31/05/2007 Programa Água
das Florestas Tropicais Brasileiras prevê
plantio de 3,3 milhões de mudas nos
próximos cinco anos
A Femsa e os 17 grupos fabricantes
do refrigerante Coca-Cola no Brasil consomem,
em média, 2,21 litros de água
para produzir um litro da bebida. Esse número
é inferior ao da média mundial
do setor de bebidas e chega a 1,51 litro na
unidade da Femsa, em Jundiaí, que é
a maior fábrica da Coca-Cola em capacidade
de produção no mundo.
A preocupação
com as fontes de sua principal matéria-prima
levou o grupo a criar o Programa Água
das Florestas Tropicais Brasileiras, lançado
nesta quinta-feira (31/5), na Casa da Fazenda
do Morumbi, em São Paulo, em solenidade
que contou com as presenças do secretário
estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano,
da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
e dos presidentes Brian Smith, da Coca-Cola
Brasil, e Ernesto Silva, da Femsa - Divisão
Mercosul.
O secretário Graziano,
que estava representando o governador José
Serra, elogiou a iniciativa do grupo Coca-Cola
em promover a recuperação de
três mil hectares de matas ciliares,
com o plantio de 3,3 milhões de mudas,
nos próximos cinco anos, na região
da Serra do Japi, em Jundiaí, onde
se localiza uma das fábricas. Segundo
o secretário, o Estado tem hoje 1,7
milhão de hectares de áreas
degradadas ao longo de corpos d'água.
Por isso, entre as prioridades do Governo
do Estado, salientou, encontra-se o Projeto
de Recuperação de Matas Ciliares,
que já está desenvolvendo 15
projetos em cinco bacias hidrográficas,
envolvendo os proprietários rurais
e a comunidade no trabalho de plantio de mudas.
O envolvimento do setor
empresarial, no seu entender, é fundamental
para o sucesso de ações de recuperação
da cobertura vegetal. "Temos hoje proprietários
rurais interessados em recuperar áreas
de matas nativas e empresários com
disposição para investir no
plantio de mudas. Por isso, vamos lançar
a Bolsa de Áreas de Plantio no Estado,
para promover o encontro de interesses de
ambos os lados", anunciou.
Para a ministra Marina Silva,
o envolvimento do setor empresarial com a
questão ambiental constitui um fato
a ser comemorado, pois a degradação
da natureza constitui um grande problema de
toda a sociedade e as responsabilidades precisam
ser distribuídas entre todos. "Alguém
precisa dar o primeiro passo e o exemplo da
Coca-Cola deve ser seguido por outras empresas",
disse.
Lembrou que o Brasil dispõe
de 11% da água potável do mundo,
mas que esse recurso da natureza está
distribuído de forma desigual. Além
do semi-árido nordestino, segundo a
ministra, há regiões na Amazônia
enfrentando problemas de falta de água
por causa do desmatamento intensivo.
"Fiquei surpresa com
esta informação, mas isso constitui
um alerta para que o desenvolvimento se dê
em bases sustentáveis, sem excluir
as pessoas", afirmou.
Recuperação
de bacias hidrográficas
O Programa Água das
Florestas Tropicais Brasileiras é uma
iniciativa do Instituto Coca-Cola, que vai
investir R$ 27 milhões, sendo 50% das
empresas do grupo e outros 50% a serem captados
junto a outras empresas parceiras. Segundo
Brian Smith, "o programa demonstra o
comprometimento do Sistema Coca-Cola com o
meio ambiente, atuando na recuperação
de bacias hidrográficas e beneficiando
as comunidades do seu entorno". O programa,
que observa os princípios do Protocolo
de Kyoto, para se inserir no mercado de carbono,
tem a finalidade de reverter o impacto negativo
do desmatamento de matas ciliares.
A Fundação
SOS Mata Atlântica vai cuidar da mobilização
dos proprietários de terra e da comunidade.
Vai ainda efetuar o monitoramento da qualidade
da água envolvendo as escolas da região,
que vão receber jogos com reagentes
químicos e físicos, e orientação
para o seu uso, num trabalho que visa ao mesmo
tempo a conscientização da população
sobre a importância da conservação
da vegetação ao longo dos rios.
Segundo o diretor da fundação,
Mário Mantovani, mais de 800 habitantes
da região serão envolvidos nesse
programa. "A população
tem de participar ativamente para o sucesso
do programa", concluiu.
Texto: Newton Miura
Foto: José Jorge