30 de Junho de 2007 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil
- Parintins - A venda de acessórios
confeccionados por artesãos indígenas
nesta época de Festival Folclórico
de Parintins chama a atenção
de turistas e moradores locais que buscam
e usam os artigos seguindo as cores dos bois
Garantido e Caprichoso, as principais atrações
da festa.
Apesar da procura ser grande,
colares, pulseiras, brincos e cocares feitos
com penas, dentes e pedaços de ossos
de animais silvestres estão na mira
dos fiscais do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), que desde o dia 14 de junho fazem
a campanha "Não tire as penas
da vida".
De acordo com a analista
ambiental e fiscal do órgão
em Parintins, Maria Luíza de Souza,
a campanha ocorre praticamente ao longo do
ano inteiro e é feita há cinco
anos na cidade amazonense. Em 2007, explica,
o principal público-alvo são
os turistas que já estão na
cidade para participar da 42ª edição
do evento, que ocorre este fim-de-semana.
"A campanha é
voltada principalmente para turistas, para
que eles não incentivem o comércio
de produtos ilegais, subprodutos da fauna
regional, incluindo penas, dentes, escama
de peixes. Procuramos conscientizá-los
para que não comprem esses artefatos
de indígenas ou de outros artesãos
porque são produtos ilegais".
Segundo ela, o problema
com os artesanatos ocorre apenas na época
do festival, quando dobra o número
de pessoas na ilha Tupinambarana – como a
cidade é conhecida por causa dos seus
primeiros habitantes, os Tupinambás.
Nos meses anteriores e posteriores às
exibições dos bumbas, acrescenta,
os artesãos concentram a produção
em artigos feitos com sementes, capim e palha.
Nesta semana, o coordenador
da Casa do Índio em Parintins, Jéferson
Padilha, e um grupo de 15 indígenas
das etnias Tikuna, Wai Wai, Hexkaryana e Sateré
Mawé estiveram na sede do Ibama na
cidade para tentar um acordo com o órgão
ambiental sem prejudicar o trabalho dos índios.
Padilha explica que os indígenas
exploram a venda dos artesanatos feitos com
partes do corpo de animais silvestres porque
são os mais procurados por turistas.
Mas esclarece que os índios não
querem agir de forma ilegal.
"Nós nos alimentamos
desses animais e usamos as penas para o nosso
artesanato, que faz parte da nossa cultura.
Queremos trabalhar livremente, sem precisar
nos esconder".
Depois da conversa com o
Ibama, os indígenas propuseram a criação
de um fórum entre os representantes
das etnias que vivem em Parintins, Ibama e
Funai para tentar viabilizar a venda dos artefatos
segundo a legislação ambiental.
Parintins fica a 369 quilômetros
de Manaus. A administração da
Funai na cidade é responsável
por três terras indígenas: Andirá-
Marau, Nhamundá-Mapuera e Trombetas-Mapuera,
que concentram mais de 100 mil índios
e pelo menos 12 etnias distintas.