Preservação
Ambiental - 25/07/2007 - A Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
(Fapeam) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq/MCT)
aprovaram mais um projeto no Programa de Apoio
a Núcleos de Excelência (Pronex),
elevando para cinco as pesquisas selecionadas
no último edital.
O pesquisador José
Albertino Rafael, do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), vai
desenvolver o estudo com o tema "Amazonas:
diversidade de insetos ao longo de suas fronteiras",
com uma equipe de 31 pessoas, incluindo colaboradores,
técnicos e estudantes de graduação
e pós-graduação.
O recurso para o financiamento
é o mesmo de projetos anteriores: R$
450 mil. Com isso, os investimentos no Programa
chegam a R$ 2,2 mil no Amazonas, sendo dois
terços (R$ 1,5 milhão) do governo
federal e um terço (R$ 1000 mil) do
governo estadual.
O objetivo da equipe de
Albertino é inventariar a diversidade
de insetos nas áreas limítroferos
do estado do Amazonas e nas fronteira os países
vizinhos. De acordo com o pesquisador, os
insetos da Amazônia são pouco
conhecidos pela Ciência. Há uma
estimativa proporcional de aproximadamente
60 mil espécies conhecidas, mas o número
de insetos pode ser quatro vezes maior.
"Considerando que o
número de espécies de insetos
no mundo deve aumentar pelo menos em quatro
vezes, o mesmo e provavelmente mais que isso
deve ocorrer na Amazônia. Assim o número
de espécies de insetos na Amazônia
certamente será mais de 250 mil espécies
quando a fauna estiver bem estudada",
disse Albertino. Isso significa que ainda
há quase 200 mil espécies desconhecidas.
O conhecimento dos insetos,
segundo ele é importante sobre o aspecto
benéfico e maléfico ao homem.
Benéfico porque há grupos que
atuam na ciclagem de nutrientes, são
fonte de proteínas para animais maiores
como peixes e mamíferos e são
importantes polinizadores das plantas. Maléfico
porque alguns grupos são pragas de
plantas que servem de alimento ao homem, porque
há grupos que transmitem agentes patogênicos
que causam doenças nos humanos e em
outros animais.
Hoje, a área do Amazonas
mais bem conhecida sob o aspecto da diversidade
de insetos é a Reserva Florestal Adolpho
Ducke, em Manaus, uma área de 10 mil
hectares. "Esse fato, por si só,
já é louvável porque
conhecemos um pouco da diversidade do estado.
Mas não devemos nos contentar com tão
pouco diante da imensidão ainda desconhecida,
principalmente face à grandiosidade
territorial do Estado", afirmou.
A primeira ação
da equipe para o conhecimento do maior número
de insetos implica no esforço científico
para descobrir, descrever e quantificar as
espécies, onde estão ou como
se distribuem, sendo esta a pergunta mais
difícil de responder porque necessita
de estudos prévios.
"Só para a Reserva
Ducke essa resposta é possível
para alguns grupos bem estudados. É
necessário que esta pergunta tenha
resposta para todos os grupos taxonômicos
e em todas as áreas", diz o pesquisador.
Os recursos da pesquisa
também servirão para aquisição
de equipamentos, melhoria do acervo e da infra-estrutura
da coleção científica
do Inpa, "o maior e melhor depositário
da fauna de insetos do Amazonas", segundo
Albertino, e para a formação
de recursos humanos
"Poderíamos
enumerar vários outros motivos, relevância
e importância, mas nenhum deles teria
significância se não estivesse
atrelado à formação de
recursos humanos. Assim como as espécies
transmitem sua carga genética para
seus descendentes é importante que
os taxonomistas passem seus conhecimentos
para novas gerações de taxônomos",
argumenta o pesquisador.
O investimento na formação
de novos pesquisadores da fauna de insetos
é destacada como ponto essencial por
Albertino no projeto apresentado para seleção.
Segundo ele, existem menos de 10 entomólogos
taxonomistas, com emprego fixo, trabalhando
nas principais instituições
de ensino e pesquisa do Estado.
"Este número
é insignificante quando confrontado
com a nossa riqueza de espécies e a
extensão territorial. A permanecer
este ritmo serão necessários
mais de 500 anos para se chegar a um nível
satisfatório do conhecimento da nossa
entomofauna e, antes disso e no ritmo de destruição
atual, grande parte estará extinta
ou, no máximo, representada por alguns
espécimes preservados em alguma coleção
científica".
Albertino Rafael defende
com mais propriedade a importância do
estudo dos insetos na Amazônia e esclarece
como a equipe pretende atuar para desenvolver
o trabalho.
(Ana Paula Freire - chefe do Depto. de Difusão
do Conhecimento/Fapeam)
Assessoria de Comunicação do
INPA