Seminário - 03/07/2007
- Fenômeno natural às margens
do canal do Campinho já inutilizou
poços e destruiu casas da comunidade
A comunidade de pescadores
do bairro do Castelo, situada na margem esquerda
do canal de maré do Campinho, no litoral
do município paraense de Quatipuru,
vem sofrendo com um grave processo de erosão
natural que já exige a urgente mudança
da sua população para outra
localidade mais segura.
É o que aponta o
estudo Modificações da linha
de costa na comunidade de Boa Vista (Quatipuru/PA)
nos últimos 18 anos e implicações
socioambientais no bairro do Castelo, desenvolvido
pela bolsista Fabrícia Moura de Souza,
sob a orientação da doutora
Maria Thereza Prost, do Museu Paraense Emílio
Goeldi (MPEG/MCT). O trabalho está
sendo apresentado na manhã desta terça-feira
(3), em Belém (PA), durante a sessão
Ciências da Terra e Ecologia, da programação
do 15º Seminário de Iniciação
Científica do Museu Paraense Emílio
Goeldi, que acontece de 3 a 5 de julho, no
Parque Zoobotânico, em Belém
(PA).
Segundo a pesquisa, o talude
fluvial – formado pelas rampas e barrancos
naturais das margens do rio – da área
do Castelo vem sendo escavado progressivamente
pela força da maré. A comparação
entre fotografias atuais e antigas mostra
que a erosão se encontra em estágio
acelerado. Diversas casas já foram
destruídas, postes elétricos
foram derrubados e ainda se verifica uma crescente
salinização das águas
dos poços da localidade.
Mudanças
"Há a urgente necessidade de remanejamento
da população para uma área
apropriada com infra-estrutura, mas que não
prejudique a principal atividade econômica
dos moradores que é a pesca artesanal",
ressalta a bolsista Fabrícia Moura
de Souza em seu trabalho. Em Quatipuru, o
estudo do talude fluvial mostra que a margem
esquerda do canal de maré do Campinho
é sustentado por depósitos de
areias finas a muito finas, esbranquiçadas
e inconsolidadas, sobrepostas a um depósito
também arenoso. "O material é
bastante friável (com alta tendência
a fragmentação) e ao que tudo
indica é bastante favorável
à erosão", relata o trabalho.
Outra questão preocupante
é exposta pelas entrevistas realizada
com a comunidade: existe hoje um impasse entre
a vontade dos moradores e a solução
apresentada pela prefeitura para o problema,
com a possibilidade de deslocamento dos pescadores
para uma área distante da praia e sem
a infra-estrutura reivindicada por eles.
A pesquisa foi assentada
também em análises da variação
da erosão no bairro do Castelo, entre
os anos de 1984 e 2001, a partir de imagens
do satélite Landsat. Com a ferramenta
foi possível identificar as modificações
ocorridas ao longo dos últimos 18 anos
e cruzar essas informações com
a literatura sobre erosão, fotografias
antigas dos moradores, fotografias atuais
retiradas em trabalho de campo recente, entrevistas
com os moradores mais antigos do bairro e
com as autoridades municipais – além
das amostras dos barrancos da margem e de
áreas vizinhas, que verificaram, através
de granulometria (medição dos
grãos do solo), a dimensão da
possibilidade de erosão na localidade.
Serviço
O 15º Seminário de Iniciação
Científica do Museu Paraense Emílio
Goeldi acontece de 3 a 5 de julho, em Belém
(PA), no auditório Alexandre Rodrigues
Ferreira, no Parque Zoobotânico do Museu
Goeldi (avenida Magalhães Barata, 376.
Mais informações no site http://www.museu-goeldi.br..
Lázaro Magalhães – Serviço
de Comunicação Social do Museu
Goeld
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Estudo mostra como varia
a presença de algas em sedimentos da
planície do Marajó
Museu Goeldi - 03/07/2007
- Proximidade de desembocadura de rio pode
alterar número desse grupo biológico,
apontam medições.
A desembocadura do rio Paracauari, na Ilha
do Marajó, pode mostrar como se dá
a variação do número
de espécies de algas microscópicas
encontradas em diversos ambientes da região
do estuário paraense. É o que
aponta o estudo "Diatomáceas em
sedimentos superficiais da planície
costeira da ilha do Marajó – Pará",
a ser apresentado nesta terça-feira
(3), durante a programação do
15º Seminário de Iniciação
Científica do Museu Paraense Emílio
Goeldi (MPEG/MCT).
O evento acontece até
o dia 5, no Parque Zoobotânico da instituição,
em Belém do Pará.
A pesquisa foi desenvolvida
pela bolsista Brenda Oliveira da Costa, sob
a orientação dos pesquisadores
Cristina Senna e Fábio Pamplona Ribeiro.
O estudo mostra que há um aumento na
riqueza de espécies de algas encontradas
entre as localidades de Cajuúna e Garrote,
o que pode estar relacionado com a proximidade
da desembocadura do rio Paracauari, que contribui
com um maior número de espécies
de água doce no ambiente, marcado pelo
encontro com o mar.
Tramas
As diatomáceas são uma classe
de algas que constituem um importante grupo
de fitoplâncton. Elas são organismos
microscópicos formados por uma única
célula e que dispõem de uma
carapaça que pode facilmente fossilizar.
Algumas espécies de diatomáceas
costumam formar cadeias ou colônias
e há uma enorme biodiversidade de espécies
atuais e de formas conhecidas por meio de
registros fósseis.
A diversidade de formas
que esses organismos apresentam os tornam
os seres vivos microscópicos mais interessantes
em observação. Estima-se que
existam mais de 200 gêneros e 100 mil
espécies.
Bastante comuns em todo
o Planeta, as diatomáceas podem ser
encontradas nos oceanos, na água doce,
no solo e em superfícies úmidas.
Muitas vivem livremente nas águas oceânicas,
enquanto outras são bentônicas,
vivendo entre os sedimentos e a água
do fundo oceânico.
A análise das assembléias
de diatomáceas na planície costeira
marajoara mostrou diferenças na abundância
das espécies nos vários ambientes
como o mangue, a planície de maré
lamosa ou arenosa, o campo salino e o canal
de maré. Essas variações
são ligadas provavelmente a cada tipo
de substrato, ao nível da coluna d'água
da maré e também à presença
ou ausência de vegetação.
As coletas de material de
análise foram realizadas em três
pontos na superfície dos diferentes
substratos lamosos e arenosos que se encontram
nas zonas de intermarés de Cajuúna,
Pesqueiro, Araruna e Garrote. Ao todo, 12
amostras foram analisadas.
Em Cajuúna, foram
identificados 37 táxons, destacando-se
o Nitzschia (37%), o Navícula (27,33%)
e o Cyclotella meneghiniana Kütz (15,33%).
Esses três mais freqüentes tipos
de algas somam sozinhos 70% da abundância
encontrada na região estudada.
Na praia do Pesqueiro, onde
foram registradas 48 espécies, as mais
comuns foram a C. meneghiniana (13,67%), a
Tryblioptychus cocconeiformis (13%) e a Thalassiosira
(12%).
Em Barra Velha foram identificadas
37 espécies Nitzschia (37%), C. meneghiniana
(17,67%), Caloneis (14,33%) e a granulata
(11%) foram as mais abundantes.
No Garrote, as amostras
superficiais totalizaram 48 espécies,
com Navícula (21%), Polymyxus coronalis
(18,33%) e Cymatosira belgica (18,67%) estando
entre as mais encontradas.
Mais informações no site www.museu-goeldi.br
Lázaro Magalhães – Serviço
de Comunicação Social do Museu
Goeldi