Conservação
Ambiental - 19/07/2007 - A equipe da pesquisadora
Maria Tereza Fernandez Piedade pretende investir
a maior parte dos R$ 450 mil do projeto selecionado
para o Programa de Apoio a Núcleos
de Excelência (Pronex) em trabalho de
campo, em excursões multidisciplinares
de pesquisadores envolvidos.
Intitulado "Caracterização,
classificação e avaliação
do potencial de uso como base para uma política
do manejo sustentável das áreas
úmidas do estado do Amazonas",
o projeto coordenado por Fernandez Piedade
é ambicioso: propõe-se a analisar
as calhas dos rios Amazonas, Solimões,
Negro, Madeira e Purus (estes dois últimos
por serem os focos atuais de migração)
e a estabelecer uma classificação
e formas de manejo e proteção
para as áreas alagáveis.
Um dado destacado no projeto
a respeito do uso da terra no estado do Amazonas
para justificar a pesquisa é de que
cerca de 80% da população rural
concentra-se em áreas alagáveis,
das quais derivam os mais importantes produtos
que suportam boa parte da economia local,
como agricultura, silvicultura, extrativismo
madeireiro, pesca e pecuária. No entanto,
essas áreas utilizadas para a atividade
econômica são pouco conhecidas.
Estima-se que 20% a 25%
da Amazônia pertencem à categoria
de áreas úmidas, mas não
existe um levantamento detalhado nem classificação
dessas áreas.
"Pelo fato das áreas
alagáveis serem distribuídas
em faixas relativamente estreitas ao longo
dos rios da região e por sua dinâmica
natural de cicatrização, devido
ao crescimento rápido da vegetação,
os impactos de desmatamento e desagregação
tendem a ser, perigosamente, subestimados",
justifica a pesquisadora.
Uma das razões para
essa subestimativa está no fato de
que as técnicas de sensoriamento disponíveis
são inadequadas para oferecer um retrato
mais realista de suas áreas de cobertura
e impactos já existentes.
Neste sentido, um dos aspectos
inovadores do estudo está na adequação
destas técnicas, juntamente com os
esforços de campo, para estabelecer
as diferentes tipologias das áreas
alagáveis.
Os resultados do estudo
vão compor um banco de dados das diferentes
tipologias, servindo de modelo para a tipificação
de toda a bacia amazônica.
A equipe de pesquisadores
pretende produzir mapas dos tipos de florestas
alagáveis e fazer um inventário
com as características de todas as
espécies de árvores nos diferentes
tipos florestais em relação
à inundação.
Outra meta do estudo é
compreender a relação custo-benefício
das características funcionais das
áreas de floresta, ou seja, identificar
a madeira que pode ser explorada comercialmente.
Esse trabalho visa contribuir para o melhor
aproveitamento de madeiras da região,
através de manejo florestal sustentável.
A equipe também se
propõe a fazer um levantamento das
formas de uso das madeiras exploradas comercialmente
no Amazonas, dos produtos não-madeireiros,
e das espécies potencialmente exploráveis,
para que se possa atingir para cada região
o aumento do rendimento econômico dessas
espécies, por meio do seu uso sustentável
a longo prazo.
Por fim, os pesquisadores
querem analisar os índices de diversidade
da flora nas áreas classificadas como
potencias para atividades agronômicas,
agroflorestal, florestal (extração
de madeira de área manejadas), extrativismo
(frutos, óleos, resinas, entre outros),
pesca e piscicultura e ecoturismo.
Entre os impactos esperados
pelos pesquisadores destacam-se a formação
de recursos humanos especializados para estudos
em áreas alagáveis; a produção
de subsídios para políticas
públicas de áreas alagáveis
amazônicas; e uma tipologia das áreas
alagáveis do estado do Amazonas para
nortear as políticas publicas estaduais
e nacionais.
Para realizar esta tarefa,
a equipe de Fernandez Piedade conta com a
colaboração de 17 pesquisadores,
a maioria com larga experiência científica
na Amazônia. A equipe já desenvolve
13 projetos de pesquisa, a maioria na região,
por meio do Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (Inpa/MCT).
(As informações são de
Valmir Lima, da Decon/Fapeam)
Assessoria de Comunicação do
INPA
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Plantas amazônicas
podem ser utilizadas como bioindicadores
Conservação
Ambiental - 20/07/2007 - A região amazônica
é a segunda maior produtora terrestre
de petróleo do Brasil. Áreas
com este tipo de atividade, como a planície
de inundação (várzea)
dos rios Urucu e Amazonas, estão em
constate risco de acidentes ambientais. Contudo,
estudos que avaliem os danos causados à
vegetação e aos animais são
escassos, e os existentes focam, principalmente,
espécies marinhas e salobras.
Na Amazônia brasileira
o número de estudos é ainda
menor, o que causa grande preocupação
já que as várzeas possuem grande
diversidade de plantas aquáticas. Elas
são responsáveis pela maior
parte da produtividade primária desses
sistemas, além de serem habitat para
diversas espécies de animais.
Caso essas plantas sofram
agressão por meio do derramamento de
petróleo, uma série de efeitos
diretos e indiretos pode modificar todo o
ecossistema do local.
A recuperação
das áreas danificadas deve ser feita
através de processos que não
agridam as espécies vegetais predominantes.
Métodos químicos e físicos,
como solventes e dragas de sucção,
muitas vezes podem prejudicar mais que os
próprios poluentes.
Na busca de processos alternativos
que diminuam estes impactos, como a fitorremediação
que utiliza sistemas vegetais (árvores,
arbustos, plantas rasteiras e aquáticas)
para recuperar águas e solos contaminados
por poluentes orgânicos ou inorgânicos,
a mestre em Ecologia do Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT),
Aline Lopes, desenvolveu em sua dissertação
a pesquisa intitulada 'Respostas de herbáceas
aquáticas amazônicas ao petróleo
de Urucu (Coari – AM)'.
O trabalho foi orientado
pela pesquisadora do Inpa, Maria Tereza Fernandez
Piedade, e desenvolvido no âmbito do
projeto Inpa/Max-Planck, com a colaboração
do Programa Piatam (Potencias Impactos e Riscos
Ambientais na Indústria do Petróleo
e Gás no Amazonas), que cedeu o petróleo
utilizado nos experimentos.
O projeto previa determinar
os efeitos do petróleo cru de Urucu
sobre a vegetação da várzea.
Para o estudo foram escolhidas as plantas:
canarana (Echinochloa polystachya) e o mureru
(Eichhornia crassipes) nas fases de germinação,
rebrotamento e desenvolvimento final.
A mestre optou por essas
espécies, pois são abundantes
na região e têm grande importância
para a várzea, por exercerem as funções
de ciclagem de nutrientes e armazenamento
de carbono.
Desta forma, é possível
contribuir para as estimativas de danos causados
à várzea e verificar o potencial
das espécies para atuar na fitorremediação,
tanto nos períodos de seca quanto de
cheia.
Foram efetuados quatro experimentos,
onde se adicionaram dosagens diferentes do
combustível sobre o substrato dos indivíduos,
todos jovens. Verificou-se que ambas as plantas
são altamente sensíveis ao óleo,
porém a canarana apresentou menor resistência
que o mureru.
A mortalidade da planta
foi observada mesmo em doses baixas como:
1,5 mL de petróleo para 2L de água
e, em apenas 4 dias, 50% da população
de plantas jovens morreu por toxidez à
dosagem de 8,91 mL de petróleo. Portanto,
um derramamento de petróleo teria conseqüências
catastróficas, dado o papel ecológico
fundamental das espécies na ciclagem
de carbono e nutrientes da várzea.
Já os experimentos
onde a canarana foi plantada em solo já
contaminado nas dosagens 0,66 mL de petróleo
para 2 metros quadrados de solo (12,5 mL de
petróleo em 2 litros de solo), constatou-se
que esta tem grande potencial para fitorremediação.
O trabalho continua em andamento
para consolidar as informações
já obtidas. O objetivo é desenvolver
métodos para remediação
com baixo custo, pois o plantio da Canarana
é feito por meio de pedaços
dos talos das plantas adultas, o que dispensa
a produção e estoque de mudas.
(Caroline Soares)
Assessoria de Comunicação do
INPA
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Especialistas em organismos
aquáticos da Amazônia se reúnem
em Belém
PPG7 - 18/07/2007 - Redes
de pesquisa financiadas pelo Programa Piloto
de Proteção de Florestas Tropicais
e pelo governo brasileiro discutem indicadores
de monitoramento e avaliação
Termina nesta quarta-feira (18), em Belém
do Pará, a primeira reunião
conjunta das sub-redes do grupo temático
"Ecologia e Manejo de Organismos Aquáticos
na Amazônia", integrante do Subprograma
de Ciência e Tecnologia- SPC&T Fase
II, do Programa Piloto para a Proteção
das Florestas Tropicais do Brasil –PPG7.
No evento estão reunidos
pesquisadores de várias instituições
de pesquisa e ensino da Amazônia, como
as universidades Federal do Pará (UFPA)
e Federal do Amazonas (Ufam), e o Instituto
Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa/MCT),
além de outras instituições
nacionais.
Consultores ad hoc do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), especialistas
nos temas de pesquisa das sub-redes, incluindo
os temas transversais, estão presentes
para a avaliação dos projetos
de pesquisa, a saber: Ângelo Agostinho
(UEM/PR), Lucia da Costa Ferreira (Unicamp),
Maurício de Carvalho Amazonas (UFU/MG)
e Orlando Filho (UFSCAR/SP).
Também participam
da reunião representantes do Ministério
da Ciência e Tecnologia (MCT), CNPq
e Banco Mundial.
Segundo a analista em Ciência
e Tecnologia do CNPq, Márcia Brito,
a reunião tem o objetivo de apresentar
e discutir os indicadores de monitoramento
e avaliação que são utilizadas
no acompanhamento das metas dos projetos de
pesquisa e das sub-redes, bem como promover
o intercâmbio de informações.
Três sub-redes, do
total das onze sub-redes aprovadas no Edital
MCT/CNPq/PPG7 no. 48/2005, pertencem ao grupo
temático "Ecologia e Manejo de
Organismos Aquáticos na Amazônia",
tendo como foco as pesquisas relacionadas
à biologia e ecologia de organismos
aquáticos que possam contribuir para
a formulação de estratégias
de manejo sustentável dos ecossistemas
aquáticos.
A primeira é denominada
de Base para a sustentabilidade da pesca na
Amazônia (Baspa), coordenada pelo pesquisador
Carlos Edwar de Carvalho Freitas, da Ufam.
Manejo integrado dos recursos pesqueiros na
várzea amazônica: estudo comparativo
de duas regiões: médio Amazonas
e Purus (Mapevam) é o título
da segunda sub-rede, cujo coordenador é
David McGrath, da UFPA. A terceira sub-rede,
denominada Conservação e manejo
das espécies de peixes da Amazônia
visando um cenário de sustentabilidade
(Propeixe) tem a coordenação
de Vera Val, do Inpa.
As demais oito sub-redes
do SPC&T Fase II estão distribuídas
nos grupos temáticos "Recuperação
de áreas degradadas na Amazônia",
que esteve reunido em maio de 2007, "Produtos
madeireiros e não-madeireiros",
reunido em junho de 2007 e "Gestão
de águas na Amazônia", com
reunião prevista para agosto deste
ano.
Ao todo são 52 projetos
de pesquisa caracterizados pela pesquisa em
rede e inserção de temas transversais
aos projetos, em temas como Etnociências,
Economia Ecológica e Relações
Estado-Sociedade.
Os projetos de pesquisa
tiveram início no primeiro semestre
de 2006, com prazo de execução
de 30 meses e não superior a 30 de
setembro de 2008, data-limite para execução
de despesas, conforme o Acordo de Doação
ao Governo Brasileiro.
Em outubro deste ano, está
prevista, em Belém, a primeira Conferência
de Ciência e Tecnologia do SPCT&T
Fase II, para apresentação dos
resultados parciais das sub-redes de pesquisa
e integração de todos os grupos
temáticos que fazem parte do Subprograma.
O PPG7, do qual o SPC&T Fase II faz parte,
e cuja coordenação geral é
do Ministério do Meio Ambiente (MMA),
tem como finalidade desenvolver estratégias
que permitam a proteção e o
uso sustentável da Floresta Amazônica
e da Mata Atlântica, com vistas à
melhoria da qualidade de vida das populações
locais.
O Programa é financiado
por doações dos países
integrantes do ex-Grupo dos Sete, da União
Européia e dos Países Baixos,
e por contrapartida do Governo Brasileiro.
Promovida pelo MCT e CNPq,
órgãos responsáveis pela
coordenação geral e coordenação
executiva do Subprograma de Ciência
e Tecnologia - SPC&T Fase II, respectivamente,
a reunião começou nesta segunda-feira
(16), no auditório do Núcleo
de Altos Estudos Amazônicos (Naea),
na UFPA.
Mais informações
sobre o SPC&T Fase II estão disponíveis
em: http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/7246.html
Lílian Bayma - Assessoria de Comunicação
Social do Museu Goeldi
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Cientistas discutem papel
da Amazônia no ciclo hidrológico
Água - 20/07/2007
- Discutir a formulação de políticas
públicas voltadas à valoração
econômica dos serviços ambientais
associados ao papel das florestas da Amazônia
e do estado do Amazonas no ciclo hidrológico.
Este foi um dos objetivos da 1ª Oficina
sobre o Papel das Florestas do Amazonas no
Ciclo Hidrológico e Valoração
dos Serviços Ambientais, realizada
nesta quinta-feira (19), às 8h30, no
auditório da Superintendência
da Zona Franca de Manaus (Suframa).
Estiveram presentes no evento
o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (Inpa), Adalberto Luis Val,
o gerente de implementação e
coordenador do escritório central do
Projeto de Larga Escala da Biosfera-Atmosfera
da Amazônia (Inpa/LBA), Antônio
Manzi e o pesquisador do Instituto, Antônio
Nobre.
No encontro, Val participou
da cerimônia de abertura, Manzi abordou
a relação da Biosfera-Atmosfera
na Amazônia e Nobre ministrou a palestra
"Floresta Amazônica: Poderoso Motor
Hidrológico da América do Sul".
Amanhã (20), especialistas
em ciclo hidrológico do Brasil e da
Inglaterra reúnem-se para calcular
equações como: qual a quantidade
de água produzida, em média,
por um hectare de floresta por ano? Qual quantidade
de água que todas as florestas da Amazônia
e do Amazonas produzem por ano? Quanto é
exportado de água da Amazônia
e do Amazonas para as outras partes do Brasil?
Ao final das discussões os pesquisadores
divulgarão estimativas e pesquisas
que acrescentem informações
para chegar a esses números.
A oficina faz parte das
ações do Ano Brasileiro-Britânico
da Ciência & Inovação
(www.anodaciencia.com.br), firmado em 2006
durante visita oficial do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva ao Reino Unido.
O Ano Brasileiro-Britânico é
um programa de fomento à cooperação
científica e à realização
de parcerias para a transferência de
conhecimento entre Brasil e o Reino Unido.
O evento contou ainda com
o apoio da Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam),
da Secretaria Executiva de Ciência,
Tecnologia e Meio Ambiente do Estado do Amazonas
(Sect-AM), com a Centre for Ecology and Hydrology
(CEH) e com a Economic & Social Research
Council (ESRC).
Assessoria de Comunicação do
INPA