22 de Maio de 2007 - Alana
Gandra - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - A soja atualmente
possui grande produção e oferta
no país. Dentro do planejamento do
governo de ampliar a produção
de biodiesel, o produto pode ajudar, mas ainda
possui um rendimento menor do que outras espécies
como, mamona e dendê. Mas poucas espécies
estão com um domínio tecnológico
capaz de entrar nos requisitos para a produção
massiva que demanda a Lei do Biodiesel. No
caso da soja, que tem cerca de 18% de óleo,
quase 80% da produção nacional
se destinam ao farelo, proteína para
ser agregada à cadeia de proteína
animal. A soja produz em média 700
litros de biodiesel por hectare, quase um
treço a menos que outras espécies.
Segundo o chefe-geral da
Embrapa Agroenergia, Frederico Durães
Durães, para a consolidação
do programa de biodiesel no Brasil, será
preciso sair do patamar de 600 a 800 litros
de óleo por hectare, produzido pelo
cultivar da soja, e entrar em espécies
que podem nos levar a patamares de rendimento
agrícola superiores a mil litros por
hectare. É o caso das palmáceas,
como a macaúba, babaçu, buriti
e o dendê. “As palmáceas e outras
espécies semi-perenes ou perenes poderia
ampliar a produtividade a patamares superiores
a 3 mil ou 4 mil litros por hectare”.
A quantidade de óleo
produzida pela soja ainda apresenta um patamar
baixo. “Mas, em função da área
plantada, do volume de produção
nacional que temos no momento, ou seja, da
distribuição, da logística
e da disponibilidade, a soja contribui massivamente
para a oferta de matéria-prima de curto
prazo. Por isso, nós precisamos contar
com ela”, esclareceu o chefe-geral da Embrapa
Agroenergia.
O Brasil já tem domínio
tecnológico para produção
de biodiesel a partir das palmáceas.
“O que nós precisamos é ampliar
a nossa capacidade de inovação
dentro dessa espécie e colocá-la
em escala comercial do ponto-de-vista energético”,
destacou Durães. Ele informou que a
capacidade de produção de óleo
de dendê pode chegar em torno de 4 mil
a 7 mil litros por hectare. Ao contrário
da soja, que começou no Rio Grande
do Sul e hoje se estende até o Maranhão
e o Centro-Oeste, o dendê está
concentrado na Amazônia tropical úmida
e na região cacaueira da Bahia.
Frederico Durães
analisou que a cultura do dendê não
vai se expandir pelo país no curto
prazo, porque ela tem uma adaptação
ecológica específica, aproveitando
condições tropicais de alta
temperatura e alta precipitação
(chuvas). Os estudos realizados pela Embrapa
do ponto-de-vista de arranjos tecnológicos
têm observado como a palmácea
se propaga mantendo a identidade genética,
mas com ganhos de eficiência. É
analisado também como podem ser feitos
melhoramentos de espécies para obtenção
de ganhos de seleção. “Ou seja,
que possam ser melhores do que os cultivares
do passado ou dos cultivares comerciais do
presente”, disse o chefe geral da Embrapa
Agroenergia.
O terceiro ponto do estudo
objetiva ver como se estabelecem sistemas
de produção de dendezais que
possam ser comercialmente explorados. Os pesquisadores
da Embrapa verificam ainda quais são
os ganhos de eficiência nos processos
de conversão do óleo vegetal
de dendê para o biodiesel de dendê
e seus vários subprodutos. “Essa é
a questão fundamental no curto prazo”,
indicou.
No médio prazo, Durães
avaliou que com algum sistema de manejo acoplado,
o dendê poderá ser colocado em
condições de cerrado, desde
que irrigado. Ele acredita que algum trabalho
de melhoramento adaptativo poderá ser
feito para agüentar faixas de temperatura
diferentes daquelas altas e constantes de
regiões equatorianas.
+ Mais
Pesquisadores brasileiros
estudam produção de etanol a
partir de enzimas de resíduos vegetais
20 de Maio de 2007 - Alana
Gandra - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - A produção
de biocombustível a partir da celulose
pode ser alcançada antes do que estimam
os especialistas. A Embrapa Agroindústria
de Alimentos, unidade da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
sediada no estado do Rio de Janeiro, está
desenvolvendo estudos para a produção
do etanol a partir de enzimas extraídas
do bagaço da cana-de-açúcar
e de outros resíduos agrícolas
e florestais, como madeiras.
A pesquisadora Sonia Couri,
responsável pelo Laboratório
de Processos Fermentativos da Embrapa Agroindústria
de Alimentos, disse à Agência
Brasil que atualmente parte do bagaço
da cana é utilizado para queima em
caldeiras. Mas que grande parte desse resíduo
poderá ser utilizada, através
dessa bioconversão, usando enzimas
específicas, ou seja, celulose, para
a produção de etanol.
A pesquisadora reconhece
que o processo de obtenção dessa
enzima não é uma coisa muito
fácil. “Hoje, já existem algumas
biorefinarias que estão produzindo,
mas a um custo muito alto quando você
compara a produção do álcool
a partir da cana ou a partir do amido, que
é a um preço muito menor do
que utilizar esse material, porque você
tem um outro processo acoplado, que é
a hidrólise da celulose”, explicou.
Sonia Curi estima que para
ser viável o custo desse processo teria
de diminuir cerca de 50 vezes. A meta da Embrapa,
porém, é produzir uma enzima
que seja eficiente e muito mais barata do
que é hoje. A produção
no Brasil dessas enzimas permitirá
ao país reduzir a dependência
das importações e os custos
inerentes a essas operações,
uma vez que a maior parte dessas matérias-primas
é adquirida no exterior e chega ao
Brasil com um preço três vezes
maior do que o cobrado no país de origem,
salientou Sonia Couri.
A diminuição
dos custos estaria atrelada, segundo analisou,
ao incentivo à produção
dessas enzimas pelas indústrias nacionais,
destacando a própria indústria
que vai produzir o etanol. “Depende muito
de políticas de incentivo e também
de investimentos”, avaliou a pesquisadora
da Embrapa Agroindústria de Alimentos.
Nos Estados Unidos, os investimentos programados
no setor de biocombustíveis atinge
em torno de US$ 1 bilhão.
A estatal, vinculada ao
Ministério da Agricultura, decidiu
partir para esse estudo em função
de experiência realizada desde 1986
na produção de enzimas celulolíticas
(ricas em celulose) para a indústria
de alimentos. Foram estudadas várias
frutas, oleaginosas e sementes, extraindo-se
óleo por um sistema aquoso, utilizando
enzimas, em vez de usar um solvente orgânico,
que é muito tóxico. Sonia Couri
salientou ainda que o processo de produção
do etanol via enzima de celulose envolve uma
tecnologia mais limpa, que não agride
o meio ambiente. “Qualquer tipo de resíduo
é menos poluente, desde que seja vegetal”,
observou Couri.
Para viabilizar a produção
dos microorganismos que produzem essas enzimas,
a pesquisadora revelou que a Embrapa está
lançando também um grande projeto
de florestas plantadas energéticas.
Será estudado o aproveitamento dos
resíduos de florestas de eucaliptos
e pinhos para a produção de
biocombustíveis, além de outras
aplicações consideradas mais
convencionais, afirmou.
Couri informou, ainda, que
outros institutos de pesquisa, como a Universidade
de Campinas (Unicamp) e o Instituto de Química
da Universidade Federal do Rio de Janeiro
também estão efetuando pesquisas
sobre a produção de biocombustíveis
no Brasil, com apoio da Financiadora de Estudos
e Projetos (Finep), do Ministério da
Ciência e Tecnologia, e da Petrobras.
+ Mais
Impacto ambiental de refinaria
de petróleo em Pernambuco será
tema de audiência pública
22 de Maio de 2007 - Marcia
Wonghon - Repórter da Agência
Brasil - Recife - Representantes da sociedade
pernambucana vão poder fazer críticas
e dar sugestões ao projeto ambiental
elaborado por exigência do Ministério
do Meio Ambiente, para implantação
da nova refinaria de petróleo da Petrobrás,
que vai ser construída no complexo
industrial e portuário de Suape, na
região metropolitana do Recife.
Os detalhes do estudo, feito
por técnicos da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE), em parceria com representantes
da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento
(Fade) serão apresentados amanhã
(23), em audiência pública promovida
pela Agência Estadual de Meio Ambiente
- antiga Companhia Pernambucana de Recursos
Hídricos (CPRH) - no porto de Suape,
onde vai ser construído o empreendimento.
A Petrobrás fornecerá
transporte para facilitar o acesso das pessoas
até o local do evento. A audiência
vai reunir também, o governador Eduardo
Campos, além de políticos, empresários
e representantes de instituições
públicas.
“É importante que
as pessoas possam opinar sobre o projeto,
até para enriquecer o parecer técnico
que vai ser emitido por uma equipe de químicos,
biólogos, geólogos, sociólogos,
engenheiros e advogados”, afirmou o presidente
da CPRH, Hélio Gurgel.
Ele destacou que é
preciso adotar medidas para minimizar os riscos
de contaminação do ar e do solo
já que se trata do uso de elementos
em estados gasoso e líquido de diferentes
combinações químicas.
“A Petrobrás assegurou vai utilizar
equipamentos de precaução com
segurança, o que nos tranqüiliza
com relação a proteção
ambiental”, declarou.
A refinaria, que será
construída em parceria com a estatal
de petróleo da Venezuela (PDVSA), vai
gerar 10 mil empregos durante a fase de construção
e 1,5 mil no período de operação.
A nova unidade, com previsão
de início de obras no segundo semestre
deste ano, poderá abastecer, a partir
de 2011, os mercados do Norte e Nordeste com
produtos como nafta, diesel, gás de
cozinha e coque de petróleo, combustível
sólido para uso em caldeiras de termelétricas
e siderúrgicas. A refinaria terá
capacidade de processar até 200 mil
barris de petróleo por dia.
+ Mais
Biocombustível pode
ser uma revolução para economia
e população paraguaia, diz Lula
21 de Maio de 2007 - Érica
Santana - Enviada especial - Assunção
(Paraguai) - O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva disse hoje (21) que o biocombustível
pode significar uma revolução
para a economia e a população
do Paraguai.
"Os biocombustíveis
são fonte de energia barata, renovável
e limpa. Geram empregos no campo, agregam
valor à produção agrícola,
ajudam a proteger o meio ambiente e diversificam
a pauta exportadora”, afirmou, durante a abertura
do seminário sobre biocombustíveis,
que ocorre no país vizinho.
Lula destacou que o país
tem "todas as vantagens competitivas"
para se tornar um "grande produtor"
de biocombustíveis. Ele acrescentou
que o governo paraguaio já deu um passo
crucial nesse sentido. Atualmente, o país
mistura 24% de etanol na gasolina e 5% do
biodiesel no óleo diesel.
O presidente voltou a afirmar
que o Brasil deseja compartilhar com o Paraguai
a sua experiência na área. Hoje
(21), os dois países assinaram um memorando
de entendimento para estimular a indústria
e o comércio do produto no país.
“Vamos trabalhar juntos para explorar os mercados
emergentes com esse combustível genuinamente
paraguaio”.
Por fim, Lula disse ter
conversado com o presidente Nicanor Duarte
sobre a necessidade de a América do
Sul se integrar energeticamente.
"Nossas riquezas naturais
nos fazem uma das poucas regiões auto-suficientes
em energia. Ao aumentar o suprimento de biocombustíveis,
ajudaremos a fazer do etanol e do biodiesel
verdadeiras commodities no mercado internacional”.