5 de Junho de 2007 - Flávia
Albuquerque - Repórter da Agência
Brasil - São Paulo - Não só
o planeta está se aquecendo como está
se aquecendo de maneira muito mais rápida
do que se imaginava. As previsões são
as de que a temperatura do planeta deve continuar
as se elevar independentemente da trajetória
de emissões que ocorra daqui em diante,
segundo o economista membro do Painel Intergovernamental
de Mudanças do Clima (IPCC) Roberto
Schaeffer.
Schaeffer participou hoje
do painel Sustentabilidade dos Biocombustíveis
Mudanças Climáticas e o Novo
Modelo de Desenvolvimento (MDL e Créditos
de Carbono), durante o seminário Novas
Fronteiras do Etanol – Os Desafios da Energia
no Século 21, organizado pela União
da Indústria de Cana-de-Açúcar
(Única).
Schaeffer lembrou ainda
que os estudos do IPCC alertam para o fato
de que vários impactos sobre abastecimento
de água, suprimento de alimentos, saúde
pública, ecossistema e zonas costeiras
ocorrerão devido ao aumento da temperatura.
“Com a temperatura média do planeta
oscilando entre +0 e +5 graus centígrados,
todas essas áreas serão profundamente
afetadas, e daí nosso motivo de preocupação.”
Segundo o pesquisador, nos
últimos 35 anos, as emissões
globais de gases do efeito estufa aumentaram
em média 70%, enquanto, nos últimos
15 anos, aumentaram em cerca de 25%, e a maior
parte desses valores corresponde a aumentos
do CO² (gás carbônico) de
origem fóssil. “Daí a importância
dos biocombustíveis. Entre os setores
que estão emitindo mais emitindo gases
estão o de geração de
energia elétrica, transportes, industrial,
agricultura, florestas, todos nos quais o
biocombustível tem papel importante
a cumprir.”
Na avaliação
de Schaeffer, as tendências para o futuro
indicam que, se nada for feito com rapidez
as emissões dos gases continuarão
a crescer violentamente nos próximos
30 anos, impossibilitando a inversão
das tendências de aumento de concentração
dos gases que causam o efeito estufa. “O IPCC
chama a atenção de que há
potenciais razoáveis de redução
de emissões a custos absolutamente
aceitáveis muito em linha com os resultados
de relatórios anteriores que chamavam
a atenção de que o grande custo
é não agir sobre a mudança
climática.”
Schaeffer criticou o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo, estabelecido pelo
Protocolo de Quioto, um acordo internacional
ratificado por mais de 140 países e
em vigor desde 2005. O MDL possibilita que
empresas de países com metas de redução
da emissão de gases poluentes comprem
papéis no mercado por meio dos quais
financiam empreendimentos que reduzem ou evitam
a poluição em outros países
sem metas a cumprir.
Segundo o economista, existem
cerca de 700 projetos de MDL espalhados pelo
mundo. Em número de projetos, a Índia
é responsável por 35%, seguida
do Brasil e da China. Em termos de volume
de redução de emissão
de carbono, a China é responsável
por 44% das reduções por meio
do MDL, Índia,14% e Brasil, 11%.
Segundo ele, não
há garantia de que as emissões
foram reduzidas de fato, por meio do MDL.
“Na minha visão, na melhor das hipóteses,
o MDL é neutro para fins de clima",
disse ele. Para Schaeffer, o MDL funciona
como um "cheque em branco" para
os poluidores. "O MDL não é
um mecanismo para resolver o clima da Terra
e sim para ajudar países anexos a cumprir
seus compromissos a um custo mais baixo”,
disse.
+ Mais
Agricultura no semi-árido
pode ficar inviável com aquecimento
global, afirma especialista
4 de Junho de 2007 - Marcia
Wonghon - Repórter da Agência
Brasil - Recife - A agricultura familiar,
que ainda é a base da economia local
em muitas regiões do semi-árido
nordestino, pode se inviabilizar com o processo
de aquecimento global, segundo avaliação
do consultor do Banco Mundial Antônio
Rocha Magalhães.
O técnico alertou
que, no semi-árido, o aquecimento resultará
na redução de chuvas, gerando
mais áreas desérticas. “Isso
é extremamente preocupante porque significa
que a base de suporte para a vida nessa região
vai diminuir, o que poderá tornar a
agricultura uma atividade inviável
de praticar”, disse ele, durante palestra
que marcou o início da Semana do Meio
Ambiente em Pernambuco.
O Banco Mundial, segundo
Magalhães, está montando uma
estratégia para investimentos voltados
ao combate ao aquecimento global. Ele afirmou
ainda que o programa brasileiro de biocombustíveis
é uma forma de enfrentar as causas
das mudanças climáticas.
Para o secretário
estadual de Ciência e Tecnologia de
Pernambuco, Aristides Monteiro, as ações
de governo no sentido de reduzir a emissão
de gases causadores do efeito estufa só
terão sucesso a partir da mobilização
da comunidade científica, empresariado
e organizações da sociedade
civil.
Ele disse que já
existem impactos negativos nos ecossistemas
do estado, por causa do aquecimento global.
Segundo o secretário, o governo de
Pernambuco vai começar a colocar em
prática este ano um plano estratégico
ambiental, elaborado recentemente, que tem
como meta promover a conservação
e recuperação do meio ambiente,
com medidas de proteção da biodiversidade
em ecossistemas costeiros, da zona da mata,
agreste e sertão.
+ Mais
Preocupação
ambiental de projetos será condição
para financiamento do BNDES
5 de Junho de 2007 - Alana
Gandra - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - O Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social
aderiu à Declaração sobre
Mudanças Climáticas das Nações
Unidas que pede a todos os bancos de investimento
do mundo para incluir em suas políticas
operacionais uma atenção com
a emissão de gases causadores do efeito
estufa e conseqüente aquecimento global
relativos aos projetos que eles financiam.
A declaração da ONU será
divulgada amanhã (6) durante a reunião
dos países mais ricos do mundo, o G-8,
na Alemanha.
O presidente do BNDES, Luciano
Coutinho, disse hoje (5), no Dia Mundial do
Meio Ambiente, que o banco atendeu de forma
positiva ao chamado da ONU e se adiantou às
providências sugeridas. “Nós
não só estamos firmando a declaração,
como estamos concretizando aquilo que ela
preconiza.”
Coutinho anunciou que o
BNDES está introduzindo novas cláusulas
em sua política ambiental, adotando
compromissos com o Zoneamento Econômico-Ecológico
(mecanismo de planejamento dos estados que
define áreas em cada território
adequadas ou não a atividades econômicas
ou preservação), além
de restringir projetos que provoquem desmatamento
predatório. A determinação
resulta de visita efetuada em janeiro deste
ano ao banco pela ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, segundo Coutinho.
A dimensão ambiental
passará a ser, a partir de agora, uma
condição para a aprovação
de projetos de financiamento do empresariado
nacional junto ao banco. “O que nós
queremos é ser mais estimulantes e
eficientes e, inclusive, se possível,
ajudar o fortalecimento e a eficiência
das entidades de certificação
ambiental.”
Ele anunciou, também,
o projeto de neutralização das
emissões de carbono no edifício-sede
do próprio BNDES e em suas representações
nos estados. O objetivo, conforme explicou,
é reduzir ao máximo as emissões
de gases poluentes em todas as áreas
de atividade da instituição.
As emissões serão compensadas
por meio de investimentos em reflorestamento,
“especialmente investimentos para a regeneração
de matas nativas e ciliares”, observou. Coutinho
espera que o exemplo do BNDES seja seguido
por muitas outras empresas em todo o Brasil.