10 Jul 2007 - O WWF-Brasil
considera prematura a concessão do
licenciamento prévio fornecido pelo
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
para a construção das obras
de instalação das barragens
de Santo Antonio e Jirau, no rio
Madeira, no estado de Rondônia. O WWF-Brasil
entende que os estudos realizados até
agora não são suficientes para
elucidar questões fundamentais referentes
aos impactos sociais e ambientais na região.
O rio Madeira tem 1,5 km
de largura, uma bacia de 1,5 milhão
de km² e 1.425 km de extensão
em território brasileiro. Hoje é
um dos oito rios livres do planeta a correr
sem barragens. Recentemente, ele foi apontado
como um dos maiores centros de diversidade
de peixes do mundo. Como principal tributário
do rio Amazonas, aporta a maior carga de sedimentos,
responsáveis pela fertilidade das várzeas
da bacia amazônica. A bacia hidrográfica
e o rio Madeira são fundamentais para
a conservação das espécies
migratórias de peixes, principalmente
as espécies de bagres que necessitam
de toda a extensão do rio para completar
seu ciclo produtivo.
O WWF-Brasil é favorável
ao crescimento econômico do país
e à necessidade de aumentar sua capacidade
de geração de energia elétrica
para permitir que tal crescimento seja possível.
No entanto, discorda do processo conduzido
pelo governo federal, em que ficaram evidenciadas
a intransigência e a ausência
de diálogo com a sociedade brasileira,
possibilitando um amplo debate sobre o planejamento
de longo prazo da matriz elétrica adequada
ao país.
A comunidade de Mutum, que
será removida em conseqüência
do alagamento da cidade, sequer foi ouvida
no processo de licenciamento. Há ainda
etnias indígenas já identificadas
pela FUNAI na área de influência
direta e indireta da área de inundação
da represa, sendo, pelo menos, três
etnias de índios isolados.
É possível
ter desenvolvimento econômico e social
de forma sustentável. O estudo Agenda
Elétrica Sustentável 2020, elaborado
pelo WW-Brasil, deixa claro que o país
pode atender às demandas por serviços
de energia, sem necessariamente recorrer a
grande e polêmicas obras, como hidrelétricas,
usinas nucleares e a carvão, num primeiro
momento.
Este estudo prevê
economia de R$ 33 bilhões para os consumidores,
diminuição do desperdício
de energia de até 38% da expectativa
de demanda, grande potencial de geração
de emprego e renda, estabilização
nas emissões dos gases causadores do
efeito estufa, além de afastar os riscos
de novos apagões até 2020. Para
chegar a esta conclusão, foi usado
índice de crescimento do PIB de 5%
ao ano até 2020, o mesmo utilizado
pelo Governo em seus estudos de crescimento
da demanda.
O potencial brasileiro de
geração de eletricidade por
fontes renováveis não convencionais,
como eólica e biomassa, é timidamente
utilizado e parece não haver vontade
política para a utilização
deste potencial.
Dados do Ministério de Minas e Energia
mostram que em 2005 havia um potencial de
geração de 8.000 mW a partir
do bagaço da cana-de-açúcar
no país, entretanto apenas 1.500 mW
eram aproveitados. Mais de 70% da produção
nacional de cana encontram-se na região
Sudeste, o maior centro consumidor do país.
Em relação
à energia gerada a partir do vento,
o Mapa Eólico Brasileiro, elaborado
pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
(Cepel/Eletrobrás), mostra que temos
um potencial para gerar 143.000 mW. Em junho
deste ano havia apenas 289 mW instalados.
Grande parte deste potencial encontra-se no
nordeste brasileiro, região ameaçada
pelo baixo desenvolvimento econômico
e social e uma das áreas mais vulneráveis
aos impactos das mudanças climáticas
projetadas para este século.
A geração
de energia de forma diversificada e descentralizada
e próxima aos centros consumidores,
evita o desperdício de energia na transmissão
e promove maior segurança energética,
além de diminuir impactos ambientais
e sociais causados por grandes obras. Para
executar o potencial de economia e evitar
desperdício, é necessário
investir seriamente em eficiência energética.
Um exemplo é a utilização
de aquecimento solar da água. Os chuveiros
elétricos consomem, em média,
18% da energia elétrica no horário
de pico, ou seja, fora deste horário,
toda a infra-estrutura de geração
fica ociosa. Infelizmente, apenas ações
isoladas de algumas prefeituras estimulam
o uso desta tecnologia no Brasil.
A geração
e a utilização de energia de
maneira eficiente levam a grande economia
para o país, barateamento dos custos
de produção, diminuição
dos impactos ambientais e distribuição
de renda, uma vez que a conta de eletricidade
sairia mais barata para os mais necessitados.
Denise Hamú
Secretária Geral do WWF-Brasil
+ Mais
Fotógrafo parceiro
do WWF-Brasil ganha prêmio internacional
13 Jul 2007 - O fotógrafo
de natureza Zig Koch ganhou o segundo lugar
do concurso internacional promovido pela Nikon,
uma das mais conhecidas marcas de equipamentos
fotográficos. A imagem foi escolhida
entre 47 mil concorrentes e retrata uma revoada
de borboletas registrada durante a expedição
realizada pelo WWF-Brasil em 2006 ao Parque
Nacional do Juruena, localizado no norte do
Mato Grosso.
Zig explica que nas horas
mais quentes do dia, as borboletas pousam
nas rochas aquecidas para se alimentar de
sais minerais. “Eu nunca tinha visto uma concentração
tão grande de borboletas, a cena implorava
para ser fotografada. Fique aproximadamente
uma hora retratando diversos ângulos”,
afirma o fotógrafo.
Para ele, a fotografia também
é uma arma importante para a conservação
ambiental. “Nós somos parte de um planeta
frágil e temos de tomar conta dele.
É essencial conservar a natureza agora
para continuarmos a aproveitar a vida e a
beleza que temos neste planeta”.