26 de Junho de 2007 - Sabrina
Craide - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - Os movimentos populares
e entidades civis da Bacia do Rio São
Francisco e de todo o Nordeste divulgaram
um manifesto sobre o acampamento que está
sendo realizado em Cabrobó (PE) contra
as obras de integração do São
Francisco.
Os manifestantes dizem que
o governo erra ao propor uma obra contra a
seca e não a favor do Semi-Árido
e que a transposição significa
uma “travessia para o passado”. “A questão
não é doar água ou não,
mas qual desenvolvimento, a que preço
e para quem”, afirmam.
Segundo eles, cerca de
1,2 mil pessoas estão junto ao canteiro
de obras, no Km 29 da BR-428, para exigir
a imediata suspensão das ações
que dão início às obras
da transposição, considerada
“traiçoeira” pelo movimento.
No manifesto, os manifestantes
prestam apoio aos povos indígenas da
região. “Em sinal de outro desenvolvimento,
voltado para a população e não
para o capital, nos irmanamos ao povo Truká
e aos indígenas de todo o Nordeste
na retomada desta terra, da Fazenda Mãe
Rosa, desapropriada para a transposição,
território Truká desde tempos
imemoriais”, afirma o comunicado.
De acordo com os representantes
dos movimentos, já foram realizadas
mais de cem manifestações públicas
contrárias às obras no São
Francisco, e este é o terceiro acampamento.
Eles reclamam que não foram recebidos
pelas autoridades que tratam do assunto em
nenhuma ocasião.
A nota é assinada
por diversos movimentos como Movimento dos
Sem-Terra (MST), Conselho Indígena
Missionário (Cimi), Cáritas,
Fóruns de Organizações
Populares do Alto, Médio, Submédio
e Baixo São Francisco, além
de colônias de pescadores, comunidades
ribeirinhas, indígenas, quilombolas,
vazanteiras, brejeiras, catingueiras e geraiseiras
da Bacia do Rio São Francisco.
O major Manoel Valentim,
chefe de comunicação social
do 1º Grupamento de Engenharia de João
Pessoa, na Paraíba, disse que a manifestação
não está impedindo o trabalho
do Exército. As obras de destacamento
e de topografia para a transposição
do Rio São Francisco que continuam
normalmente.
A assessoria de imprensa
da Polícia Militar de Pernambuco, informou
que a PM está fazendo o monitoramento
do local, e que ainda não foram registrados
incidentes.
O Ministério da Integração
Nacional ainda não se manifestou sobre
o assunto.
+ Mais
Manifestantes prometem resistir
a ordem judicial de desocupação
em Cabrobó
29 de Junho de 2007 - Sabrina
Craide - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - Os movimentos sociais
não vão sair da área
ocupada em Cabrobó (PE), como manifestação
contra a transposição do Rio
São Francisco, mesmo após receber
ordem judicial que determina reintegração
de posse ao governo federal. "A previsão
é tentar negociar para ninguém
sair, mas se for preciso, haverá enfrentamento",
afirma o secretário de política
Agrícola e Meio Ambiente do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de Orocó (PE),
José Barros, uma das lideranças
do movimento. Segundo ele, o acampamento já
conta com 1,8 mil pessoas de vários
estados no Nordeste e da região de
Cabrobó.
Desde a última terça-feira
(26) manifestantes de movimentos sociais estão
em Cabrobó, que fica no sertão
pernambucano, para tentar impedir a continuidade
das obras de integração do Rio
São Francisco. Um dia antes, o 2º
Batalhão de Construção
e Engenharia do Exército começou
as obras de destacamento e de topografia para
a transposição no município.
Entre os participantes da
manifestação estão indígenas,
quilombolas, integrantes do Movimento dos
Atingidos por Barragens (MAB) e do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
+ Mais
Governo e acampados não
chegam a acordo sobre fim de protesto em Cabrobó
28 de Junho de 2007 - Sabrina
Craide - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O Ministério
da Integração Nacional e manifestantes
acampados em uma fazenda de Cabrobó,
no interior de Pernambuco, não chegaram
a um acordo para encerrar a desocupar a área.
A ocupação é um protesto
contra o início das obras de transposição
do Rio São Francisco. Segundo o coordenador
do Projeto de Integração do
Rio São Francisco, Rômulo de
Macedo Vieira, o governo vai buscar agora
uma solução judicial.
"Eles simplesmente
nos disseram que não há o menor
interesse de estabelecer um entendimento com
o ministério. Agora, estamos tomando
providências, pedindo a reintegração
de posse. Tem que ir pela via judicial, já
que não há nenhuma perspectiva
de entendimento com os movimentos sociais”,
afirmou Vieira.
Ele disse que foi recebido
com muita educação pelos manifestantes.
"Fomos bem tratados, não há
nenhum sinal de violência ou de intenção
de praticar violência. Eles estão
conscientes do que estão fazendo.”
A coordenadora regional
da Comissão Pastoral da Terra (CPT)
da Bahia, Marina da Rocha Braga, disse que
os líderes do acampamento questionaram
o tipo de diálogo proposto pelo Ministério
da Integração Nacional, já
que, ao mesmo tempo em que foi enviado um
interlocutor, o governo prepara uma ação
na Justiça.
Ontem (27), a Procuradoria
Seccional de Petrolina, órgão
ligado à Advocacia-Geral da União
(AGU), admitiu que trabalha na elaboração
de uma ação de reintegração
de posse, solicitada pelo governo. No entanto,
na avaliação do representante
do Ministério da Integração
Nacional, apesar de os manifestantes estarem
em uma área estratégica, a presença
deles não atrapalha a continuidade
das obras de transposição.
Quanto à reivindicação
de líderes da tribo Truká, que
consideram a área ocupada terra indígena,
Rômulo Vieira disse que existe apenas
uma pequena parte da tribo solidária
à manifestação dos assentados.
“A grande maioria do povo Truká não
participa do movimento e não fala em
reivindicação das terras."