Museu Goeldi - 27/06/2007
- Começa no dia 15 de julho o 3º
Congresso Brasileiro de Herpetologia
No próximo mês de julho, os anfíbios
e répteis da Amazônia estarão
em evidência. Isto porque a partir do
dia 15, logo após a reunião
anual da SBPC, começa o 3º Congresso
Brasileiro de Herpetologia. Coordenado pelo
Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT),
Universidade Federal do Pará (UFPa)
e a Sociedade Brasileira de Herpetologia,
o evento terá como tema central a biodiversidade
herpetológica da Amazônia.
Reunindo durante uma semana
estudantes e pesquisadores de todo o Brasil
e até mesmo de outros países,
o evento contará com mesas-redondas
para debates, oficinas, mini-cursos, apresentação
de painéis, lançamento de livros
e conferências, que prometem ser o ponto
alto do Congresso, trazendo pesquisadores
renomados da área como Márcio
Martins (Universidade de São Paulo)
e Janalee Caldwell (University of Oklahoma,
EUA).
Congresso
Segundo Ana Prudente, pesquisadora do MPEG
e coordenadora deste 3º Congresso, "Belém
foi escolhida para sediar o evento devido
a importância da Amazônia, enquanto
fonte de biodiversidade herpetológica.
Além disso, o Museu Goeldi possui uma
tradição em estudos de anfíbios
e répteis, abrigando a mais representativa
coleção científica dessa
área na Amazônia. Esses e outros
fatores somados atraem a curiosidade de pesquisadores
do mundo todo".
Mesmo se tratando de um
evento de âmbito nacional, o 3º
Congresso Brasileiro de Herpetologia já
ganhou visibilidade mundial, antes mesmo do
seu início. "Já temos participantes
inscritos de vários países da
América Latina e da Europa. O fato
de o congresso neste ano ser realizado na
Amazônia desperta curiosidade",
ressalta Prudente.
A Amazônia é
ainda uma região a ser descoberta,
quando se trata de sua biodiversidade herpetológica.
Enquanto que em algumas áreas do País,
como por exemplo a Mata Atlântica, a
probabilidade de se encontrar uma nova espécie
de anfíbio ou réptil é
quase nula, na Amazônia as possibilidades
são enormes.
Ana Prudente, por exemplo,
foi responsável pela descoberta de
uma nova espécie de serpente no ano
passado, a Atractus caxiuana, encontrada na
Floresta Nacional de Caxiuanã, próxima
ao município de Melgaço (PA).
Números
O Brasil possui atualmente 776 espécies
de anfíbios e 641 de répteis.
Na Amazônia, encontram-se atualmente
163 espécies de anfíbios e 550
de répteis. Grande parte delas são
endêmicas, ou seja, só ocorrem
na região amazônica.
Entretanto, muitas dessas
espécies enfrentam risco de extinção.
Segundo artigo publicado pela Science no ano
passado, 43% das espécies de anfíbios
na Terra estão em declínio e
32% estão sob ameaça de extinção,
devido às mudanças climáticas
que o Planeta vem enfrentando, o que está
provocando mutações e alterando
o sistema imunológico das espécies.
Tiago Araújo - Assessoria de Comunicação
do Museu Goeldi
+ Mais
Conservação
do Cerrado é debatida na Câmara
dos Deputados
Meio Ambiente - 29/06/2007
- O Cerrado foi tema de audiência pública,
ontem (28), na Câmara dos Deputados.
Desenvolvimento, conservação,
importância estratégica para
a economia nacional, dimensão humana
e hidrografia foram alguns dos assuntos em
pauta na reunião realizada pela Comissão
de Ciência e Tecnologia, Comunicação
e Informática.
Uma das regiões de
savanas tropicais mais ricas em espécies
e com altos níveis de endemismo (espécies
únicas da região), o Cerrado
tem cerca de 2 milhões de Km²
de área original e vem sofrendo, ao
longo das últimas décadas, intenso
processo de conversão da cobertura
vegetal por atividades produtivas, principalmente,
a pecuária e a agricultura.
Pesquisas recentes do Instituto
Internacional de Educação do
Brasil (IEB) revelam que esse bioma pode desaparecer
até 2030, se não forem aplicados
modelos racionais de preservação.
Diante desta realidade,
foi criado, recentemente, pelos ministérios
da Ciência e Tecnologia (MCT) e do Meio
Ambiente (MMA), uma rede de pesquisa para
a conservação e o uso sustentável
do Cerrado, com o objetivo de ampliar as informações
sobre os fatores ambientais e socioeconômicos
que interferem no ecossistema, com enfoque
para o uso da terra.
"Eu, como secretário
do Ministério da Ciência e Tecnologia
e como cientista, espero que seja apresentada
uma proposta de políticas públicas.
Enquanto Ministério podemos financiar
projetos, mas precisamos de políticas
públicas como retorno. São elas
que estabelecem regras. Em primeiro lugar
será necessário um estudo que
tenha como resultado um plano de ação",
explicou o secretário de Políticas
e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento
do MCT, Luiz Antonio Barreto de Castro.
Segundo ele, em razão
da dificuldade de recursos específicos
para a conservação, a saída
será incluir uma parte dos investimentos
de projetos direcionados à região
para este fim, "visto que conservação
e desenvolvimento não são conceitos
antagônicos e devem, sim, ser pensados
juntos".
"Podemos pensar em
utilizar mil hectares de áreas já
degradadas para o biodiesel e outros mil hectares
para a conservação num mesmo
projeto, por exemplo. São essas regras
que precisamos criar", avaliou Barreto
de Castro.
Para a coordenadora de Gestão
de Ecossistemas do MCT, Maria Luiza Braz,
um dos pontos positivos do debate no Legislativo
é o apoio político para as ações
propostas no Plano Plurianual (PPA) 2008-2011.
Ela informou também que foi incluida
uma ação no PPA de R$ 2,5 milhões
anuais para a rede.
Partindo do mesmo princípio,
a professora da Universidade de Brasília
(UnB), Mercedes Bustamante, apelou aos deputados
a apreciarem a PEC 115/95, que tramita há
12 anos na Casa, aguardando posição
do Plenário.
A PEC corrige uma falha
da Constituição de 1988, que
não incluiu o Cerrado e a Caatinga
no status de Patrimônio Nacional.
Também compareceram
à audiência proposta pelo deputado
federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), o professor
da UnB, Márcio Pimentel, a pesquisadora
da Embrapa, Ludmila Aguiar, e o representatante
do MMA, Braúlio Ferreira de Souza.
Rachel Mortari - Assessoria
de Imprensa do MCT