16
de Julho de 2007 - Amanda Mota - Repórter
da Agência Brasil - Manaus - A Superintendência
da Polícia Federal em Roraima deu início
hoje (16) ao inquérito policial que
vai investigar a denúncia feita na
última quinta-feira (12) pelo senador
Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) sobre uma operação
de guerra que estaria sendo preparada para
retirar os não-índios da reserva
Raposa Serra do Sol, no norte do estado. O
senador disse ter recebido um documento de
um dos policiais da representação
do órgão em Roraima.
"Agora vamos iniciar
um inquérito policial para checar tudo.
Vamos ouvir o senador Mozarildo e investigar
quem foi que entregou esse documento, como
o policial tomou conhecimento disso e de onde
partiu essa história que foi encaminhada
ao senado federal", informou o superintendente
da PF em Boa Vista, Cláudio Lima.
De acordo com o senador
Mozarildo Cavalcanti, o documento apresenta
detalhes de uma operação que
a Polícia Federal de Roraima estaria
preparando para realizar num período
de 40 dias, prazo necessário, segundo
o documento, para retirar da terra indígena
os remanescentes não-índios.
Pelo decreto federal que homologou a reserva
indígena em 2005, os não-índios
que habitavam a região deveriam ter
se mudado.
Segundo o coordenador executivo
do Comitê Gestor da Presidência
da República, José Najib Lima,
na área de 1.747.464 hectares ainda
há pelo menos 50 famílias de
não-índios, cerca de 300 pessoas.
"Não existe
nenhum plano da Polícia Federal. O
que existe é um plano, desde abril
2005, do governo federal, por meio do Comitê
Gestor, para retirada das famílias
não-indígenas, mas respeitando
o reassentamento delas e prevendo a implementação
de políticas públicas mais eficientes
para todos", disse Najib.
Desde 2005, por meio de
decreto do presidente da República,
a região da Raposa Serra do Sol é
considerada como reserva indígena.
Pelo menos 18.700 representantes das etnias
Macuxi, Wapixana, Ingarikó, Taurepang
e Patamona vivem no local.
Durante discurso feito no
Senado, Cavalcanti manifestou preocupação
com a atual situação na reserva
Raposa Serra do Sol e pediu ao presidente
Lula maior atenção ao local
e a intervenção para impedimento
desta suposta operação. O nome
do policial federal responsável pela
entrega do documento não foi revelado.