23 de Junho de 2007 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil
- Manaus - Integrantes da Comissão
Pastoral da Terra (CPT) e da Federação
dos Trabalhadores na Agricultura Familiar
(Fetagri) no Amazonas preparam-se para trazer
novamente à pauta das discussões
políticas locais a questão da
criação de três reservas
extrativistas (Resex) no estado - uma a região
dos rios Baixo Rio Branco e Jauapery, em Novo
Airão, e duas em Lábrea, nas
proximidades dos rios Ituxi e médio
Purus.
O secretário de Política
Agrícola e Desenvolvimento da Fetagri-AM,
Aldenor Barbosa, informou que o objetivo é
reunir-se, até o final deste mês,
com representantes do governo estadual e definir
a situação das mais de três
mil famílias que vivem na região
avaliada para a criação das
reservas. Segundo ele, essas famílias
esperam uma resposta do poder público
sobre a criação das reservas,
ainda em andamento na esfera governamental.
"Há pelo menos
dois anos o governo estadual vem postergando
essa situação da criação
das reservas. O estranho é que eles
nem se manifestam contra, nem a favor da criação.
O problema é que as comunidades desses
locais sofrem porque estão longe dos
centros urbanos, sem escolas e trabalho, mas
tudo isso pode mudar se a Resex for aprovada",
ressalta.
Barbosa explica que a reivindicação
está relacionada ao uso racional do
meio ambiente e a permanência do homem
do interior nas comunidades amazônicas,
mas com condições e oportunidades
de subsistência e educação.
"Em Lábrea,
que fica no sul do Amazonas, por exemplo,
o problema antigo da grilagem de terras pode
ser resolvido ou amenizado com a resex, porque
a política ambiental promove a ocupação
e exploração regular da região
e pode impedir conflitos e o desmatamento
local."
A coordenadora da CPT/AM,
Marta Valéria Cunha, disse que os representantes
dos movimentos sociais do estado estão
mobilizados com essa causa e dispostos a levar
as reivindicações às
conseqüências necessárias.
Para Marta, o local está abandonado
pelo poder público.
"Se a conversa com
o governo do estado não for positiva,
vamos continuar nosso protesto e, se for necessário
tomar outras iniciativas, como acampar em
frente ao palácio do governo estadual,
vamos fazer. Está faltando dizer a
essas autoridades que o povo espera a atuação
do poder público nas comunidades mais
distantes do Amazonas", reclama Marta.
Em nota, a assessoria de
comunicação da Secretaria de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
do Amazonas (SDS) informou que "a política
de implementação das Unidades
de Conservação (UC) sempre foi
voltada às demandas das comunidades,
com respeito às especificidades das
comunidades e suas reivindicações
e que o atual governo não se opõe
à proposta da categoria de Reservas
Extrativistas".
A SDS destacou ainda que
continua o diálogo com o Governo Federal
sobre a criação de UCs federais
nos termos do patrimônio público
estadual, mas que, de acordo com o entendimento
da Procuradoria Geral do Amazonas, cabe ao
Governo Estadual a criação de
UC em áreas de domínio do estado.