17/05/2007
- O Brasil pretende instituir a certificação
socioambiental para o etanol num prazo de
três a quatro anos, informou o ministro
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
Reinhold Stephanes, a um grupo de parlamentares
da Baviera, na Alemanha, que veio conhecer
a cadeia produtiva sucroalcooleira. No encontro,
ele também revelou que a meta do País
para os próximos 10 anos é aumentar
a área plantada de cana-de-açúcar
destinada à produção
de álcool combustível de 3 milhões
de hectares para 9 milhões de hectares.
“Temos condições
de conduzir esse processo (de expansão
da área de cultivo de cana) respeitando
as questões ambientais e sociais, além
de produzir um produto de qualidade”, disse
o ministro. A adoção da certificação
socioambiental, acrescentou, é uma
das medidas a serem adotadas pelo Governo
Federal para atestar ao mercado consumidor,
interno e externo, que o álcool combustível
foi processado a partir de cana procedente
de canaviais onde os proprietários
obedecem as normas ambientais e cumprem a
legislação trabalhista.
A agropecuária brasileira,
destacou Stephanes, ocupa hoje cerca de 300
milhões de hectares. Do total, quase
180 milhões são destinados a
pastagens, onde há ao redor de 40 milhões
de hectares degradados. “Vamos recuperar as
áreas improdutivas e nelas expandiremos
o cultivo de cana.” O ministro lembrou que
atualmente as lavouras da cultura totalizam
6 milhões de hectares. “Só metade
disso é usada para obtenção
de etanol, ou seja, apenas 1% de toda área
agrícola e pecuária do País.”
O restante atende a indústria de açúcar,
cachaça etc.
Stephanes reiterou ainda
a intenção do Governo Federal
de transferir tecnologia para instalar usinas
na América Central e na África,
que têm condições climáticas
semelhantes às do Brasil. “Queremos
que o plantio de cana também cresça
nessas regiões. É preciso evitar
que o mercado fique dependente de um ou dois
fornecedores.” O desenvolvimento da cultura
em outros países, enfatizou, dará
mais segurança às nações
interessas em consumir etanol, uma energia
limpa.
O ministro disse também
que o Brasil está negociando com o
Japão um acordo para fornecimento de
álcool combustível. “No futuro,
provavelmente a União Européia
se interesse em importar o nosso etanol.”
Ao mesmo tempo, Stephanes afirmou que não
entende por que os Estados Unidos não
cobram taxas das importações
de petróleo – matriz energética
altamente poluente -, mas fixaram tributos
elevadíssimos para entrada do etanol
brasileiro naquele mercado. “Esperamos que
isso não se repita em outros países.”
A delegação
de parlamentares da Baviera informou que a
Alemanha está interessada em conhecer
melhor a cadeia produtiva de etanol do Brasil
e as tecnologias usadas na industrialização
do produto. Além de Brasília,
o grupo de deputados alemães visitou
plantações de cana e usinas
na região de Ribeirão Preto
(SP), um dos principais pólos nacionais
do setor sucroalcooleiro.
Além do ministro,
participaram do encontro o secretário
de Relações Internacionais do
Agronegócio, Célio Porto, o
diretor do Departamento de Cana-de-Açúcar
e Agronergia, Ângelo Bressan, o coordenador
da área de biossegurança do
Mapa, Marcus Vinicius Coelho, o diretor de
Promoção Internacional do Agronegócio,
Eduardo Sampaio Marques, e o coordenador-geral
de Assuntos Multilaterais, Luiz Cláudio
Carmona.
+ Mais
Seminário definirá
projeto para criação de pequenas
usinas de álcool
18/05/2007 - Os ministérios
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), da Ciência e Tecnologia (MCT)
e a Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil (CNA) realizam
no dias 21 e 22 de maio o I Seminário
de Tecnologia para a Pequena Produção
de Álcool (Tecppa). O objetivo do evento
é definir um projeto viável
para a pequena produção, dos
pontos de vista econômico, técnico
e social, capaz de inserir produtores independentes
de cana-de-açúcar (fornecedores)
e a agricultura familiar na cadeia produtiva
do álcool. A abertura do seminário
será na segunda-feira (21/05), às
14h, no auditório da CNA, em Brasília.
A expectativa da Comissão
Nacional da Cana-de-Açúcar da
CNA é de que a definição
de um projeto para pequenas unidades industriais
para produção de álcool
(etanol), poderá, além de aumentar
a produção nacional, beneficiar
cerca de 100 mil famílias de pequenos
produtores e agricultores familiares em todo
o País. “No Tecppa vamos buscar este
modelo alternativo para implantação
de pequenas usinas de álcool. Esse
formato desempenhará um importante
papel na geração de emprego
e renda, no fortalecimento da agricultura
familiar e do cooperativismo”, disse o presidente
da Comissão de Cana-de-Açúcar
da CNA, Edson Ustulin.
Segundo levantamento da
CNA, atualmente o álcool produzido
no Brasil é proveniente de 358 usinas
sucroalcooleiras, que utilizam, em sua maioria,
cana própria. “Somente 22% da cana
utilizada pelas usinas é fornecida
por produtores independentes (até 1000/t).
São cerca de 45 mil fornecedores no
Brasil todo”, explica José Ricardo
Severo, assessor técnico da Comissão
da CNA. A participação dos fornecedores
já foi bem maior. O mesmo estudo revela
que os produtores já foram responsáveis
por 60% da cana processada pelas usinas. “Com
a realização do Tecppa, o setor
vai encontrar os arranjos produtivos necessários
para implementar um modelo capaz de aumentar
a renda destes pequenos produtores”, comenta
Severo.
Durante o Tecppa serão
realizados quatro painéis: O papel
das pequenas usinas de álcool na sociedade;
Arranjos Produtivos Locais (APLs) aplicados
à produção baseada em
pequenas usinas de álcool; Viabilidade
técnica e econômica de pequenas
usinas de álcool; Comercialização,
legislação, logística
e qualidade para o álcool produzido
por micro e pequenas usinas. No final do seminário
serão apresentadas as conclusões
de cada painel e o modelo alternativo será
definido.
O Tecppa terá, dentre
outros palestrantes, Eduardo Soriano (MCT),
Alexandre Strapasson (Mapa), Wang Hsiu Ching,
do Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Francisco
Dutra Melo, da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), além de representantes da Petrobras
e da Agência Nacional do Petróleo
(ANP).