21/06/2007 - Gerusa Barbosa
- A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
disse nesta quinta-feira (21) ser fundamental
para os países em desenvolvimento fechar
a equação entre viabilidade
econômica e ambiental. Segundo ela,
mesmo sendo um dos grandes desafios, os dois
setores devem procurar a igualdade de tratamento.
"O desenvolvimento não deve ser
colocado em oposição à
proteção ambiental e vice-versa",
enfatizou a ministra em palestra para alunos
do curso de Altos Estudos de Política
e Estratégica da Escola Superior de
Guerra, no Rio de Janeiro.
Falando sobre o tema "O
Meio Ambiente e o Desenvolvimento do Brasil",
Marina Silva afirmou ser o Brasil um país
privilegiado por sua potência ambiental.
Porém, disse, as riquezas naturais
brasileiras contrastam com os graves problemas
sociais. Por essa razão, segundo ela,
é necessário buscar formas de
promover o desenvolvimento, combatendo as
desigualdades sociais e preservando os recursos
naturais. "É necessário
promover o crescimento econômico em
bases sustentáveis para geração
de emprego e renda", ressaltou.
Para a ministra, o grande desafio é
trabalhar o desenvolvimento a partir de novos
paradigmas colocados pela ciência. Os
últimos relatórios do Painel
Intergovernamental sobre Mudança Climática
(IPPC) dão conta de que o mundo está
vivendo sob os efeitos das mudanças
do clima e de que o processo tem sido acelerado
pela atividade humana. Segundo o documento,
80% dos efeitos do aquecimento do Planeta
se devem ao uso de combustíveis fósseis
e 20% ao desmatamento. A ministra lembrou
a redução estimada de 52% na
taxa do desmatamento na Amazônia brasileira
nos últimos quatro anos. Ressaltou,
entretanto, que, ainda que o Brasil faça
100% do que está ao seu alcance nessa
área, será afetado pelos efeitos
climáticos, caso os países desenvolvidos
não reduzirem suas emissões
de gases de efeito estufa. "O esforço
tem que ser global e feito ao mesmo tempo
por todos", disse.
Marina Silva lembrou que
em países em desenvolvimento, como
o Brasil, cerca de 50% do Produto Interno
Bruto (PIB) dependem da biodiversidade. "Se
destruirmos a nossa biodiversidade estaremos
destruindo o nosso PIB, isso não é
inteligente. É preciso pensar estrategicamente
e mudar a forma de tratar a natureza",
afirmou.
A ministra reafirmou que,
desde sua posse no ministério, em 2003,
estabeleceu quatro diretrizes orientadoras
da política ambiental brasileira que
combinam desenvolvimento com sustentabilidade
ambiental. "Temos nos concentrado no
controle e participação social,
no desenvolvimento sustentável, no
fortalecimento do Sistema Nacional do Meio
Ambiente e na adoção de uma
política ambiental integrada".
Em sua opinião, essa é a melhor
forma de fazer jus à potência
ambiental do País: "Não
devemos ficar o tempo todo em uma posição
defensiva".