7 de Julho de 2007 - Clara
Mousinho - Da Agência Brasil - Brasília
- Material orgânico e baterias são
os maiores problemas para o meio ambiente,
se considerados apenas os detritos residenciais
levados aos aterros por caminhões de
lixo. “Todo lixo é contaminante, inclusive
a matéria orgânica.
O material putrefato forma um líquido
altamente contaminante para o subsolo, o chorume”,
explica o gerente de usinas do Sistema de
Limpeza Urbana do Distrito Federal, Pedro
Luiz Rennor.
Ele afirma que esses compostos
orgânicos devem ser reciclados rapidamente.
“Se não foi feito um trabalho de compactação
de lixo, a contaminação é
rápida. Aqui em Brasília a gente
transforma 20% do lixo orgânico em adubo".
Segundo ele, também que as pilhas e
baterias são grandes poluentes dos
solos e lençóis freáticos,
por causa dos metais pesados.
A cidade que mais produz
lixo no Brasil é São Paulo (SP).
De acordo com o diretor de operações
Afranes Zucon, que trabalha em uma das duas
concessionária de limpeza urbana do
município, são 12 toneladas
de lixo por dia e 60% desse total é
só de lixo orgânico.
“Uma das coisas que são
inadequadas são baterias e pilhas,
por exemplo, que podem contaminar os solos.
Precisaria haver uma divulgação
maior para dizer que isso não deve
ser feito e também é necessário
que haja mais pontos de recolhimento desse
material que o encaminha para fábricas
de reciclagem”.
Mesmo assim, não
se deve esquecer o material reciclável,
pois ele demoram até séculos
para se decompor. “Se na cidade não
houver coleta seletiva, a pessoa pode procurar
algum ponto coletivo de entrega voluntária.
Assim não estaríamos descartando
materiais que estariam levando muitos anos
para se decompor”, explica Zucon. “Se o cidadão
pudesse separar todo seu lixo seria o ideal.
Para que se aproveite o material orgânico
nas usinas”.
Mas, segundo o assessor
técnico da Diretoria Indústrial
da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb)
do Rio de Janeiro, José Henrique Penido,
se o aterro sanitário for construído
de acordo com a legislação,
as chances de contaminação diminuem
significativamente. “Um aterro, para ser completamente
sanitário e evitar contaminações,
tem que ter uma impermeabilização,
ter a captação de chorume de
gases. Isso tudo forma um conjunto que protege
solos, rios, lençóis freáticos
e a atmosfera”.
“Nós temos que estar
preocupados com o lixão, que é
um terreno qualquer para jogar o lixo indiscriminadamente
e sem nenhuma proteção anterior.
Isso gera problema ambientais graves e a população
vai ser exposta a muitas doenças e
a explosões”, acrescenta Penido.
+ Mais
Municípios de Pernambuco
recebem ações de gerenciamento
de resíduos sólidos
4 de Julho de 2007 - Marcia
Wonghon - Repórter da Agência
Brasil - Recife - Seis municípios de
Pernambuco que apresentam baixo Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH) estão
sendo beneficiados com um programa de gestão
de resíduos sólidos. A iniciativa
começou a ser implementada no início
desta semana, pela Secretaria estadual de
Ciência e Tecnologia, em parceria com
o Ministério do Meio Ambiente.
As ações,
que incluem educação ambiental
da população, representam investimentos
de R$ 623 mil dos governos federal e estadual.
Segundo o secretário
estadual de Ciência e Tecnologia, Aristides
Monteiro, sem a conscientização
das pessoas as medidas não terão
resultados eficazes. “Na questão do
lixo, é importante a sensibilização
dos moradores para melhoria da qualidade de
vida de todo o município”, disse.
O Plano de Gerenciamento
de Resíduos Sólidos, que está
sendo concluído pelas prefeituras das
cidades contempladas com o auxílio
de profissionais de duas consultorias contratadas,
prevê ações para melhorar
o acondicionamento, coleta, transporte, tratamento
e deposição do lixo, com o objetivo
de proteger a saúde pública.
Também estão programadas obras
para construção de aterros sanitários.
As cidades favorecidas são Manari,
Ibimirim, Inajá, Custódia, Sertânia
e Tacaratu.
+ Mais
Expansão urbana desenfreada
em Brasília gera agressão ao
meio ambiente e doenças
1 de Julho de 2007 - Ana
Luiza Zenker - da Agência Brasil - Brasília
- Brasília, a capital federal, oferece
bons exemplos da problemática relacionada
ao relatório do Fundo de População
das Nações Unidas (UNFPA) sobre
urbanização, divulgado na última
semana. Segundo o documento, em 2008, metade
da população mundial, cerca
de 3,3 bilhões de pessoas, estará
morando em áreas urbanas.
Projetada para abrigar 500
mil habitantes, Brasília cresceu mais
do que o esperado, e milhares de pessoas que
vêm para a capital federal acabam se
instalando nas cidades do entorno, muitas
vezes em núcleos rurais, áreas
de nascentes e córregos. “Várias
áreas hoje são cidades, não
têm mais nenhuma característica
rural”, diz a professora e pesquisadora da
Universidade de Brasília (UnB) Jeanine
Felfili. Para ela, falta a mão do Estado
no controle e ordenamento da ocupação
urbana no Distrito Federal.
Jeanine diz que essas são
áreas sem condições adequadas
para a ocupação humana e que
os dejetos gerados pela ocupação
humana acabam por poluir as fontes de água.
“Vamos chegar rapidamente num ponto em que
não teremos água potável
e de boa qualidade para beber”, afirma ela.
Não são apenas
as fontes de água do DF que sofrem
com a ocupação inadequada do
espaço. De acordo com a professora
Ermínia Maricato, da Universidade de
São Paulo, as grandes metrópoles
brasileiras abrigam verdadeiras “bombas socioambientais”,
por causa da “poluição total
dos rios, de lagos, lagoas, às vezes
de praias, com esgoto, de todo esse problema
da ocupação de áreas
inadequadas com moradia informal, favelas,
loteamentos ilegais”.
Além da questão
da água, a professora do Departamento
de Engenharia Florestal da UnB aponta outro
problema: a proliferação de
agentes que transmitem doenças associados
à presença de poluição,
como mosquitos e ratos. “Hoje a gente tem
a leishmaniose aqui no DF, a hantavirose,
uma série de doenças que estão
ligadas à presença humana, à
poluição”, lembra. A pesquisadora
explica que algumas dessas doenças
são típicas das áreas
rurais e que todas passam para o homem por
causa do assentamento em áreas impróprias.
Segundo dados do governo
do DF, em 2006 foram confirmados 75 casos
de leishmaniose, incluindo os dois tipos da
doença, a visceral e a tegumentar americana,
que em 2007 já foi identificada em
28 pacientes. Em relação à
hantavirose, doença transmitida por
ratos silvestres, o número de casos
tem diminuído. Em 2004, ano em que
pela primeira vez foram identificados casos
da doença com transmissão no
DF, foram confirmados 28 casos. Em 2005, esse
número caiu para 16 casos confirmados,
seis em 2006 e um este ano, até agora.
Para Felfili, a melhor forma
de evitar que o problema se agrave é
o governo intervir no avanço da ocupação
horizontal, com casas e condomínios.
Ela diz que isso pode ser feito tanto por
meio de um planejamento que respeite as condições
ambientais como por meio do financiamento
imobiliário que possibilite que pessoas
de renda média e baixa consigam adquirir
moradia na área original de Brasília.
A professora afirma que
o governo deve atuar “de forma que as pessoas
vivam em condições de salubridade
e não de insalubridade, como elas têm
vivido". 'Isso passa não só
pelo planejamento das áreas, mas também
pelo financiamento público da habitação.”