31/05/2007 - Adriano Ceolin
- Integrantes do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (Conama), do governo e da sociedade
civil avaliaram positivamente o painel de
debates "Impactos, Vulnerabilidades e
Adaptação às Mudanças
Climáticas no Brasil" nesta quarta-feira
(31). O evento fez parte da 50ª reunião
extraordinária do conselho, que ocorreu
nos dias 29 e 30 de maio, no Rio de Janeiro.
Ao todo, foram 15 apresentações
de especialistas que abordaram os resultados
dos relatórios do Painel Intergovernamental
de Mudanças Climáticas (IPCC).
"As palestras forneceram aos conselheiros
informações que subsidiarão
as decisões futuras do Conama",
disse o secretário-executivo do Ministério
do Meio Ambiente (MMA), João Paulo
Capobianco.
O secretário lembrou
que o Conama é um órgão
que congrega diferentes setores da sociedade
civil e dos governos, por isso terá
papel fundamental nas discussões sobre
medidas de adaptação e mitigação
em relação às mudanças
climáticas. "O Conama vai assumir
uma função importante, já
que é um espaço privilegiado
para os debates", disse Capobianco.
Um dos responsáveis pela organização
do painel, o diretor do Conama, Nilo Diniz,
destacou que o evento contou com os maiores
especialistas do Brasil em mudanças
climáticas. "As informações
que eles passaram servirão como bom
termo de referência tanto para o Conama
como para a Secretaria de Mudanças
Climáticas do MMA", disse.
Representante do Instituto
Maranhense de Recursos Hídricos (IMARH)
no Conama, o conselheiro Francisco Iglesias
também tem uma avaliação
positiva sobre evento. "As palestras
ajudam a equalizar o conhecimento sobre o
assunto", disse.
O conselheiro João
Carlos De Carli, representante da Confederação
Nacional da Agricultura (CNA), também
aprovou o painel, mas defendeu a realização
de mais debates sobre o aquecimento global.
"Eu ainda tenho muitas dúvidas.
Há muita coisa ainda sendo tratada
como possibilidade. Nós precisamos
ter mais certezas para poder tomar decisões",
disse.
No primeiro dia da sua 50ª
reunião extraordinária, o conselho
aprovou duas resoluções sobre
a Mata Atlântica e apreciou 14 moções.
+ Mais
Ministra abre a 50ª
Reunião Extraordinária do Conama
no Rio de Janeiro
29/05/2007 - Adriano Ceolin
- Iniciou na manhã desta terça-feira
(29), no Rio de Janeiro, a 50ª Reunião
Extraordinária do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (Conama). O encontro terá
dois temas principais: a regeneração
de florestas da Mata Atlântica e as
mudanças do clima. Segundo a ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva, que participou
da abertura do evento, as discussões
do Conama são oportunas. "Essa
reunião acontece num momento importante,
quando o país está sendo chamado
a dar sua contribuição (no enfrentamento
das mudanças do clima) e pode fazer
juz à potência ambiental que
é".
A ministra fez um balanço
das ações do MMA nos últimos
quatro anos. Citou a queda no desmatamento,
resultado do esforço de uma comissão
interministerial coordenada pela Casa Civil.
"Trabalhamos com 13 ministérios
questões importantes, como: ordenamento
territorial e fundiário, combate às
práticas ilegais e apoio às
práticas produtivas sustentáveis",
disse.
Marina Silva também
destacou as ações feitas pelo
Ibama em parceira com a Polícia Federal
(PF). "Já foram 18 grandes operações.
A PF criou 27 delegacias especializadas em
combate a crimes ambientais. Foram desconstituídas
cerca de 1.500 empresas criminosas. E já
foram presas cerca de 500 pessoas envolvidas
em crimes ambientais".
No evento, foram firmados
três acordos: dois de cooperação
técnica entre o governo federal e o
estado do Rio de Janeiro e um terceiro que
envolve também Minas Gerais. Esse último
acordo consiste num protocolo de compromissos
para revitalizar e recuperar uma área
degradada no município carioca de Itaguaí,
onde funcionava um porto que escoava produtos
de Minas Gerais para o Rio. A área
pertencia à Companhia Mercantil Industrial
do Ingá e há anos está
abandonada e poluída com metais pesados
como o zinco. Além dos dois estados
e do Ibama, o protocolo envolve também
a massa falida da Companhia Ingá e
prevê uma série de medidas: desde
a despoluição da área
até o retorno das atividades do porto.
O governador do Rio, Sérgio
Cabral, enalteceu a 50ª Reunião
Extraordinária do Conama no Rio e comemorou
a assinatura dos acordos com o governo federal.
"Essa reunião aqui no Rio é
a prova da descentralização
[das decisões]. É o desejo de
ficar próximo de cada canto do Brasil",
disse. O secretário de Meio Ambiente
de Minas Gerais, José Carlos Carvalho,
também participou do evento.
Durante a cerimônia
de abertura, a ministra Marina Silva salientou
também a importância do processo
de reestruturação do Ibama e
de criação do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade.
"A reestruturação é
complexa e muitas vezes não é
compreendida, mas eu tenho imensa satisfação
em dialogar de coração aberto
e tranqüilo com a sociedade brasileira,
com o Congresso Nacional e os meus parceiros
servidores", disse ela.
A reunião do Conama
terá continuidade nesta quarta-feira
(30), com o painel de debates "Impactos,
Vulnerabilidades e Adaptação
às Mudanças Climáticas
no Brasil". A 50ª reunião
extraordinária do conselho acontece
na Caixa Cultural, Teatro Nelson Rodrigues,
na Avenina República do Chile, 230,
na capital carioca.
+ Mais
Especialistas em clima fazem
alerta na 50ª Reunião Extraordinária
do Conama
30/05/2007 - Adriano Ceolin
- Evento do segundo dia da 50ª Reunião
Extraordinária do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (Conama), o painel "Impactos,
Vulnerabilidades e Adaptação
às Mudanças Climáticas
no Brasil" foi realizado nesta quarta-feira
(30) com a participação de 15
especialistas no assunto. Eles apresentaram
resultados de pesquisas e perspectivas de
futuro sobre diversas causas e conseqüências
do aquecimento global, informações
consideradas fundamentais para orientar futuras
decisões do Conama. As discussões
centraram-se nos dados apresentados nos últimos
três relatórios do Painel Intergovernamental
de Mudanças Climáticas (IPCC).
A secretária de Mudanças
Climáticas e Qualidade Ambiental do
MMA, Thelma Krug, fez a primeira apresentação
do dia. Integrante do IPCC, ela iniciou sua
fala transmitindo a constatação
de que a alteração do clima
é irreversível. "Nenhum
esforço de mitigação
será suficiente para impedi-la",
afirmou. No entanto, fez uma ressalva: "As
sociedades, de forma geral, estão se
adaptando aos impactos [das mudanças
do clima]".
De acordo com Thelma Krug,
o IPCC considera fundamental o papel dos governos
no processo de mudanças climáticas.
Contudo, alertou que, até o ano passado,
apenas seis países já haviam
produzido planos para as adaptações.
Por isso, segundo ela, o governo brasileiro
deu um importante passo ao criar a Secretaria
de Mudanças Climáticas e Qualidade
Ambiental. "É uma oportunidade
para desenvolver uma estratégia nacional",
afirmou.
O consultor do Núcleo
de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência
da República, Alberto Fonseca, defendeu
que é preciso conciliar desenvolvimento
com preservação ambiental. Argumentou
também em favor da necessidade de se
criar "uma consciência coletiva"
sobre o assunto. "E uma educação
de qualidade é a base para formar essa
consciência de preservação
para as próximas gerações",
disse.
Com dezenas de mapas e gráficos
dos relatórios do IPCC, o meteorologista
José Marengo, do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe), apresentou
aos conselheiros do Conama as diferentes conseqüências
do aquecimento. Ele deu ênfase à
questão das vulnerabilidades. "Não
podemos desenvolver adaptações
e mitigações sem conhecer as
vulnerabilidades", disse. Ele lembrou
que o aumento da temperatura causa impactos,
sobretudo, nas regiões mais pobres.
Outro palestrante a abordar
esse aspecto foi o médico Ulisses Confalonieri,
da Escola Nacional de Saúde Pública
(Fiocruz). Também integrante do IPCC,
ele demonstrou como o aquecimento global poderá
causar o aumento de algumas doenças.
No Brasil, citou que isso ocorrerá,
principalmente, no caso das doenças
transmitidas pela água. "Além
disso, a redução em 30% da produção
agrícola irá favorecer a desnutrição",
afirmou.
Negociador do governo brasileiro
em conferências das Nações
Unidas sobre mudanças do clima, o advogado
Haroldo de Oliveira Machado Filho abordou
as questões legais e fez um relato
sobre o histórico da atuação
do governo brasileiro nos últimos 12
anos. Como Marengo, também defendeu
uma atenção maior sobre as vulnerabilidades.
Um segundo grupo de palestrantes
deu destaque para os impactos das mudanças
climáticas nas áreas costeiras
e na agricultura. A professora Emília
Arasaki, da Universidade de São Paulo,
explicou como se dará elevação
do nível do mares. Gerente do Projeto
Integrado dos Ambientes Costeiros e Marinho
do MMA, o oceanógrafo Ademilson Zamboni
ampliou a discussão ao detalhar a erosão
dos litorais por conta do aquecimento.
Os impactos na agricultura
foram o principal tema do engenheiro agrícola
Jurandir Zullo, da Unicamp, e da ecóloga
Magda Aparecida de Lima, da Embrapa. Ele mostrou
projeções sobre o aumento da
temperatura para o cultivo de café
em diferentes regiões brasileiras.
Ela abordou os problemas e as adaptações
necessárias para o milho e para soja.
O terceiro grupo de palestrantes
concentrou-se nos impactos sobre Amazônia,
Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica.
Três dos seis participantes das discussões
também integram o IPCC. Eles, mais
uma vez, demonstraram os resultados dos relatórios
do grupo.
"De acordo com o IPCC,
se a temperatura do planeta aumentar em dois
graus, 30% das espécies de plantas
vão acabar. Até para mim, que
sou pesquisador, foi um choque saber disso",
disse o engenheiro eletrônico Carlos
Nobre, do Cptec/Inpe.
A reunião extraordinária
do Conama teve início nesta terça-feira
(29) na cidade do Rio de Janeiro. No primeiro
dia de trabalhos, a ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, e o governador do Rio de Janeiro,
Sérgio Cabral, fizeram a abertura do
evento e assinaram dois acordos de cooperação
e um protocolo de compromissos. No período
da tarde, durante reunião plenária,
o Conama aprovou duas resoluções
e apreciou 14 moções.
+ Mais
Conama aprova resoluções
sobre vegetação da Mata Atlântica
29/05/2007 - Adriano Ceolin
- O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)
aprovou, no primeiro dia da sua 50ª Reunião
Extraordinária, as duas últimas
propostas de resolução que definem
as vegetações primária
e secundária da Mata Atlântica
na Paraíba e em Minas Gerais - nos
estágios inicial, médio e avançado
de regeneração. Com essa decisão,
o Conama conclui um trabalho que teve início
há 13 anos.
Nesse período, foram
aprovadas as resoluções com
a definição das vegetações
primárias e secundárias dos
outros 14 estados do bioma. Essas definições
atendem a um dos dispositivos previsto na
Lei da Mata Atlântica, em vigor desde
2006 e são importantes para orientar
o licenciamento ambiental no bioma.
O diretor do Conama, Nilo
Diniz, ressaltou a importância das decisões
tomadas nesta terça-feira (29). As
propostas de resolução foram
aprovadas de forma unânime pelo colegiado.
"Trata-se de um dever de casa importante
que os estados conseguiram concluir",
disse.
O Conama também apreciou
16 moções. Quatro foram aprovadas,
oito retiradas de pauta, uma rejeitada e outra
recebeu pedido de vistas. "Fizemos um
excelente trabalho. Conseguimos limpar a pauta
de moções", avaliou o diretor
do Conama.
Nesta quarta-feira, o encontro
tem continuidade com a realização
do painel de debates Impactos, Vulnerabilidade
e Adaptação às Mudanças
Climáticas no Brasil, a partir das
8h. A maior parte dos palestrantes previstos
integra o Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC).