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LIDERANÇAS DO MANEJO FLORESTAL COMUNITÁRIO ENTREGAM REIVINDICAÇÕES A MARINA SILVA

Panorama Ambiental
Brasília (DF)– Brasil
Julho de 2007

17 Jul 2007 - O Grupo de Trabalho de Manejo Florestal Comunitário (GT-MFC), composto por representantes de povos indígenas, quilombolas, extrativistas e ribeirinhos, entregou neste domingo (15 de Julho), uma carta à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, com uma série de reivindicações do setor.

O documento foi entregue em Rio Branco (AC), na abertura da conferência Manejo e Empreendimentos Florestais Comunitários, promovida pela Organização Internacional das Madeiras Tropicais (ITTO, sigla em inglês).

Na carta (leia abaixo o documento na íntegra), as lideranças relataram os principais entraves à prática do manejo florestal comunitário no país, levantadas em reuniões do GT-MFC, além de propor soluções para os problemas apontados.

O grupo classificou como principais obstáculos falta de regularização fundiária em várias regiões, despreparo de órgãos públicos para trabalhar o manejo reconhecendo técnicas e conhecimentos das populações locais, demora na análise e aprovação de planos de manejo, problemas de infra-estrutura, e relações injustas entre empresas madeireiras e comunidades.

Os signatários propuseram a construção, com ampla participação de representantes de comunidades e organizações sociais, de uma política nacional de apoio ao manejo florestal comunitário.

Para Ana Euler, técnica do WWF-Brasil, a mobilização do GT-MFC antes da conferência com objetivo de definir um posicionamento conjunto para ser entregue à ministra demonstrou o grau de amadurecimento das lideranças que compõem o grupo. “Trata-se de um passo muito importante. Líderes comunitários conquistaram um espaço para falar diretamente à ministra, sem intermediários, expondo seus pontos de vista e reivindicações”, destacou Ana Euler, que é uma das facilitadoras do GT-MFC.

Ela ressalta, no entanto, que é preciso seguir dialogando e cobrando do governo, de modo a assegurar que as reivindicações serão atendidas. “O grupo está se reestruturando, além de contribuir para a formulação de políticas públicas de manejo florestal comunitário, para responder com agilidade às urgências que surgem no campo, como dificuldades de licenciamento, violações de direitos humanos e infra-estrutura precária, entre outras”.

A extrativista Maria das Dores da Silva Lima, do projeto de assentamento agro-florestal São Luís do Remanso (AC), foi uma das lideranças que teve oportunidade de dialogar diretamente com Marina Silva. Ela denunciou a retirada ilegal de madeira na região. “Estou feliz, foi uma boa oportunidade para mostrar nossos problemas para a ministra”, afirmou.

Marina Silva, que estava acompanhada do diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Tasso de Azevedo, ouviu atentamente por cerca de uma hora as reivindicações dos membros do GT-MFC. Ela destacou que, muitos dos problemas apontados não seriam da competência do Ministério do Meio Ambiente, ressaltando também o que chamou de “muitos avanços” obtidos na área ambiental durante sua gestão.

“Precisamos pensar juntos uma política integrada para o movimento comunitário, envolvendo também educação, saúde, assistência técnica e linhas de crédito”, analisou, prometendo que vai ler a carta com atenção.

O Grupo de Trabalho de Manejo Florestal Comunitário (GT-MFC) foi constituído em 1998 por organizações que trabalham na assessoria ao manejo florestal comunitário. O WWF-Brasil, assim como a FASE-Pará, desempenham o papel de facilitadores nas discussões do grupo.

Leia a íntegra da carta entregue por lideranças do GT-MFC à ministra Marina Silva:

Excelentíssima Senhora
MARINA SILVA
Ministra do Meio Ambiente

Rio Branco, 15 de julho de 2007

Senhora Ministra,

Nós, entidades, organizações e povos indígenas, quilombolas, geraizeiros, extrativistas e ribeirinhos, reunidos neste dia no Centro Usina das Artes em Rio Branco (AC), analisando os desafios para o manejo florestal comunitário no Brasil, identificamos diversos entraves relacionados à postura do governo brasileiro que dificultam o manejo florestal comunitário (MFC) como uma política de desenvolvimento local baseada no uso dos recursos naturais renováveis.

Dentre as diversas dificuldades enfrentadas pelas comunidades, destacamos a falta de regularização fundiária, o despreparo dos órgãos de regulação ambiental federal e estaduais para trabalhar com a temática de manejo florestal comunitário reconhecendo as técnicas tradicionais, causando demora na análise e aprovação dos planos, problemas de infra-estrutura para garantir o fluxo e o beneficiamento dos produtos florestais, ameaças às lideranças comunitárias e relações injustas entre empresas madeireiras e comunidades, gerando situações de desrespeito aos direitos humanos e ambientais.

Considerando essa realidade, propomos que o governo brasileiro, em conjunto com a sociedade, lideranças comunitárias e sindicais e os grupos de apoio ao manejo florestal comunitário, construam uma Política Nacional de Apoio ao Manejo Florestal Comunitário, elaborada a partir de processos que envolvam ampla participação de organizações e representantes dos setores interessados, de modo a legitimar as decisões tomadas e políticas adotadas. Para tanto, é essencial reconhecer as especificidades e conhecimentos tradicionais nos diferentes biomas do Brasil. Na construção dessa plataforma política devemos incluir:

a) Fortalecimento institucional das associações indígenas, comunitárias e familiares;
b) Criação de um sistema de pesquisa, formação, capacitação e assistência técnica pública que possa atender as demandas do manejo florestal comunitário;
c) Construção de linhas de crédito, fomento e financiamento respeitando a diversidade sócio-organizacional dos grupos interessados em manejo florestal comunitário;
d) Investimento em infra-estrutura necessária para o beneficiamento e escoamento dos produtos florestais comunitários;
e) Reconhecimento pelo Estado das diversas formas de manejo florestal comunitário e adaptação das exigências legais às realidades locais;
f) Construção de um marco de regulação para produção e comercialização de produtos florestais não madeireiros;
g) Consolidar uma ação conjunta entre os órgãos fundiários e ambientais das esferas federal e estaduais para garantir o estabelecimento de regulação fundiária das comunidades com atividades de manejo dos recursos naturais e ações de fiscalização e controle.

Além disso, destacamos como preocupações emergenciais deste grupo:

• o indicativo do Projeto de Lei 19/07, proveniente da Medida Provisória de Número 366/07, o qual pode colocar como função do Congresso Nacional a aprovação de unidades de conservação (UCs). Este projeto lei pode atrasar a criação das UCs federais;
• as ameaças de grupos de madeireiros e invasores de terras às lideranças comunitárias, em especial no Estado de Rondônia;
• a demora por parte dos órgãos estaduais na análise e licenciamento dos planos de manejo para safra 2007, comprometendo as atividades de produção comunitária.

Diante disso, solicitamos imediata intervenção do Ministério do Meio Ambiente para dar solução aos pontos acima expostos e o direcionamento de recursos orçamentários e humanos – incluindo a criação de um grupo de trabalho composto por representantes de comunidades e organizações envolvidas no MFC – para construção do referido Plano Nacional de Apoio ao Manejo Florestal Comunitário no Brasil, seguindo um cronograma que reflita a urgência da questão.

Cordialmente,
Assinam as instituições membros do GT de Manejo Florestal Comunitário e lideranças comunitárias.
Representantes das seguintes organizações participaram da reunião em que a carta foi elaborada:
ACAF, AS/ PTA PR, Associação Etno-Ambiental Kanindé, Avive (AM), CAA/NM (MG), CTA-Acre, Fase, FSC Brasil, IEB- Belém, Imaflora, Lasat Marabá (PA), Metareila, OELA (AM), Oficinas Caboclas/Ipam, PAE Praia Alta, UICN Brasil e WWF- Brasil.

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Encontro discute sistema de áreas úmidas Paraguai-Paraná

18 Jul 2007 - Os estudos e publicações sobre a hidrovia Paraguai-Paraná, produzidos nos quatro países de abrangência desses rios, serão compilados para que seja apresentada uma visão conjunta do tema. A proposta foi apresentada pelo WWF-Brasil durante o encontro “Oficina Regional sobre o Sistema de Áreas Úmidas Paraguai–Paraná / Construindo um Programa Integrador de Manejo Sustentável de Áreas Úmidas e Redução da Pobreza”, que envolveu representantes de organizações não-governamentais de conservação do meio ambiente da Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai, além de agências multilaterais.

A compilação dos estudos sobre a hidrovia Paraguai-Paraná, elaborados no Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina, relacionando-os com os atuais planejamentos de obras de infra-estrutura com impactos no Pantanal, como a Iniciativa pela Integração da Infra–estrutura Regional Sul –americana (IIRSA) – série de projetos de grandes obras propostas pelos governos sul –americanos interligando o continente – e o Plano de Aceleração do Crescimento do governo brasileiro (PAC) vai possibilitar o entendimento das questões complexas de implantação de infra-estrutura que afetam o equilíbrio do Pantanal.

Recentemente, o WWF-Brasil reeditou, em formato digital, publicações sobre o tema da hidrovia a fim de ampliar a divulgação dos estudos, agora disponíveis na Biblioteca do site www.wwf.org.br

O encontro sobre o Sistema de Áreas Úmidas Paraguai-Paraná foi realizado de 12 a 14 de julho, em Buenos Aires (Argentina) para discutir a conservação da biodiversidade e a necessidade de combate à pobreza em complexos de áreas úmidas. O objetivo é desenhar uma proposta de projeto integrador, que contemple alternativas produtivas sustentáveis para a maior área úmida continental do planeta: o Pantanal, onde anualmente repete-se o ciclo das inundações que influenciam o ritmo da vida e da produção econômica. O pulso de inundação, nada mais é que a seqüência de cheias e de secas que a planície Pantaneira sofre durante períodos determinados. Esse ciclo de inundações determina como se estabelecem as culturas e atividades produtivas de quem vive nas planícies do Pantanal. Esta proposta de projeto deverá abordar temas como a pecuária, a pesca e o turismo, e também analisar e discutir as obras de infra-estrutura e seus impactos em todo o Sistema de Áreas Úmidas. O primeiro esboço desta iniciativa deverá ser concluído até setembro.

Participaram do encontro representantes de algumas instituições de cinco países, tais como: Governo Federal; Chancelaria, Banco Mundial, Fundacíon Proteger, Fundacíon Avina, Fundacíon Biguá, Fundacíon Ambiente y Recursos Naturales (Argentina); Governo Federal, Sobrevivência, Fundacíon Moisés Bertoni (Paraguai); Probioma, Prefectura de Santa Cruz (Bolívia), Governo Federal e WWF – Brasil (Brasil), além das instituições como Wetlands International e The World Conservation Union (IUCN).

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Especialista em ecologia do Pantanal profere palestra no WWF-Brasil

19 Jul 2007 - “Ecologia e sua aplicação para o Manejo e Conservação – 16 Anos de Cooperação Bilateral no Pantanal do Mato Grosso” é o tema da palestra proferida pelo pesquisador Karl Matthias Wantzen, limnólogo alemão, hoje, na sede do WWF-Brasil, em Brasília.


Karl Matthias Wantzen explicou a técnicos do WWF-Brasil, pesquisadores da Universidade Católica de Brasília (UCB) e representantes das embaixadas da Alemanha e Reino Unido as linhas de pesquisas desenvolvidas no Pantanal do Mato Grosso por equipe de cientistas brasileiros e alemães ligados ao Instituto Max Planct.

Foram mais de 170 publicações científicas sobre o Pantanal no decorrer de 16 anos de projeto desenvolvido em conjunto com o Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP). Entre as pesquisas estão a análise de nutrientes das lagoas e da situação das nascentes, a população de peixes das áreas alagáveis e a ecologia e biologia de plantas invasoras, entre muitas outras.

Matthias Wantzen falou também sobre estratégias de se manejar o meio ambiente e destacou a necessidade de transferência e uso de resultados de pesquisas científicas para o desenvolvimento sustentável, combinando a proteção da natureza com a produção econômica. Wantzen elogiou a “personalidade pantaneira” e ressaltou que as pessoas gostam de conservar a natureza, porém, muitas vezes precisam ter acesso a soluções práticas e viáveis. “É preciso intensificar a troca de informações”, disse.

Atualmente, Wantzen é professor-assistente em limnologia e ecologia na Universidade de Konstanz, Alemanha, e professor-titular de ecologia na Universidade Federal do Mato Grosso. Em conjunto com o engenheiro ambiental e coordenador do Programa Pantanal para Sempre, Michael Becker, serão discutidos projetos de cooperação com o WWF-Brasil, voltados para a disseminação de boas práticas na produção agropecuária e a proteção de nascentes no Pantanal.

 
 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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