Panorama
 
 
 

CRIADA NOVA FRENTE PARLAMENTAR PARA DEFENDER OS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2007

23 de Maio de 2007 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Com o objetivo de defender os interesses das comunidades indígenas e de discutir projetos que regulamentam os direitos dos índios previstos na Constituição Federal, foi criada hoje (23) no Congresso Nacional uma nova Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas – outras foram instaladas em legislaturas anteriores.

“A idéia é instrumentalizar o parlamento brasileiro, que não conta com representação étnica, para votar, em especial, matérias de interesse dessa população, além de frear posturas legislativas contrárias aos direitos dos índios, como a demarcação de terras”, resumiu o deputado Eduardo Valverde (PT-RO), que preside a Frente.

Valverde explicou que a garantia dos território indígenas homologados será um dos pontos principais de atuação da Frente. Ele lembrou que persistem no país disputas de terras entre índios e fazendeiros. Como exemplo, citou os conflitos entre os habitantes da reserva Raposa Serra do Sol (RO) e plantadores de arroz da região, que contestam na Justiça a demarcação da área.

“Vamos fazer uma barreira política para que o Congresso não dê eco às reivindicações dos arrozeiros, que detêm em Roraima um pedaço de terra maior que o estado de Pernambuco”, afirmou. Na áreas, com mais de 1,7 milhão de hectares, vivem cerca de 18 mil índios de várias etnias.

A Frente, composta por cerca de 170 deputados e senadores, também pretende lutar pela aprovação de medidas que garantam dinheiro para ações afirmativas e de proteção à cultura dos povos indígenas, além do Estatuto dos Povos Indígenas, que tramita há 14 anos na Congresso Nacional.

Segundo o secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Éden Magalhães, a discussão sobre pontos do Estatuto precisa ser atualizada e a instalação da Frente permitirá analisar e acrescentar propostas. “A Frente facilitará também a criação de uma comissão com o objetivo de reunir todas as propostas relativas aos índios que tramitam na Câmara, a fim de evitar que prevaleçam interesses contrários aos dessa população", disse.

Entre os pontos polêmicos do Estatuto que ainda precisam de debate, Magalhães citou a regulamentação da extração de recursos naturais de territórios demarcados. Ele disse esperar que ainda nessa legislatura a Frente se mobilize pela aprovação do Conselho de Política Indigenista, proposto em 2006 na 1ª Conferência Nacional dos Povos Indígenas. O Conselho seria composto por integrantes do governo e dos povos indígenas, e teria funções deliberativas e consultivas em áreas como saúde e educação.

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Índios e negros se unem no Amazonas contra o racismo nas instituições

24 de Maio de 2007 - Amanda Mota - Repórter da Agência Brasil - Manaus - Representantes do movimento civil organizado de indígenas e negros do estado realizaram hoje (24) uma manifestação conjunta para pedir mais atenção às políticas públicas específicas aos dois grupos, a preservação das culturas desses povos e o combate ao chamado racismo institucional – situações de discriminação que partem de instituições públicas ou privadas.

Para o presidente da União dos Povos Indígenas de Manaus (Upim), Aldenor Tikuna, essa união representa um esforço no sentido de garantir a implementação de políticas públicas que atendam às necessidades de ambas as populações.

"O ponto comum entre negros e índios no Amazonas está justamente na busca pela implementação de políticas que de fato atendam a nossas necessidades. Esse evento conjunto também permite maior conhecimento de uns sobre os outros, o que nos fortalece como movimento organizado e para exigir um aporte melhor por parte das autoridades e do poder público", disse Tikuna.

Dulce Batista, integrante da equipe de coordenação do Fórum Permanente Afro-Descendente do Amazonas, concorda com a opinião do líder da Upim e destaca a importância das discussões que envolvem a temática. Ela informou que, desde 2004, o Fórum Permanente Afro-Descendente do Amazonas reúne mensalmente membros de organizações não-governamentais, estudantes, pesquisadores, professores e Ministério Público para discutir os problemas enfrentados na região e encaminhar soluções ao poder público.

O coordenador do programa de Políticas de Gênero, Raça e Inclusão da Secretaria de Direitos Humanos de Manaus, Alvino Lemos, considera que tanto o movimento negro, quanto o movimento indígena, são movimentos historicamente oprimidos. Para Lemos, todas as formas de opressão devem ser combatidas.

"Isso tudo tem a ver com direitos humanos. Percebemos que a partir dessa visão, todas as opressões tem de ser combatidas e, na medida em que dois grupos que se sentem marginalizados e se unem para enfrentar a situação, o movimento ganha vida e força para esse combate, que é necessário", destacou Lemos.

O governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), informou que até o fim deste ano será instituído o Fórum Estadual para Promoção da Igualdade Racial, que atuará no sentido de acompanhar e estabelecer ações efetivas para o combate ao racismo.

De acordo com a Fundação dos Povos Indígenas do Amazonas (Fepi), em todo Amazonas vivem cerca de 120 mil índios, divididos entre 66 povos. Eles ocupam cerca de 27% do território estadual, o equivalente a 157 milhões de hectares. Não existem dados oficiais sobre o número de negros vivendo no Amazonas.

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Parteiras xavante pedem na Funai grupo de trabalho para reconhecer prática

25 de Maio de 2007 - Yara Aquino - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Parteiras xavante participam de reunião na sala do presidente da Funai, Márcio Meira.

Brasília - Ai´Utedzapari´Wa Nõri Parteiras A´Uwê Xavante quer dizer "aquela que recebe a criança" na terminologia xavante. Em outras palavras, são as parteiras que, na busca de manter a tradição, se encontraram hoje (25) com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, e entregaram uma carta em que pedem a criação de um Grupo de Trabalho Indígena Xavante.

A intenção é fortalecer, valorizar e reconhecer a prática das parteiras pelos órgão federais. A criação do grupo de trabalho esta entre as resoluções do encontro de parteiras xavante, que terminou ontem (24), em Brasília. O presidente da Funai se comprometeu a criar o grupo e apoiar o reconhecimento profissional das parteiras.

“Nesse sentido temos que reconhecer sim, na perspectiva intercultural, que existe um profissionalismo que os povos indígenas desenvolvem na sua perspectiva. Não é um profissionalismo no sentido que nós brancos damos, mas no sentido que eles dão nos seus próprios termos culturais”, destacou Meira.

O diretor da Associação Xavante Warã, Hiparidi Top'tiro, afirma que a tradição deve ser recuperada até mesmo entre as índias que muitas vezes procuram atendimento médico na cidade no momento do parto. De acordo com ele, nos últimos cinco anos, cerca de 70% das mulheres xavante grávidas recorreram a hospitais em cidades vizinhas às aldeias para ter bebê.

Quanto ao reconhecimento profissional das parteiras, uma das propostas é a remuneração. “Vamos estudar, afiando junto com os ministérios que vão sentar com a gente para discutir qual o melhor jeito de fazer”, explica Hiparidi Top'tiro.

A gerente da área de medicina tradicional indígena da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Luciana Ferreira, alerta que é preciso criar condições para sustentar a prática das parteiras nas comunidades sem ter um impacto negativo na organização do sistema de parto. Isso por que cada grupo indígena tem procedimentos próprios e, caso se institucionalize, esse processo pode acabar descolado do contexto comunitário e desestruturar um sistema organizacional do povo.

“È preciso ver como essa especialidade, que é construída dentro do sistema cultural xavante, pode ser reconhecida pelo sistema oficial de saúde ao articular o sistema médico oficial à medicina tradicional indígena e aí perceber estratégias de sustentabilidade deste sistema”, afirma Luciana Ferreira.

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Parteiras Xavante têm primeiro encontro para discutir reconhecimento de seu trabalho

21 de Maio de 2007 - Juliana Andrade - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Nos últimos cinco anos, cerca de 70% das mulheres Xavante grávidas recorreram a hospitais em cidades vizinhas às aldeias para ter bebê, índice considerado “escandaloso” pelo representante da associação Xavante, Hiparidi Top'tiro.

Segundo ele, os partos por cesariana vêm aumentando entre as índias e, para reduzir esses índices, a associação defende o reconhecimento do trabalho das parteiras pelo sistema nacional de saúde.

O tema será discutido durante o Primeiro Encontro Parteiras Xavante, que começa hoje (21) às 19h30 em Brasília e termina na quinta-feira (24).

“A gente quer que [o trabalho das parteiras] seja valorizado e que possa ser consultado para atender a demandas na saúde das mulheres indígenas, por isso a gente está vindo e entregando a proposta”, explicou Hiparidi Top'tiro, em entrevista ao Repórter Nacional Manhã, da TV NBr.

De acordo com o Top'tiro, cada índia Xavante tem dez filhos, em média. Ele disse acreditar que “se o órgão responsável pela saúde indígena (Fundação Nacional de Saúde, a Funasa) começar a valorizar, a respeitar as parteiras dentro das aldeias”, o percentual de mulheres que recorrem aos serviços de saúde nas cidade diminuirá.

Hiparidi Top'tiro também afirmou que com o aumento das cesarianas, muitas parteiras “ficam sentindo que não tem mais espaço na aldeia”. Como parte das atividades do encontro será apresentado o livro Ai´Utedzapari´Wa Nõri Parteiras A´Uwê Xavante, que reúne o conhecimento tradicional do povo Xavante e o registro de técnicas medicinais, alimentícias e ritualísticas.

O evento é promovido pela Associação Xavante Warã em parceria com a Coordenação Geral de Educação da Fundação Nacional do Índio (CGE-Funai), Área de Medicina Tradicional Indígena - Projeto Vigisus II - Funasa e Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN).

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Índios mantêm bloqueio de rodovia no Maranhão

22 de Maio de 2007 - João Porto - Da Rádio Nacional da Amazônia - Brasília - Indígenas da etnia Guajajara mantêm o bloqueio da BR-226, no trecho que liga a cidades de Barra do Corda a Grajaú, no Maranhão, desde o dia 8. Representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e dos indígenas ainda não chegaram a um acordo, pois querem que a Funai reabra seu núcleo em Barra do Corda.

O procurador do Ministério Público Federal no Maranhão, Luis Carlos Oliveira Júnior, que está cuidando das negociações, disse após visita à Reserva Cana Brava que os indígenas vão liberar a rodovia durante o dia e manter o bloqueio à noite. Segundo ele, os Guajajara se comprometeram a retirar a ameaça de incendiar as torres de transmissão de energia da Eletronorte, o que interromperia o abastecimento de energia em Barra do Corda.

A assessoria de imprensa da Funai informou que ainda não há previsão de data para uma reunião com as lideranças indígenas, que segundo o procurador estão dispostos a negociar. Ele lembrou que os bloqueios na BR-226 começaram quando a Funai extinguiu os três núcleos de apoio local para a criação de uma administração regional.

Um dos núcleos, explicou, era controlado pela etania Guajajara e o outro, pela etnia Canela. "Os dois grupos não se entendem. Existe uma rivalidade muito forte e não acreditam que com uma única administração regional, por maior que seja, haja entendimento, já que eles não conseguem conviver em uma mesma repartição", acrescentou.

A BR-226 liga Natal, no Rio Grande do Norte, a Wanderlânida, em Tocantins, e corta os estados de Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão e Tocantins. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, na região de Barra do Corda e Grajaú passam em média mil veículos por dia.

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Reféns de índios Tembé podem ser liberados no Pará

25 de Maio de 2007 - Ana Luiza Zenker e Elaine Borges - Da Agência Brasil e da Rádio Nacional da Amazônia - Brasília - Dois representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), entre eles o superintendente do Instituto em Belém (PA), Cristiano Martins, e três técnicos da Fundação Nacional do Índio (Funai) continuam como reféns dos índios Tembé do Alto Rio Guamá.

Eles estão na sede da associação indígena local, em Capitão Poço (PA), e até o início da noite de hoje (25) as 19h de hoje (25), os índios já tinham aceitado a proposta apresentada pelo Incra, com algumas modificações. A liberação dos reféns, no entanto, depende da assinatura do acordo pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e do aval de Cristiano Martins e do procurador da República no Pará, Felício Pontes Junior.

A proposta do Incra garante os recursos necessários para a continuação do processo de reassentamento dos produtores rurais e a desocupação dos módulos B e C do território indígena. Os Tembé solicitaram a inclusão do módulo D no acordo, para que ele também seja desocupado até o final de 2007.

“O módulo D ficaria para o ano que vem, mas isso não estava bem 'amarrado'. Sabendo que será ano de eleição, nós aceitamos o acordo se o Incra incluísse o módulo D com os outros dois módulos”, disse o cacique Ednaldo Tembé. Apenas o módulo A já foi desocupado pelos colonos.

O superintendente do Incra em Belém informou que foi apresentada uma “proposta de resolução dos pontos levantados, de reassentamento de famílias que têm de ser retiradas da terra indígena”. Ele explicou que um termo de compromisso, de 2003, previa reassentar cerca de 1.200 famílias, mas não foi cumprido "por conta de algumas liminares". O Incra, completou, não conseguiu que processos de desapropriação de terras e de retomada judicial de terras públicas fossem liberados pelo Poder Judiciário.

O termo de compromisso, de acordo com o cacique, já foi encaminhado para assinatura do ministro Cassel e chegaria hoje por fax. “Aí, o coordenador do Incra de Belém dá o aval, passa para o Ministério Público, o doutor Felício está só esperando chegar lá, ele dá o aval, devolve para a gente, e o pessoal está liberado”, acrescentou.

Os representantes do Incra e os técnicos da Funai foram feitos reféns na manhã de ontem (24), logo após uma reunião em que apresentaram, ao lado de integrantes do Ministério Público Federal, um balanço dos reassentamentos realizados desde 2004. Os resultados não agradaram aos índios nem aos colonos.

De acordo com o técnico Juscelino Bessa, da Funai, com os reféns os índios e colonos pretendem “pressionar por agilidade na resolução dos problemas”. Entre esses problemas, citou a saída e o reassentamento dos posseiros, a fiscalização das terras indígenas e a retirada ilegal de madeira da área.

O conflito entre os índios da região do Alto Rio Guamá, os produtores rurais e órgãos do governo dura cerca de 15 anos, desde que a terra, de 279 mil hectares, foi homologada como propriedade indígena. Na década de 1970, cerca de 1.100 famílias já viviam no local, como posseiros. Os acordos entre as partes são feitos desde 1996, quando começou a retirada dos colonos.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)

 
 
 
 

 

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