18
de Julho de 2007 - Marcos Agostinho - Da Agência
Brasil - Brasília - Representantes
dos Ministérios do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior,
do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia
assinaram hoje (18), com representantes de
vários setores da indústria,
protocolo de intenções sobre
o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
O documento consta da pauta
do Ano do Desenvolvimento Limpo, lançado
ontem (17) pelo governo, e visa conscientizar
a sociedade civil sobre o papel do MDL e do
mercado de carbono na redução
da emissão de gases que provocam o
efeito estufa (uma das principais causas do
fenômeno de aquecimento global) na atmosfera.
Em solenidade na Confederação
Nacional da Indústria (CNI), o secretário
de Desenvolvimento da Produção
do Ministério do Desenvolvimento, Nilton
Sacenco, destacou as oportunidades de negócios
que se abrem com a implementação
desse tipo de desenvolvimento, além
da redução na emissão
de gases e do benefício ecológico
resultante da medida.
“Existem recursos que podem
vir através do Protocolo de Quioto
[assinado em 2000, estabelece metas para redução
de gases que provocam efeito estufa por países
desenvolvidos e em desenvolvimento], que permite
a redução na emissão
de carbono por países que tenham projetos
nesse sentido, e o Brasil se encaixa dentro
desse cenário”, disse Sacenco.
Para ele, tais projetos
poderiam render ao Brasil cerca de US$ 3 bilhões
em cinco anos, mas o baixo número de
proposições - pouco mais de
200 no total - faz com que o país aproveite
apenas 30% desses recursos em potencial. A
assinatura voluntária do protocolo
de desenvolvimento limpo, segundo ele, representa
um importante passo nesse sentido.
“É uma maneira de
se organizar para isso, organizar a sociedade,
as empresas, o governo e as comunidades como
um todo. O Brasil se encontra em terceiro
lugar em número de projetos que visam
capitalizar recursos do Protocolo de Quioto
- perdemos para a China e a Índia.
Nada mais natural que aumentemos o número
de projetos até para colocar em prática
nossos discursos em torno da matriz energética
limpa”, ressaltou Sacenco.
O gerente-executivo de Competitividade
Industrial da CNI, Maurício Mendonça,
destacou o caráter oportuno da assinatura
do protocolo, que, para ele, permitirá
uma aceleração das ações
da confederação e de outras
entidades empresariais para reduzir os problemas
derivados de mudanças climáticas.
nesse sentido. Segundo Mendonça, mesmo
que as taxas brasileiras de emissão
de carbono não sejam muito altas e
que a indústria não seja o setor
que mais contribui para a elevação
delas, o importante é o exemplo, e
o setor industrial deve se configurar como
pólo efetivo de combate ao aquecimento
global.
Mendonça enfatizou
a necessidade de diálogo permanente
com o governo federal para construção
de consensos de interesse do país e
citou como importantes desafios para esse
processo a conciliação entre
a forte redução do desmatamento
da Amazônia com as atividades desenvolvidas
na região. Ele lembrou também
que é preciso ver como o país
vai se posicionar frente à grande pressão
internacional para redução das
taxas de emissão de carbono e seu impacto
para o setor industrial.
Assinado o protocolo sobre
desenvolvimento limpo, o próximo passo
será formar uma comissão com
representantes do governo e de cada signatário
do documento para implementar metas, ações
e prazos. De acordo com o secretário
Nilton Sacenco, o prazo deverá ser
o mais curto possível, pois a matéria
exige pressa e urgência.