20/07/2007
- Rafael Imolene - O governo brasileiro apresentará
em Sydney, na Austrália, os números
da redução de desmatamento obtidos
pelo País nos últimos anos,
bem como a sua proposta de incentivo ao controle
de desflorestamento, durante a Reunião
de Alto Nível sobre Florestas e Clima.
O encontro, promovido pela Austrália,
em Sydney, de 22 a 25 de julho, é preparatório
para a Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças do Clima (COP-13),
que será realizada em Bali, na Indonésia,
em dezembro.
Participam do evento países
de todos os continentes, gerando uma importante
oportunidade para o Brasil angariar apoio
para sua proposta de mecanismo de incentivos
positivos, que irá a debate na COP-13.
O governo brasileiro será representado
pela secretária de Mudanças
do Clima e Qualidade Ambiental do Ministério
do Meio Ambiente, Thelma Krug, e pelo assessor
internacional do ministério, Fernando
Lyrio.
Nos últimos dois
anos, o Brasil reduziu o desmatamento da Amazônia
em 52%, voluntariamente, uma vez que não
integra acordos oficiais com a comunidade
internacional para chegar a esse resultado.
Segundo o MMA, o desempenho positivo do Brasil
na área confere credibilidade entre
as nações para conseguir aliados
em sua proposta mundial. A intenção
do Brasil é conseguir em Bali que os
países ricos apóiem, inclusive
com créditos financeiros, os programas
de combate ao desmatamento efetuados pelos
países em desenvolvimento.
De acordo com Lyrio, a proposta
brasileira difere dos mecanismos de mercado
praticados atualmente, nos quais os países
industrializados apóiam os programas
de outras nações e, em troca,
compensam com o aumento da sua própria
emissão de carbono. "A proposta
brasileira tem caráter voluntário.
Supõe um apoio para reduzir a devastação
das florestas sem compensação,
baseado no compromisso ético de mitigar
os efeitos das mudanças climáticas",
afirmou Lyrio. "Por que algum país
não apoiaria, se o planeta todo é
beneficiado", disse.
Outra característica
da proposta brasileira é o caráter
nacional da redução do desmatamento,
e não pontual. O governo brasileiro
entende que a redução do desmatamento
deve ser medido em todo o território
de um país, e não apenas em
regiões específicas. Para tanto,
propõe um sistema de aferição
cientificamente confiável e transparente,
aberto à sociedade, como o Deter (Detecção
de Desmatamento em Tempo Real). O Brasil se
dispõe a auxiliar outros países
em desenvolvimento na implantação
do sistema, que utiliza software livre, além
de oferecer treinamento.
Os debates na Austrália
serão dominados justamente pelos efeitos
do desflorestamento nas mudanças climáticas.
Mais precisamente sobre a necessidade de preservar
os recursos florestais para reduzir os impactos
no clima mundial. Além das delegações
de governos, estarão em Sydney autoridades
do Banco Mundial, organizações
não-governamentais, entidades sociais
e representantes do setor privado.