22 de Maio de 2007 - Elaine
Borges - Da Rádio Nacional da Amazônia
- Brasília - Qual é o maior
rio do mundo? Será o Nilo, na África,
ou o Amazonas, no Brasil? Em busca da resposta,
a expedição científica
À Nascente do Rio Amazonas partiu nesse
domingo em direção ao Peru,
para medir a extensão do rio.
Durante os dez dias da expedição,
os pesquisadores e documentaristas brasileiros
terão o apoio de cientistas peruanos.
A equipe quer identificar a verdadeira origem
do Rio Amazonas, onde ele começa a
correr de fato. Eles vão coletar dados
das principais quebradas, também chamadas
de córregos, que originam as águas
do Amazonas.
Para realizar a tarefa,
a equipe vai dispor de carros com tração,
do tipo 4x4, e em alguns momentos terão
de percorrer parte do trajeto a pé.
A aventura vai exigir um pouco mais da equipe:
na subida de montanhas eles terão de
praticar montanhismo ou alpinismo. Eles serão
guiados por especialistas peruanos em andinismo.
Paulo Roberto, pesquisador
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), considera a expedição
importante. "Acho que é importante,
na medida em que, a gente aprende a conhecer
o planeta de uma maneira melhor. No caso,
por exemplo do Amazonas, a gente sabe que
esses nevados [os picos nevados dos Andes]
são indicadores de mudanças
climáticas."
O pesquisador ressalta que
um dos trabalhos é desenvolver um método
universal de medição que permita
usar novas tecnologias como as imagens de
satélite e o geoprocessamento. Esse
novo método será aplicado a
qualquer rio do planeta.
As medições
existentes adotam procedimentos que seguem
a corrente do rio de maior vazão e
não de maior comprimento. Nessa análise,
o rio Amazonas, segundo dados do INPE, pode
chegar a mais de 6.800 metros de comprimento.
Depois da expedição,
os integrantes se reunirão com cientistas
peruanos para chegar a um consenso sobre a
extensão do Rio Amazonas.
+ Mais
Governo e sociedade civil
debatem criação do Comitê
de Gestão de Bacias Hidrográficas
do Alto Tocantins
20 de Maio de 2007 - Marcos
Chagas - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O Ministério
da Integração Nacional, bem
como instituições governamentais
como a Agência Nacional de Águas
(ANA), apostam na discussão direta
com a sociedade civil e a população
para tentar resolver conflitos que envolvem
questões ambientais e obras vinculadas
ao Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), como a construção
de usinas hidrelétricas.
Na última semana,
foi discutido em Brasília a criação
do Comitê de Gestão de Bacias
Hidrográficas do Alto Tocantins em
um seminário promovido pelo ministério
e a ONG ambientalista Ecodata, que reuniu
prefeitos, associação de moradores,
grandes produtores e técnicos dos governas
das três esferas.
A região do Alto
Tocantins é conhecida como "berço
das águas" por representar o segundo
maior bioma do país, espalhado por
Goiás, Tocantins e Distrito Federal.
Ao todo são 87 municípios, somando
1,5 milhão de hectares.
"A interlocução
entre os opostos, no tocante à necessidade
de ampliação da capacidade geradora
de energia no Brasil, para garantir o crescimento
necessário para a geração
de emprego e massa de trabalhadores é
inevitável", reconhece o coordenador-geral
de Relações Institucionais do
ministério, Aguinaldo Moraes da Silva.
O técnico defende
que ao governo buscar uma "construção
coletiva", para que, na busca de um consenso
de interesses, se possa chegar a um acordo
entre os setores governamentais responsáveis
pelo crescimento da matriz energética,
ambientalistas e moradores da região.
"Uma das qualidades
desse governo é a disposição
para o diálogo, a ampliação
dos mecanismos de gestão participativa
e o reconhecimento e o fortalecimento das
organizações sociais",
destaca Aguinaldo Moraes.
O coordenador-geral de Assessorias
da Agência Nacional de Águas
(ANA), Antonio Felix Domingues, é mais
incisivo na busca deste consenso. "A
região está sendo afetada por
atividades econômicas importantes, que
vão impactar a bacia, como é
o caso da geração de energia
elétrica. O rio Tocantins, por exemplo,
tem a previsão de implantação
de diversas usinas hidrelétricas",
alertou.
Felix Domingues ressaltou
que não só a previsão
de usinas hidrelétricas na região,
mas outras duas questões afetarão
diretamente a bacia hidrográfica da
região: a instalação
de mineradoras e a expansão da fronteira
agrícola da cana-de-açúcar.
"Hoje em dia, os maiores empreendimentos
neste setor (mineração) montados
no Brasil estão sendo feitos na Bacia
do Araguaia/Tocantins, como o do níquel
e outros minerais estratégicos".
A decisão política
do governo de se tornar um dos maiores produtores
de biocombustível do mundo é
outro problema que, no máximo em 10
anos, atingirá o cerrado do Alto Tocantins
na opinião do técnico da ANA.
Ele destaca o fato de a área de produção
da cana-de-açúcar, em São
Paulo, já estar esgotada, o que fez
com que os produtores investissem em Minas
Gerais e Goiás. "A próxima
fronteira será a Bacia do Araguaia/Tocantins",
aposta.
Samuel Barreto, da ONG WWF/Brasil,
afirmou que o importante é trazer as
organizações da sociedade civil
e representantes da própria população
como associações de moradores
e agricultores para este debate. E ressalta
a necessidade de se combinar desenvolvimento
social, econômico e ambiental.
"O uso dos recursos
hídricos tem que atender a questões
como a geração de energia (hidrelétricas),
agricultura e consumo individual, mas o que
não dá é para fazer o
uso indiscriminado. Para isso é preciso
a discussão com órgãos
do governo federal, governos estaduais, mas
sobretudo com a população",
afirma o ambientalista.
O presidente da Ecodata,
Donizetti Torkarski, acredita que o comitê
de gestão é o fórum ideal
para tentar um consenso entre os vários
interesses colocados. "Não podemos
ficar fora deste processo", afirma, ao
lembrar que a definição de uma
política ambiental não pode
excluir a discussão com as pessoas
diretamente afetadas.
"Já temos diversos
conflitos pontuais como uso de geração
de energia e turismo e a questão dos
produtores rurais com a utilização
da água para irrigação.
O fórum pode dar este uso racional".
+ Mais
Lançado plano para
desenvolvimento do turismo sustentável
na bacia do Rio São Francisco
24 de Maio de 2007 - Irene
Lôbo e Sabrina Craide - Repórteres
da Agência Brasil - Brasília
- A bacia hidrográfica do Rio São
Francisco ganhou hoje (24) um plano de ações
estratégicas para o desenvolvimento
do turismo de forma sustentável. O
programa foi apresentado em Salvador (BA),
durante o Fórum de Articulação
Estadual do Programa de Revitalização
da Bacia Hidrográfica do São
Francisco, com a presença de mais de
50 instituições da sociedade
civil e do governo.
O plano, segundo informação
divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente,
foi construído em parceria com a Secretaria
de Desenvolvimento Rural Sustentável
do ministério e foi elaborado durante
quatro anos, com a participação
de 1000 pessoas.
O coordenador do plano no
ministério, Fernando Ferreira, informou
que um levantamento prévio feito antes
do lançamento do plano identificou
223 municípios ao redor do São
Francisco com potencial para o turismo. Entre
os atrativos, além do próprio
rio, estão as usinas hidrelétricas,
as represas, a agricultura irrigada para o
cultivo de frutas, arqueologia e a própria
cultura sertaneja.
O plano prevê 385
ações, mais de 30% delas voltadas
para a infra-estrutura e a maioria (60%) a
ser desenvolvida nos próximos dois
anos, com investimentos de cerca de R$ 13
milhões. De acordo com Ferreira, a
maior parte dos municípios escolhidos
tem carências na área de saneamento
básico, que por isso será prioritária
no plano. O coordenador lembrou que o Plano
de Aceleração do Crescimento
(PAC) prevê a implantação
de sistemas de tratamento de esgoto nos 101
municípios que se situam às
margens do rio São Francisco.
“O turismo não espera
que a gente tenha isso equacionado para ocorrer,
as demandas turísticas vão surgindo
à revelia da nossa vontade”, lembrou.
O coordenador do Programa
de Revitalização da Bacia Hidrográfica
do São Francisco no ministério,
Maurício Laxe, citou algumas atrações
turísticas já existentes na
parte do rio que corta a Bahia e que serão
beneficiadas com o plano. São elas
a Chapada Diamantina, o lago de Sobradinho,
a região da lagoas marginais que vão
desde Bom Jesus da Lapa até a fronteira
com Minas Gerais e a região do Lago
Xingó, onde futuramente será
criado o Parque Nacional do Cânion do
São Francisco.