11 de Julho de 2007 - Marcela
Rebelo* - Enviada Especial - Alcântara
(MA) - O coordenador-geral do Movimento dos
Atingidos pela Base Espacial de Alcânatara
(Mabe), Inaldo Faustino Silva.
Alcântara - Ao lado de toda tecnologia
e modernidade do Centro de Lançamento
de Alcântara (CLA), moradores do município
maranhense moram em casas de taipa cobertas
de palha sem nenhuma infra-estrutura, como
tratamento de água e esgoto. A precariedade
faz parte, inclusive, do cotidiano das famílias
que tiveram de sair das terras onde moravam
para que o governo pudesse construir o centro
de lançamento.
“Foi um deslocamento compulsório.
Eles foram obrigados a sair da região”,
diz Servulo Borges, que integra o Movimento
dos Atingidos pela Base Espacial (Mabe). O
Centro de Lançamento de Alcântara
foi construído em 1983 para que o Brasil
pudesse lançar, a partir de seu próprio
território, foguetes de médio
e grande porte.
Segundo a Agência
Espacial Brasileira (AEB), o município
foi escolhido para sediar o centro não
só pela proximidade com o mar e com
a linha do Equador, mas por possuir baixa
densidade populacional. O deslocamento das
famílias começou em 1986. Até
1988, 312 famílias de 22 comunidades
quilombolas saíram de uma região
de perto do mar para lotes de cerca de 15
hectares no interior do município.
“As famílias foram
deslocadas de perto do oceano. Lá elas
viviam da pesca e da agricultura em terras
férteis. Imagine o transtorno na vida
dessas famílias quando elas tiveram
de sair dessa região”, destaca Borges.
O coordenador-geral do Mabe,
Inaldo Faustino Silva, diz que os movimento
não é contra ao Centro de Alcântara,
mas à forma como a instalação
foi feita. “A metodologia usada deixou as
comunidades isoladas, criando um cunho de
resistência nossa”, afirma.
Atualmente, as famílias
reivindicam políticas públicas
e a titulação da área
onde moravam para comunidades quilombolas.
Segundo o Mabe, dos 114 mil hectares de Alcântara,
62 mil hectares foram desapropriados – por
decretos federal e estadual das décadas
de 80 e 90 - e destinados para o CLA. De acordo
com Silva, o trabalho de reconhecimento da
área para os quilombolas já
está sendo feito, com o apoio do Ministério
do Meio Ambiente.
*A repórter viajou
a convite da Secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República
+ Mais
Lula reclama da burocracia
para iniciar obras do PAC
12 de Julho de 2007 - Carolina
Pimentel - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva criticou hoje
(12) os entraves burocráticos para
um empreendimento do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC) ser executada. E pediu
paciência à população
para o começo das obras.
"Com tanta lei que
tem, com o Tribunal de Contas [da União],
com um monte de coisas, às vezes leva
quatro, cinco meses, para a gente começar
a obra. É mais difícil que a
galinha colocar um ovo", disse Lula,
em Recife, ao anunciar R$ 1,67 bilhão
para obras de saneamento básico e urbanização
em 20 cidades do estado.
"Você faz uma
licitação. O empresário
A ganha e o B perde. O que acontece no Brasil?
O B vai para a Justiça. Aí,
a Justiça pára e fica seis,
sete anos. Às vezes está tudo
entrando e o tribunal de contas diz que tem
um problema, pára. Quando está
tudo mais ou menos bem, aparece um companheiro
representando um instituto ambiental do estado
ou um instituto ambiental nacional e fala
está errado, pára".
O presidente disse que é
preciso um esforço dos governantes
para colocar os projetos em prática.
O governo de Pernambuco
estima que as obras iniciem em fevereiro de
2008.
Os recursos anunciados hoje,
provenientes dos governos federal, estadual
e municipais, serão investidos em redes
de esgoto e água, despoluição
de praias, recuperação de rios
e erradicação de palafitas,
que atenderão 800 mil famílias
em Pernambuco, de acordo com informações
divulgadas pelo Palácio do Planalto.