1 de Julho de
2007 - Wellton Máximo - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- Embora tenha 45% da energia originada de
fontes não-poluentes e da produção
de biocombustíveis, o Brasil precisa
de uma política pública eficaz
contra o desmatamento para impedir o aumento
das emissões de gás carbônico,
que contribui para o agravamento do aquecimento
global.
Atualmente, o Brasil é
o quarto emissor de gás carbônico
do mundo, despejando cerca de um bilhão
de toneladas por ano, segundo o Ministério
de Ciência e Tecnologia. As razões
desse volume não estão nos veículos
ou nas chaminés das fábricas.
Isso porque 75% das emissões do principal
gás causador do efeito estufa são
provocadas pelas derrubadas de árvores.
A coordenadora da Organização
Não-governamental (ONG) internacional
Avaaz, Graziela Tanaka, afirma que o Brasil
tem feitos esforços para conter o desmatamento,
mas isso ainda representa pouco para diminuir
as emissões.
“Ouve-se muito falar sobre
biocombustível ou sobre a matriz energética
limpa, mas pouco se ouve sobre a prevenção
de queimadas. “O Brasil dá exemplo
em algumas áreas, mas também
é um grande emissor de gás carbônico”,
diz Tanaka, que no dia 14 d ejunho entregou
uma petição ao Ministério
das Relações Exteriores pedindo
metas mais rígidas para a segunda etapa
do Protocolo de Quioto.
O embaixador brasileiro
para Questões Climáticas, Sérgio
Serra, que representa o país nas negociações
entre os países que assinaram o tratado,
afirma que a redução do desmatamento
é uma preocupação do
país. “Desde o ano passado, o Brasil
negocia um sistema que estimule os países
a reduzirem as emissões provocadas
pelos desmatamentos”.
Segundo ele, a negociação
é lenta porque o Brasil precisa conscientizar
outros países sobre a importância
do tema. “Aqui, o desmatamento responde pela
maioria das emissões de gás
carbônico, mas em todo o mundo as derrubadas
representam apenas 19% do aquecimento global”,
justifica o embaixador. “Nosso perfil é
diferente do de outros países, que
poluem mais porque consomem combustíveis
fósseis.”
A proposta brasileira a
ser reapresentada em dezembro na reunião
das partes do Protocolo de Quioto em Bali
(Indonésia) consiste na criação
de um sistema de incentivo positivo.
Um fundo voluntário
recompensaria os países que comprovassem,
por meio de imagens de satélites, terem
reduzido o desmatamento. “Isso seria bem menos
oneroso que, por exemplo, converter termelétricas
em usinas de geração limpa de
energia”, compara o embaixador.
A médio prazo, no
entanto, o cenário não é
de queda na emissão. Um estudo divulgado
em abril pela Organização para
Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico (Ocde) aponta que o Brasil
continuará a liderar a produção
de energia limpa entre os países emergentes
pelo menos até 2030. Mesmo assim, o
lançamento de gás carbônico
deve aumentar 70,5% nos próximos 25
anos, um crescimento superior à média
mundial, estimada em 52%.
Por meio da assessoria de
imprensa, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) informou que o combate ao desmatamento
promovido pelo órgão não
passa apenas pela fiscalização,
mas por atividades educativas com populações
que vivem próximas a unidades de conservação.
O instituto informou ainda
que, em 2004 e 2005, o desmatamento na Amazônia
foi diminuído em 51%. Isso equivaleria
à redução de 430 milhões
de toneladas de gás carbônico
lançado na atmosfera.