes
para atender-mos este mercado é razoável
que este assunto volte a ser discutido no
CNPE”.
Zimermmann ressaltou, porém,
que a possibilidade da retomada das obras
de construção de Angra 3 é
uma decisão que não depende
apenas do setor elétrico. “Esta não
é uma decisão apenas do setor
elétrico: ela é mais complexa.
Na verdade isto implica em uma decisão
[opção] de país. E é
claro que quando esta decisão vier
a ocorrer é porque a opção
pela ampliação da oferta nuclear
já terá sido tomada”.
A defender a viabilidade
da energia atômica, o secretário
ressaltou o fato de que o custo médio
de uma usina nuclear é de aproximadamente
R$ 150 o megawatt-hora, enquanto ao de uma
usina térmica movida a gás natural
chega a R$ 170 o megawatt-hora. Sobre a questão
política que envolve a opção
do país pela retomada do seu programa
de geração de energia nuclear,
Zimermmann foi categórico ao afirmar
que esta é uma opção
com que o país tem que trabalhar daqui
para frente. O secretário informou
que o Plano Nacional de Energia que está
sendo revisto pelo governo estará sendo
divulgado deixa claro esta necessidade.
Para o secretário
de Desenvolvimento e Planejamento, a alternativa
nuclear como fonte de energia é hoje
uma realidade. "Quando você pega,
por exemplo a matriz energética americana
você vê que 50% provém
da queima de carvão e outros 20% é
óleo. Na França hoje, 80% já
é geração nuclear e vários
país já estão reativando
os seus programas nucleares”, relata.
A questão nuclear
foi citada recentemente pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva como alternativa
para o país, caso haja a continuidade
de problemas para construir novas usinas hidrelétrica.
Contudo, a idéia é questionada
por movimentos ambientais e até dentro
do próprio governo, como se manifestou
recentemente a ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva.