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USINAS HIDRELÉTRICAS: IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS E ALTERNATIVAS ENERGÉTICAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2007

Debate em Porto Velho só tem manifestantes contra a instalação das hidrelétricas

31 de Maio de 2007 - Sabrina Craide - Repórter da Agência Brasil - Porto Velho (RO) - Alunos da Escola Estadual Barão do Solimões, de ensino fundamental e médio, participam do debate A construção das hidrelétricas do Rio Madeira, impactos socioambientais e alternativas energéticas.

Porto Velho (RO) - As pessoas preocupadas com as conseqüências das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau para o meio ambiente e para a população de Rondônia puderam expor seu ponto de vista em um evento organizado na noite de ontem (30) pela Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior (Andes) – Região Norte. Representantes do Comitê Pró Usinas do Rio Madeira foram convidados a participar do debate, mas não compareceram, assim como as empresas Furnas e Odebrecht, responsáveis pelos estudos do projeto.

As duas hidrelétricas que o governo federal quer construir somam 6.450 megawatts – aproximadamente metade da potência de Itaipu, a usina mais potente do país. A obra, uma das principais previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), depende da concessão de licença prévia pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre a viabilidade ambiental.

O professor de sociologia da Universidade Federal de Rondônia (Unir) Luís Novoa, um dos membros do fórum, acusa os empreendedores da obra e o governo federal de travar a discussão sobre o tema. Para ele, a ausência de representantes da empresa Furnas demonstra a falta de compromisso e de diálogo com a população. "O discurso de inclusão, de participação no desenvolvimento local não corresponde à prática de uma população absolutamente à mercê, relegada, que vai ser tratada como foram as populações dos grandes empreendimentos hidrelétricos do Brasil", alertou.

O professor Artur Moret, coordenador do Instituto Madeira Vivo, falou sobre as características técnicas das usinas. Para ele, faltam estudos e informações sobre os efeitos da obra. "Como você vai ter impactos positivos, se há impactos ambientais e sociais graves? Isso tudo precisa ser pensado", disse. Questões ligadas a violência, saúde pública, transporte e vias urbanas também foram destacadas por Moret. "A cidade não está preparada e não vai ter dinheiro para isso", afirmou.

O morador da comunidade de Santo Antônio José Alves Pereira, 66 anos, conhecido como Zé Riqueta, foi aplaudido de pé pelo público ao contar sua história e suas expectativas negativas em relação às usinas. Ele conta que deverá ter parte da sua propriedade alagada se elas forem construídas. "Energia é bom, mas o Rio Madeira é melhor. Vamos deixar o rio em paz para os ribeirinhos", conclamou. Para ele, se tiver que sair da beira do rio, não vai encontrar outro lugar tão bom para morar.

Os alunos do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Barão do Solimões tiveram que assistir ao debate e fazer uma redação para a disciplina de língua portuguesa. A professora Maria Manaide Azevedo disse que, mesmo sendo contra a instalação das usinas, ela procura ser imparcial com os alunos. Segundo Azevedo, a participação no debate é uma forma de os alunos conhecerem os dois lados e tirarem suas conclusões.

Mesmo quem não participou do debate pôde ter uma amostra do pensamento daqueles que são contrários ao empreendimento. Do lado de fora do auditório, dois peixes em decomposição estavam expostos para chamar a atenção de quem passava. Junto a eles, as frases "Furnas, vá embora e leve seu lixo" e "Mais de 700 espécies de peixes".

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Estudo sobre impacto de projeto em Rondônia teve primeira versão em 2005

31 de Maio de 2007 - Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Os estudos ambientais das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, planejadas para o Rio Madeira, foram elaborados por um consórcio formado pela estatal do setor elétrico Furnas e pela empreiteira Odebrecht, que informam ter gastado até agora cerca de R$ 150 milhões no trabalho. Os documentos ficaram prontos em maio de 2005, mas, a pedido do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), as duas empresas interessadas no projeto tiveram que prestar sucessivos esclarecimentos ao órgão. As últimas complementações foram entregues no dia 11.

Obrigatórios desde a década de 80 para a construção e ampliação de empreendimentos que possam interferir no meio ambiente, o estudo de impacto ambiental (EIA) e o relatório de impacto ambiental (Rima) são instrumentos utilizados não apenas para avaliar os efeitos de uma determinada construção sobre um espaço ecológico, mas para definir programas de acompanhamento e de compensação dos possíveis danos à natureza.

Em 1986, uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) tornou obrigatória a elaboração do EIA/Rima para obra ou atividade que possa trazer prejuízos ambientais. Esses impactos estão listados na própria resolução. Em 1988, o Brasil tornou-se o primeiro país a introduzir, na Constituição, a necessidade do EIA para empreendimentos que possam provocar a degradação da natureza, como prevê o Artigo 225.

Versão resumida do EIA, o Rima, segundo a legislação ambiental brasileira, deve explicitar as conclusões do estudo. O relatório deve tornar públicas, em linguagem acessível, as vantagens e desvantagens de determinado empreendimento. O Ibama só pode liberar a licença ambiental após a aprovação do EIA/Rima.

O EIA e o Rima são de responsabilidade dos construtores, mas, no caso do setor elétrico, os dois documentos são elaborados antes da licitação da obra. Uma empresa interessada no empreendimento produz os estudos ambientais, mesmo correndo o risco de não conquistar o direito de construir a usina. Caso os autores do EIA/Rima não vençam o leilão, eles são reembolsados pelos vencedores da licitação.

É o que ocorre com as hidrelétricas do Rio Madeira. Em agosto de 2003, o consórcio formado por Furnas e Odebrecht comprometeu-se com o Ibama a preparar os levantamentos ambientais. Desde então, foram quase quatro anos de idas e vindas, entre apresentações de relatórios e contestações por parte do Ibama e do Ministério Público.

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Decisão sobre o Rio Madeira sairá em momento oportuno, diz ministra

31 de Maio de 2007 - Petterson Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva disse hoje (31), que a decisão sobre o licenciamento ambiental do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira sairá em momento oportuno, depois que todas as análises necessárias forem feitas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

“O completo do Madeira, as Usinas de Santo Antônio e Jirau estão em processo de avaliação dentro do Ibama. A manifestação será feira pela área técnica do Ibama em primeira instância e depois pelo diretor de licenciamento e, por último, com o próprio presidente do Ibama, que vão se manifestar no momento oportuno”.

As duas usinas que o governo federal quer construir no rio, em Rondônia, somam 6.450 megawatts – aproximadamente metade da potência de Itaipu, a usina mais potente do país. A obra depende da concessão de licença prévia pelo Ibama, que, em 23 de abril, publicou parecer recomendando a não-emissão da licença e pedindo a elaboração de um novo estudo de impacto ambiental (EIA) para o consórcio formado entre Furnas Centrais Elétricas e a Construtora Norberto Odebrecht.

No lugar de um novo EIA, foram aceitos estudos complementares, como em diversas outras ocasiões ao longo da análise da documentação. O consórcio os apresentou em 11 de maio e, na última sexta-feira (25), representantes do governo e especialistas os discutiram em reunião no Palácio do Planalto.

Hoje, em São Paulo, Marina Silva comentou sobre a complexidade de se viabilizar um empreendimento para construção de hidrelétricas. “O próprio empreendedor [ela refere-se ao consórcio Furnas-Odebrecht – que não é propriamente o empreendedor, que ainda não foi definido, mas um dos grupos interessados] encomendou um estudo ao Ministério Público do Estado de Rondônia, e foi feito um estudo que levantou questões importantes e significativas em relação a mercúrio, sedimento e peixe. Foram feitas mais de 40 perguntas sobre sedimentos, cerca de 20 perguntas sobre peixes e um conjunto de outras perguntas sobre mercúrio, e agora estão sendo analisadas as suas respostas. Estaremos nos manifestando com sentido de urgência mas sem que isso signifique qualquer negligência aos cuidados ambientais”.

A ministra salientou que não pode haver pressão para agilizar os licenciamentos sem analisar o impacto ambiental: “A equação que nós precisamos fechar é a seguinte: a viabilidade econômica do empreendimento tem que ser igual à viabilidade ambiental. Esse é o esforço do nosso século e isso é válido para o complexo do Rio Madeira e para todos os empreendimentos que teremos pela frente, da mesma forma que fizemos com os inúmeros que licenciamos ao decorrer desses quatro anos”.

Ela citou números de licenciamentos realizados. “Saímos de uma média de 145 licenciamentos por ano para um total de 272 licenciamentos por ano com baixíssima judicialização [embargo na Justiça] em comparação ao período anterior a nossa gestão. Um aumento de 70% na capacidade de licenciamento o Ibama”.

A ministra rebateu críticas e reclamações sobre uma possível morosidade nas análises. “Às vezes as pessoas reclamam não é pelo que não foi feito, é porque agora a forma de fazer está sendo bem mais adequada e isso, claro, leva a um certo tempo em casos que há complexidade em relação ao processo de licenciamento”, disse.

Marina Silva participou do lançamento do programa para preservação e recuperação de bacias hidrográficas, do Instituto Coca-Cola Brasil.

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Ibama avalia se projeto de Jirau e Santo Antônio tem viabilidade ambiental

31 de Maio de 2007 - Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A aprovação dos estudos ambientais das usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, é essencial para dar sinal verde à construção dos dois principais projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na área de energia. Com 6.450 mil megawatts, o que equivale a mais da metade da potência de Itaipu, as usinas de Rondônia só podem sair do papel se o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concluir se o empreendimento é ambientalmente viável.

Desde agosto de 2004, quando entrou em vigor o novo modelo do setor elétrico, a licença ambiental prévia tornou-se obrigatória para que o projeto de construção de qualquer usina seja oferecido em licitação. Antes disso, empreendimentos iam a leilão sem ter o impacto sobre o meio ambiente estimado e demoravam meses ou até anos para conseguir a licença, o que aumentava o risco para os investidores.

O estudo de impacto ambiental (EIA) e o relatório de impacto ambiental (Rima) são peças fundamentais do processo de licenciamento ambiental. Com base nesses documentos, a instituição licenciadora, seja o Ibama ou os órgãos ambientais estaduais (o que varia conforme a localização e as características do empreendimento), verifica o cumprimento das obrigações e compensações ambientais estabelecidas no EIA/Rima. Caso uma atividade entre em funcionamento sem licença ambiental, ela corre o risco de ser embargada e punida com multas e o cancelamento de todos os financiamentos do governo.

O licenciamento dá-se em três etapas. A primeira delas é a licença prévia, em que a viabilidade ambiental é comprovada. Concedida na fase de planejamento de uma obra, essa licença autoriza somente a localização e a concepção tecnológica, além de conter orientações que guiarão o desenvolvimento do projeto.

A licença de instalação permite o início dos trabalhos de construção. O prazo de validade é determinado pelo cronograma das obras, mas não pode ser superior a seis anos. Caso a execução do projeto exija o desmatamento de áreas, é necessário também que o Ibama ou o órgão licenciador correspondente conceda a autorização de supressão de vegetação. Nessa etapa, o empreendedor tem de elaborar o plano básico ambiental e o inventário florestal (em caso de derrubada de vegetação).

É a licença de operação que autoriza o funcionamento do empreendimento. Ela só pode ser obtida após uma vistoria do órgão licenciador para verificar se as condições estipuladas nas etapas anteriores foram cumpridas. O prazo de validade varia de quatro a dez anos. Para ter direito a essa licença, o executor do projeto tem de apresentar um conjunto de relatórios em que descreve os programas ambientais e as medidas compensatórias previstas pelas licenças prévia e de instalação.

As primeiras exigências de comprovação dos efeitos de atividades humanas sobre o meio ambiente ocorreram com as indústrias, nos anos 70. Na década seguinte, os grandes projetos urbanos, principalmente de saneamento, também passaram a ter a licença ambiental exigida. Em 1986, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) regulamentou a avaliação de impacto ambiental e estendeu o processo a empreendimentos como irrigação, obras hidráulicas e de infra-estrutura, como estradas, aeroportos e usinas de produção de energia.

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Manifestação em Porto Velho pede a construção de usinas hidrelétricas no Rio Madeira

28 de Maio de 2007 - Sabrina Craide - Enviada especial - Porto Velho (RO) - Carreata reúne entidades e moradores a favor da construção de hidrelétricas no Rio Madeira. O Ibama avalia se as usinas hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, polêmicas, têm viabilidade ambiental ou não.

Porto Velho (RO) - Uma carreata por diversos bairros de Porto Velho marcou hoje (28) a posição do Movimento Pró Usinas do Rio Madeira, em favor da construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia. O ato, liderada por um carro de som, reuniu cerca de 30 automóveis e contou com a presença de lideranças da indústria, do comércio e da comunidade local.

Por onde passava, a carreata acolhia algumas manifestações favoráveis às barragens. Adesivos com a mensagem “Sou a favor das hidrelétricas. Usina já” estavam estampados em carros, vitrines e objetos pessoais.

As duas usinas somam potência prevista de 6.450 megawatts. A construção das hidrelétricas no Rio Madeira, um dos principais projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), está em análise no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que concluirá se elas são viáveis ou não do ponto de vista ambiental.

Para um dos coordenadores do movimento, Jorge Luiz da Silva Alves, a construção das usinas trará empregos e progresso para o estado, além de evitar o risco de futura falta de energia elétrica no país. “Nós sabemos que o Brasil daqui a cinco anos não vai ter mais energia. Temos que ter as usinas do Rio Madeira funcionando para não ter mais apagões”, declarou.

Alves admitiu que o projeto poderá causar impactos ambientais, mas diz que as tecnologias utilizadas para a construção das usinas garantem que os prejuízos sejam mínimos. “Até para nascer uma criança existe impacto ambiental. Mas todas as medidas estão sendo tomadas para que s os impactos sejam amenizados”, garantiu.

O deputado federal Eduardo Valverde (PT-RO) defende que o Brasil deve manter a sua matriz energética hidráulica, pois, segundo ele, é a mais limpa e mais ambientalmente sustentável. Ele diz que o povo de Rondônia é favorável à construção das hidrelétricas com responsabilidade social e ambiental. “Não é nenhum movimento contra o Ibama, ou contra a ministra Marina [Marina Silva, ministra do Meio Ambiente], pelo contrário, nós estamos até fortalecendo esse papel regulador do instituto, de proteção do meio ambiente”, disse o deputado. Ele também argumentou que não existe empreendimento sem impacto, mas garantiu que os prejuízos das hidrelétricas para as comunidades serão minimizados.

O comitê do movimento calcula que já recolheu mais de 100 mil assinaturas em favor da construção das hidrelétricas. O documento deverá ser entregue nesta semana em Brasília ao Ministério das Minas e Energia e à Casa Civil.

Para amanhã (29), o Fórum Independente Popular do Madeira marcou uma entrevista coletiva para expor os problemas da construção das represas em Rondônia.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)

 
 
 
 

 

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