(18/06/2007) A vanguarda
brasileira na pesquisa de energias alternativas,
em especial biodiesel, mais uma vez atrai
pesquisadores de outros países dispostos
a dialogar e a buscar soluções
conjuntas para um tema que dia a dia desperta
interesse não apenas de especialistas,
mas principalmente dos governos. A exemplo
do que vem ocorrendo nos últimos meses,
a Nova Zelândia também está
interessada em desenvolver um estudo nas áreas
de bioenergia e biocombustíveis em
parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), vinculada ao
Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento.
Por conta desse tema, nesta
segunda-feira (18) cientistas da Embrapa estiveram
reunidos com o representante do Instituto
de Pesquisa Pública da Nova Zelândia
(Scion), John Gifford (foto), e com o primeiro
secretário da Embaixada neozelandesa,
Haike Manning, com a intenção
de trocar informações sobre
pesquisa e desenvolvimento e quais as possibilidades
de um projeto conjunto.
Giofford, que também
é do Comitê Executivo da Nova
Zelândia na IEA Bioenerg, quer conhecer
os principais pólos brasileiros envolvidos
com os novos processos à produção
de biocombustíveis (inclusive etanol
a partir de material celulósico). Atualmente
na condução de um programa para
identificar as opções em bioenergia
daquele país e buscar uma estratégia
energética a partir desses resultados,
Gifford informa que esse estudo considera
o uso da biomassa para geração
de energia, eletricidade e de combustíveis
para o setor de transporte.
De acordo com Haike Manning,
em fevereiro deste ano o governo da Nova Zelândia
adotou uma meta compulsória para biocombustíveis,
a ser aplicada em 2008. Até 2012, 3,4%
de todos os combustíveis usados no
transporte (seja diesel ou gasolina) terão
que conter biocombustíveis. “Logo,
temos interesse em trabalhar com quem tem
experiência reconhecida, como a Embrapa”,
comenta Manning.
O primeiro secretário
também observa que a intenção
é obter etanol celulósico. Devido
ao clima de lá, a produção
de etanol só pode ocorrer a partir
de duas fontes: cultura do milho ou florestas
energéticas. Embora as florestas nativas
da Nova Zelândia estejam 100% protegidas
e representem 25% do território, as
destinadas a produzir madeira são cultivadas
com uma espécie de pinus adequada ao
solo e clima daquele país. “As florestas
nativas, portanto, não serão
usadas para produção de energia”,
enfatiza Manning.
Apesar de não definida
a forma como se dará a parceria entre
a Embrapa e a Nova Zelândia, Haike Manning
comentou as duas possibilidades: por meio
de um acordo-quadro ou então entre
instituições de pesquisa. “O
certo é que há interesse, inclusive,
de outras instituições se aliarem
nesta busca por soluções sustentáveis
à geração de energia”,
garantiu Heike Manning.
O primeiro secretário
também informou que ainda no começo
de julho uma nova missão neozelandesa
estará na Embrapa. A pauta terá
foco na preocupação com a emissão
de CO2 e o efeito estufa. Nesse caso, a agenda
deverá contar com pesquisadores do
Agriresearch, um dos nove institutos de pesquisa
e desenvolvimento tecnológico na área
de agricultura e pecuária daquele país.
Deva Rodrigues
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Embrapa lança filme
sobre o povo indígena Krahô
(19/06/2007) A Embrapa Recursos Genéticos
e Biotecnologia, uma das 41 Unidades da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária
- Embrapa, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
lança hoje, 19 de junho, em Brasília,
a partir das 18h30, no Restaurante Don Francisco
na Associação dos Servidores
do Banco Central - ASBAC, o documentário
“Sementes do Futuro”.
O trabalho conta com a parceria
da produtora Olho Filmes, do Instituto Agronomico
per L’Oltremare - IAO, com sede na Itália,
da Associação União das
Aldeias Krahô – Kapèy - e da
Fundação Nacional do Índio
– Funai e teve como base a VI Feira de Sementes
Tradicionais Krahô, realizada em abril
de 2004, na sede da Kapèy.
A Feira de Sementes Tradicionais
reuniu cerca de 2.500 pessoas entre representantes
de diversas etnias indígenas, comunidades
tradicionais como os Kalungas, de Goiás,
estudantes, indigenistas, pesquisadores e
moradores da região onde se localiza
o território Krahô. No encontro
os Krahô mostram danças e rituais
milenares, que fazem parte de sua cultura
e abordam a situação de risco
do seu território com a proximidade
das grandes culturas, principalmente de soja.
Em 1995 a Embrapa devolveu
ao Povo Indígena Krahô sementes
de milho tradicional, coletadas na década
de 70, conservadas em suas câmaras frias
e consideradas perdidas. Essa devolução
motivou o enriquecimento das roças,
afugentou o fantasma da fome que rondava as
aldeias e devolveu a auto-estima àquele
povo, tornando-se uma importante aliada na
luta para reconquistar sua identidade cultural.
No começo do mundo,
conta uma lenda Krahô, o seu povo se
alimentava da caça, de frutos e de
plantas coletadas na natureza. Um dia, uma
estrela se apaixonou por um jovem índio,
transformou-se em mulher, desceu à
terra, e os ensinou a cultivá-la. Assim
começou a agricultura. Misturando lenda
e realidade, o filme procura mostrar o orgulho
da herança cultural do povo Krahô,
a sua luta para preservação
da agrobiodiversidade e as ameaças
ao seu território.
Edvalson Bezerra Silva (Mocoin)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia